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Com novo aumento da Selic, Brasil tem o maior juro real do mundo

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

28/10/2021 15h09

Após a nova decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de subir o indicador básico dos juros do Brasil para 7,75%, o maior valor desde 2017, o Brasil assumiu a liderança em um ranking internacional sobre a taxa de juro real, que é aquela em que está descontada a inflação em um período de 12 meses. É o que mostra novo levantamento feito pela gestora de recursos Infinity Asset Management em parceria com o portal MoneYou.

Com a Selic a 7,75%, o Brasil tem taxa real de 5,96% projetada para os próximos 12 meses, ultrapassando a Rússia (4,77%) e a Turquia (3,46%, que era a primeira colocada no levantamento anterior).

Em teoria, quanto maior o juro real, maior é o retorno para os investidores estrangeiros que aplicam dinheiro no país. Só que, para Jason Vieira, economista-chefe da agência, o Brasil não reúne, hoje, condições que sejam atrativas para essas capitalizações.

"A política monetária, o real desvalorizado e a própria taxa de juros não tornam o Brasil interessante para o investidor internacional. Então, esse dado, que seria muito positivo, não significa que alguma mudança positiva vá acontecer", afirmou ao UOL.

Taxa de juro real é aquela em que é descontada a inflação do período analisado. Porém, não é simplesmente fazer a conta de subtração entre o juro e a inflação, mas sim um cálculo matemático complexo, chamado de Fórmula de Fischer, que determina quanto seu dinheiro pode valer no período.

Vieira exemplifica o que é o juro real com o reajuste salarial. Se você teve aumento de 2%, mas a inflação está em 4%, "seu aumento foi levado embora junto com parte do que você já ganhava antes, porque os custos subiram", afirma.

É a sexta vez este ano que o Banco Central aumenta a taxa de juros no país. É o maior patamar desde setembro de 2017, quando estava em 8,5% ao ano, e o maior aumento em uma única reunião desde dezembro de 2002, quando o comitê elevou a Selic em três pontos percentuais. Em março deste ano, a Selic era de 2%, mínima histórica.

Na decisão, o Copom cita indicadores da economia brasileira que mostram evolução "abaixo da esperada" e a inflação para o consumidor. O IPCA, a inflação oficial no país, acumula 10,25% em 12 meses, até setembro. Está muito acima da meta do BC, de 3,75%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo — ou seja, com variação possível entre 2,25% e 5,25%.

Veja o ranking dos 10 países que tem as maiores taxa de juros reais

  • 1º Brasil 5,96%
  • 2º Rússia 4,77%
  • 3º Turquia 3,46%
  • 4º Colômbia 2,78%
  • 5º México 2,08%
  • 6º Indonésia 0,56%
  • 7º Chile 0,46%
  • 8º República Checa 0,47%
  • 9º China 0,20%
  • 10º Malásia 0,17%