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Postos no centro de São Paulo vendem gasolina mais cara do país, a R$ 8,599

4.mai.2022 - Posto de gasolina na rua Conselheiro Brotero, no centro de São Paulo, tem a gasolina mais cara do país, a R$ 8,599 o litro - Vinícius de Oliveira/UOL
4.mai.2022 - Posto de gasolina na rua Conselheiro Brotero, no centro de São Paulo, tem a gasolina mais cara do país, a R$ 8,599 o litro Imagem: Vinícius de Oliveira/UOL

Vinícius de Oliveira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/05/2022 16h10

Três postos no bairro de Santa Cecília, centro de São Paulo, estão na liderança no ranking da gasolina mais cara do Brasil, de acordo com o último levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana passada. Neles, o litro da gasolina comum custa R$ 8,599. É bem mais que o preço do combustível na cidade, que é de R$ 7,117 por litro.

O UOL visitou os três postos, Auto Posto Veiga Filho, Duque e Cia e Auto Posto Baronesa, que fazem parte da mesma empresa. A Rede Duque tem mais de 80 postos no estado todo, das bandeiras Shell, Ipiranga Vibra Energia (antiga BR Distribuidora).

É nos postos com bandeira da Vibra que o preço da gasolina chega a R$ 8,599 por litro. Há apenas mais um posto no país com o mesmo preço, no centro de Guarujá, litoral de São Paulo, também da Vibra.

4.mai.2022 - Posto na esquina da rua Baronesa de Itu com a avenida Angélica, no centro de São Paulo, tem a gasolina mais cara do país (R$ 8,599) - Vinícius de Oliveira/UOL - Vinícius de Oliveira/UOL
4.mai.2022 - Posto na esquina da rua Baronesa de Itu com a avenida Angélica, no centro de São Paulo, tem a gasolina mais cara do país (R$ 8,599)
Imagem: Vinícius de Oliveira/UOL

O UOL procurou a rede Duque para questionar como são definidos os preços dos combustíveis, mas não houve retorno. A Vibra afirmou que cada revendedor (posto) tem "níveis de formação de custo dos produtos e de competitividade diferentes, levando a uma diferenciação nos preços praticados nas bombas em todo Brasil".

"A composição do preço do combustível sofre influência de diversos fatores, como o local do posto, a modalidade de transporte para a entrega e a concorrência na região, entre outros", disse em nota.

Desconto só pra quem usa app

4.mai.2022 - Com a gasolina mais cara do país (R$ 8,599), posto na esquina da rua Baronesa de Itu com a avenida Angélica, no centro de São Paulo, dá desconto (R$ 6,99) a quem usa aplicativo da rede - Vinícius de Oliveira/UOL - Vinícius de Oliveira/UOL
4.mai.2022 - Com a gasolina mais cara do país (R$ 8,599), posto dá desconto (R$ 6,99) a quem usa aplicativo da rede
Imagem: Vinícius de Oliveira/UOL

Apenas três carros pararam para abastecer no Auto Posto Veiga Filho, no intervalo de 30 minutos, apesar de o posto estar localizados na região central de São Paulo, lugar de grande movimento.

Um desses clientes foi a dona de casa Célia Cristina de Souza, 51, moradora de Santa Cecília. Ela disse que usa pouco o carro e, por isso, optou por abastecer perto de casa.

Chamou a atenção dela o valor divulgado em grandes placas de LED na entrada do posto, de 6,999. Mas o preço promocional é oferecido apenas para quem baixa e se cadastra no aplicativo da Rede Duque. Quem não faz isso paga R$ 8,599.

Com pressa, Célia acabou pagando o valor cheio. A dona de casa reclamou do preço da gasolina. "Está muito caro, né? Aumentou sete ou oito vezes. Tem que tirar o presidente que está aí no poder para ver se melhora", disse.

O administrador Wellington Bento, 34, também abastece no posto por morar na região. "Está caro, mas em todos os lugares também está. Dependo do carro para ir trabalhar, então não tenho muita saída", disse.

'Se não economizar, pago para trabalhar', diz taxista

Wilson Luis, 67, cujo ponto de táxi fica na região, diz que usa o aplicativo da rede para economizar. O valor promocional, de R$ 6,999 por litro, é menor do que o preço médio encontrado em São Paulo e não assusta tanto quando comparado ao menor valor encontrado na capital (R$ 6,489 por litro).

"Tento economizar com o que é possível, por isso uso o aplicativo para pagar mais barato. Senão, daqui a pouco estou pagando para trabalhar", afirmou.

Para ter direito ao desconto, o cliente precisa fornecer informações como CPF, CEP, nome e placa do carro. Com isso, o app gera um QR Code para ganhar o desconto.

O UOL testou o aplicativo, abastecendo com R$ 100 de gasolina no Auto Posto Baronesa, o que rendeu 11,629 litros de combustível. O frentista leu o QR Code gerado com a placa do carro e deu o desconto. A conta final deu R$ 81,39, uma economia de 18,6% em relação ao preço original.

Os gerentes dos postos não quiseram falar sobre a política de preços da rede, "definida pela empresa", mas disseram que o app é uma estratégia usada para fidelizar o cliente.

4.mai.2022 - Para conseguir desconto em posto com gasolina mais cara do país (R$ 8,599), no centro de São Paulo, motorista tem que informar dados pessoais e do carro - Reprodução - Reprodução
4.mai.2022 - Para conseguir desconto em posto com gasolina mais cara do país (R$ 8,599), no centro de São Paulo, motorista tem que informar dados pessoais e do carro
Imagem: Reprodução

Procon-SP: preço na placa deve ser 'claro, ostensivo e preciso'

O UOL entrou em contato com o Procon-SP para questionar se pode haver alguma irregularidade com os anúncios de preços da rede, visto que as placas dão mais destaque aos preços do com desconto via app do que aos preços cheios na bomba.

De acordo com diretor-executivo da entidade, Guilherme Farid, a legislação diz que o valor a ser fixado deve ser "claro, adequado, ostensivo e preciso".

"A publicidade do preço do combustível deve refletir o valor que o consumidor encontra na bomba. Se o valor que está na placa não é o mesmo da bomba, o posto está fazendo publicidade enganosa e faltando com direito à informação", disse.

"No momento em que está dirigindo, o consumidor é atraído pelo valor que vê na placa. Ele toma a decisão [de parar] rapidamente e não tem muito tempo para avaliar se é promoção, se é através de aplicativo ou não. Quando esse valor não corresponde ao que está na bomba, ele está sendo enganado. O posto faltou com direito à informação e está violando a lei que regula publicidade nos postos de combustíveis", afirma.

Procurada, a rede Duque não se manifestou sobre a posição do Procon-SP.

A Fundação Procon fiscaliza de 3.000 a 4.000 postos de combustíveis por ano. Desse total, pelo menos 25% são autuados por questões relacionadas à diferença de preços ou por não informar o consumidor de maneira claras sobre os valores dos combustíveis.

O Procon-SP recebe denúncias sobre supostas irregularidades em estabelecimentos por meio do Portal do Consumidor, na área "Outros Serviços". Após o cadastro, é possível fazer uma denúncia por meio de vídeo ou fotos, relatando o ocorrido.