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Videolocadora sobreviveu por 32 anos! Veja outros 11 negócios 'em extinção'

Videolocadora de Porto Alegre conseguia manter clientela, mas esbarrou em dificuldades de fornecimento no mercado - Reprodução/RBS TV
Videolocadora de Porto Alegre conseguia manter clientela, mas esbarrou em dificuldades de fornecimento no mercado Imagem: Reprodução/RBS TV

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL

31/03/2022 12h44

Após 32 anos de funcionamento, uma das últimas videolocadoras de Porto Alegre (RS) anunciou que encerrará as atividades no próximo mês de abril. E não será por falta de clientes, mas pela escassez de mídias físicas no mercado.

Segundo o gerente do estabelecimento, Charles Schumacher, ao contrário do que se possa imaginar, ainda há uma quantidade considerável de clientes fiéis ao aluguel de DVDs, dos mais recentes Blu-Rays e até de VHS.

Ou seja, a demanda atual seria suficiente para a sobrevivência do negócio. O problema é que muitas produtoras e distribuidoras de filmes não lançam mais o produto nos formatos antigos, limitando-se apenas em oferecê-los por serviços de streaming.

Localizada na zona leste da capital gaúcha, a locadora já teve em seu catálogo cerca de 40 mil títulos. Hoje, não dispõe de metade disso.

Prejudicadas no início dos anos 2000 pela concorrência das TVs a cabo e da pirataria, as videolocadoras foram afetadas sobretudo pelo avanço tecnológico e pela democratização do acesso à banda larga. Atualmente, porém, são vistas como um negócio em extinção.

Veja abaixo 11 negócios ou atividades que acabaram (ou estão prestes a acabar) devido às mudanças tecnológicas.

Bancas de jornais

Banca de jornal no Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Hoje em dia, as bancas de jornais vendem de tudo um pouco, e cada vez menos jornais e revistas
Imagem: Reprodução/Facebook

Bancas de jornais e revistas são estabelecimentos praticamente em vias de extinção. Com o avanço da tecnologia, a internet tornou-se o principal meio de informação ao redor do mundo. Em São Paulo, no ápice de restrições da pandemia de covid-19, em 2020, mais de 200 bancas encerraram as atividades. Para sobreviverem, muitos desses espaços hoje vendem de tudo um pouco: água, refrigerante, salgadinhos, canecas e até guarda-chuva.

Kodak

A companhia americana teve início em 1880, mas chegou ao Brasil no dia 11 de outubro de 1920, com a instalação de seu primeiro escritório.

Em 1954, iniciou a produção de papéis fotográficos preto e branco em solo brasileiro e lançou sua primeira câmera em 1965. Na década de 1970, a Kodak popularizou-se e chegou a ser dona de 80% das vendas de câmeras e de 90% de filmes fotográficos. Na mesma década, inventou um produto que anos depois a levaria à falência: a câmera digital.

Ao perceber que a novidade prejudicaria a venda de filmes, a empresa logo engavetou a tecnologia e continuou somente com o serviço de revelação. Quando as câmeras digitais reapareceram com força, a empresa entrou em declínio progressivo e, em 2012, entrou com pedido de falência.

Loja de revelação de fotos

Até bem pouco tempo atrás, eram muito comuns os locais onde se podia revelar ou imprimir fotos. Entregava-se o filme e pagava-se por número de fotos - normalmente de 24 ou 36 poses - e esperava-se um prazo até que os registros ficassem prontos. Com as máquinas digitais e posteriormente dos smartphones, tudo mudou, já que o resultado pode ser visto imediatamente na câmera ou na tela do celular.

Lambe-lambes

O retratista José Alves, lambe-lambe de Feira de Santana (BA) - Nelson Oliveira/UOL - Nelson Oliveira/UOL
Imagem: Nelson Oliveira/UOL

Na cidade de São Paulo, os lambe-lambes, como ficaram conhecidos, surgiram no início do século 20. Eram fotógrafos que utilizavam uma máquina com o laboratório acoplado, o que lhes permitia revelar instantaneamente as fotografias tiradas nos jardins e praças. Tiveram maior prosperidade entre as décadas de 1920 e 1950, mas, em decorrência das transformações urbanas e do maior acesso à fotografia, no início dos anos 1970 já eram considerados figuras raras e folclóricas.

