Cerveja artesanal aumenta consumo de cevada, e PR faz fábrica de R$ 1,5 bi
Maior produtor de cevada no Brasil, o Paraná encerrou a colheita do grão no final de novembro com 320 mil toneladas, informou a Secretaria de Agricultura do Estado. O volume é 14,9% maior que o do ano passado (278,6 mil toneladas).
A expansão da atividade, impulsionada pelo mercado de cervejas artesanais no país, está atraindo investimentos para o estado. Seis cooperativas agrícolas vão investir até R$ 1,5 bilhão na construção de uma maltaria para atender, em 10 anos, até 15% do consumo de malte nacional.
A cevada é a matéria-prima do malte, principal fonte de açúcares fermentáveis que confere corpo, aromas e sabores para a cerveja. Para que ele possa ser utilizado, o cereal passa por processamento para a produção do malte cervejeiro. O malte produzido na nova fábrica já tem contrato garantido com a Heineken, por 10 anos.
O projeto da Maltaria Campos Gerais será financiado por um conjunto de cooperativas que já atuam no setor de cevada (Agrária, Frísia, Capal, Bom Jesus, Coopagricola e Castrolanda), será instalado em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. A indústria deve entrar em atividade a partir de 2028, mas terá sua capacidade total gradativamente ampliada até 2032, para produzir 240 mil toneladas de malte, o que representa atualmente 15% do consumo interno.
Com a instalação da nova indústria, a expectativa é que a área cultivada com cevada no Paraná aumente para 100 mil hectares, tornando a região líder absoluta no cultivo do cereal (Santa Catarina e Rio Grande do Sul também cultivam cevada). Na atual safra, foram cultivados 76 mil hectares, confirmou nesta semana o Departamento de Economia Rural (Deral).
Cerveja atrai produtores
A possibilidade de uma produção maior de malte no país anima o setor, já que a produção agrícola da cevada acompanha a expansão do mercado cervejeiro, setor que vem incentivando os produtores rurais da região sul a investirem mais na cultura.
"A demanda aumenta em função da demanda por malte, atualmente na ordem de 1,6 milhão de tonelada por ano, conforme o Ministério da agricultura e Pecuária (MAPA). Considerando que tenha sido importado o mesmo volume de 2019 em 2020, o Brasil estaria importando em torno de 68% desse volume demandado e produzindo cerca de 32% da demanda nacional", declarou o pesquisador em Genética e Melhoramento (culturas anuais) da Embrapa Trigo, Aloísio Vilarinho.
Em 2020, conforme dados extraídos da plataforma Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), foram comercializados no mundo 31 milhões de toneladas de grãos de cevada e 8 milhões de toneladas de malte.
O Brasil importou 671 mil toneladas de grãos de cevada, ocupando o 11º lugar entre os maiores importadores de cevada do mundo, e importou também 1,09 milhão de tonelada de malte, ficando em primeiro lugar entre os maiores importadores mundiais de malte.
Safra de cevada
A safra de cevada 2021 foi encerrada com aumento de 14,8% em volume, com 320 mil toneladas só no Paraná. Conforme o IBGE, com as produções originadas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o país deve produzir em torno de 400 mil toneladas nesse ano (a maior produção do cereal ocorreu na safra 2019, com 429 mil toneladas, mas adversidades climáticas derrubaram a safra do ano seguinte).
Em todo o país, a área semeada com a cevada, que é uma cultura de inverno como a aveia, em 2021 foi de 106 mil hectares, 76 mil hectares somente no Paraná.
De acordo com o IBGE, o Paraná responde por 72,4% da produção total de cevada, e a região de Guarapuava, no sudoeste do estado, tem as maiores produtividades registradas, com 4,5 quilos por hectare. A média nacional é de 3,7 quilos por hectare.
De acordo com Márcio Mourão, coordenador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), órgão da Cooperativa Agrária (dona da maior maltaria da América Latina, responsável por 30% do malte produzido no Brasil), as altas produtividades se devem à introdução de cultivares novas, sementes resistentes a doenças e mais aptidão à produção de malte.
Segundo Mourão, a pesquisa tecnológica ajudou a região a se destacar na cultura, que começou com os imigrantes eslavos e germânicos que vieram para o Brasil após a 2ª Guerra Mundial.
"Foi um processo de evolução técnica, do melhoramento genético ao maquinário utilizado na lavoura", disse. "Tudo isso se soma às boas condições de Guarapuava para o cultivo da cevada. É uma região com inverno rigoroso, de alta altitude e com regime de chuvas bem distribuído. São características que favorecem o crescimento das culturas de inverno".
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