Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Chorão diz que greve está mantida se 'governo não sinalizar algo concreto'

Paralisação de caminhoneiros tanqueiros em Duque de Caxias, no RJ, na semana passada - Fábio Costa/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Paralisação de caminhoneiros tanqueiros em Duque de Caxias, no RJ, na semana passada Imagem: Fábio Costa/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Vinícius de Oliveira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/10/2021 13h25

A greve dos caminhoneiros autônomos, prevista para 1º de novembro, está mantida, de acordo com algumas lideranças da categoria. Para Wallace Landim, o Chorão, a situação de agora é pior do que a enfrentada em 2018 pelos caminhoneiros.

"Está mantida a paralisação do dia 1º de novembro, se o governo não sinalizar alguma coisa concreta", disse ele ao UOL. De acordo com o presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), as reivindicações da categoria passam pela revisão da política de preços da Petrobras e o cumprimento do frete mínimo.

O governo tem dito que segue aberto para "diálogo com os caminhoneiros, para tratar de demandas legítimas da categoria". Na semana passada, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, garantiu, durante uma palestra a empresários, que não haverá greve como a de 2018, quando o país parou e houve diversos casos de desabastecimento.

José Roberto Stringasci, da ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil), também confirmou a greve dos caminhoneiros autônomos.

Ninguém está aguentando mais. A categoria resolveu parar e pedir para o presidente da República mudar a política de preços. E agora não é só a categoria não, é o povo brasileiro que está se conscientizando disso. Está forte o movimento.
José Roberto Stringasci, da ANTB


A principal reclamação está no valor do diesel, que já acumula alta de 65,3% nas refinarias. A gasolina subiu 73,4% no mesmo período. Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) aponta que a inflação dos últimos 12 meses para motoristas no Brasil chegou a 18,46%, o maior valor desde 2000.

A política de preços da Petrobras, adotada durante o governo de Michel Temer (MDB), faz com que os valores de venda dos combustíveis sigam o mercado internacional e a variação do dólar. Quando o preço do petróleo e o dólar sobem, os combustíveis sobem junto.

"Não temos mais condições de trabalhar, infelizmente. Antes das últimas duas altas de combustíveis, sobrava em média 13% [do valor do frete] para a categoria. Agora, depois desses aumentos, a gente está pagando para trabalhar. Não sobra nada", afirma Marconi França, uma das lideranças dos caminhoneiros em Recife (PE).

Desta vez, a categoria vai parar porque infelizmente não tem condições de rodar. Ficou inviável a gente ficar rodando. E essa paralisação tem nome e sobrenome: Bolsonaro e Tarcísio [Freitas, ministro da Infraestrutura].
Marconi França, uma das lideranças dos caminhoneiros em Recife (PE)


"As lideranças não vão abrir mão da mudança na política de preços de combustíveis. Não tem mais como a gente trabalhar com o frete em real e o combustível sendo reajustado em dólar. É uma reivindicação que todos fechamos, em comum acordo, e não vamos abrir mão", completa José Roberto Stringasci, da ANTB.

As mesmas pautas são reivindicadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, de acordo com o diretor Carlos Alberto Litti Dahmer. A CNTTL também defende a não privatização da Petrobras, o fim do aumento do gás de cozinha e outras demandas.

Sindicato de empresas não apoia movimento

A adesão à paralisação dos caminhoneiros, no entanto, não é unânime. O diretor do Sindicato das Empresas e Transportadores de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque), Ailton Gomes, disse que ainda não há nenhuma "manifestação ou decisão" sobre a greve do dia 1º de novembro. Recentemente, os tanqueiros -- caminhões que transportam combustíveis nas rodovias -- fizeram uma paralisação em alguns estados brasileiros.

Já a Confederação Nacional do Transporte (CNT), que representa as empresas do setor, fez uma reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para debater a segurança do transporte de cargas em uma eventual paralisação dos caminhoneiros.

Vander Costa, presidente da entidade, disse que a associação não apoia nem respalda nenhum tipo de movimento grevista por parte dos profissionais autônomos. Além disso, garantiu que as transportadoras não irão parar e que não haverá desabastecimento se o governo garantir a segurança nas estradas brasileiras.