Agência de viagens

Com a ascensão da internet para comprar, pesquisar destinos e compartilhar informações sobre serviços e experiências de viagens, o modelo de lojas físicas praticamente desapareceu. Entre março e agosto de 2020, no auge da crise sanitária, o setor de turismo perdeu 49,9 mil empresas, segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo). Os segmentos de agências de viagens (-26,1% ou -18,5 mil) e de hotéis, pousadas e similares (-23,4% ou -79,9 mil) registraram a maioria dos cortes de empregos.

Operador de telemarketing

Empresas de telemarketing - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Trata-se de uma função que vem sendo gradativamente substituída por inteligência artificial, por meio de chatbots, por exemplo. Esses sistemas robotizados são capazes de solucionar dúvidas e resolver problemas em questão de segundos, acelerando o processo e otimizando a experiência do cliente.

Corretor de imóveis

Aplicativos e plataformas digitais aproximaram compradores de vendedores e acabaram eliminando a necessidade de um corretor de imóveis para intermediar a operação. Assim, a tendência é que o serviço de intermediação realizado pelo profissional sofra mudanças significativas e deixe de existir como o conhecemos hoje.

Caixas de supermercado

Self Checkout em caixa do supermercado do Walmart - Gabriel Francisco Ribeiro/UOL - Gabriel Francisco Ribeiro/UOL
No modelo de self checkout, o cliente passa as próprias compras, embala e paga, sozinho
Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

A função é uma das atividades que tem os dias contados. O futuro próximo nos reservará a opção de realizar as compras utilizando caixas automáticos. Ou seja, as máquinas serão operadas pelo próprio consumidor, que poderá registrar os produtos e pagar pelas compras utilizando cartão, como já ocorre hoje.

Gigantes como a Amazon, por exemplo, já operam com modelos de supermercados totalmente automatizados, em que o cliente consegue fazer as compras sem qualquer contato com atendentes ou funcionários. Mas isso já acontece em menor escala em muitas redes, inclusive do Brasil.

Taxistas

Após o surgimento dos aplicativos de transporte, o setor sentiu um baque. Serviços como Uber e 99 passaram a ser muito acessados pelos brasileiros. Apesar das previsões de que os táxis tradicionais deixarão de circular com o passar dos anos, 2021 marcou a retomada do protagonismo dos taxistas como meio de mobilidade mais usado.

Segundo dados do app Vá de Táxi, a demanda pelo meio de transporte cresceu 37% no ano passado. Entre os principais motivos está a crise dos apps de motoristas particulares, com o crescente número de cancelamentos, a retomada do turismo e o valor dos combustíveis.

Atendentes de bancos

As fintechs, abreviação para "financial technology", em inglês, são empresas que usam diversas tecnologias para oferecer de conta corrente a investimentos. Ou seja, vieram para transformar a forma como as pessoas se relacionam com o dinheiro. Hoje, existe a possibilidade de abrir uma conta, pagar boletos e realizar todas as operações financeiras usando apenas o celular. O modelo já afeta os bancos, que têm buscado maneiras de se adaptar à nova realidade. A tendência é que, com o avanço da tecnologia no segmento, funções como a de atendente de bancos deixem de existir.

Escritórios físicos

11 dez. 2008 - Escritórios iluminados em prédio empresarial em São Paulo - Carlos Alkmin/Getty Images - Carlos Alkmin/Getty Images
Imagem: Carlos Alkmin/Getty Images

A pandemia de covid-19 impulsionou um movimento que, de solução passageira, consolidou-se como uma nova realidade: a transição do escritório físico para o home office, ou o chamado teletrabalho.

Estudo do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), apontou que o trabalho remoto foi adotado por cerca de 10% dos trabalhadores do país, com forte concentração nas regiões mais ricas e urbanizadas, como as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Embora tenha sido realidade para poucos, é uma modalidade que veio para ficar. Na segunda-feira (28), o governo federal editou a Medida Provisória nº 1.108, que lista regras para o modelo híbrido de trabalho e contratação por produção.