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Real digital vai baratear transferências para o exterior, diz especialista

Banco Central estuda a implementação do real digital - Giuliana Saringer/ UOL
Banco Central estuda a implementação do real digital Imagem: Giuliana Saringer/ UOL

Giuliana Saringer

Do UOL, em Porto Alegre

06/05/2022 14h51

O real digital tornará as transferências de dinheiro internacionais mais baratas, rápidas e rastreáveis, afirmou Francielli Borges de Assis, especialista em pagamentos com criptomoedas do Itaú Unibanco, durante o South Summit Brasil, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (6).

A expectativa do Banco Central é lançar a moeda até 2024. O real digital terá o mesmo valor do real tradicional, mas não poderá ser convertido em cédulas. Será usado online para pagamentos, investimentos e compras, por exemplo. É uma forma de melhorar a eficiência do mercado de pagamentos e oferecer uma alternativa de inclusão financeira para a população que ainda não é atendida pelos serviços bancários, segundo o BC.

O Itaú faz parte do Lift Challenge, iniciativa do BC que selecionou nove projetos para identificar características e entraves para implementar o real digital.

O projeto do Itaú estuda as transferências internacionais de dinheiro. Os testes são feitos com transferências de recursos da tesouraria do Itaú brasileiro para a unidade do banco na Colômbia. É o primeiro projeto de transferência internacional com uma moeda digital da América Latina.

"Um dos benefícios é o ganho de eficiência. Hoje, para o dinheiro chegar em outro país, demora de três a cinco dias, e o custo da transação é alto para o cliente, devido à quantidade de intermediários. Com uma moeda digital, queremos aumentar a eficiência, fazer com que o dinheiro chegue ao destino em segundos e diminuir as tarifas", afirma Assis.

Outras vantagens dessa transação são a rastreabilidade, ou seja, trazer mais transparência para o caminho do dinheiro em transações internacionais, e a possibilidade de programar o destino do uso do dinheiro.

"Vamos supor que um trabalhador nos Estados Unidos quer mandar dinheiro para a família no Brasil. Com o real digital vai dar para programar o uso do dinheiro. Se ele quiser que a família use apenas para subsistência, pode fazer isso", afirma Assis.

Também participaram do painel no evento Martha de Sá, CEO da Vert, empresa de tecnologia para serviços financeiros, Cristiane Taneze, diretora sênior de inovação na Visa, e Rodrigoh Henriques, chefe de inovação da Fenasbac (Federação Nacional dos Servidores do Banco Central).

O projeto da Visa no Lift Challenge é focado em pequenas e médias empresas. "Queríamos que essas empresas tivessem acesso a fundos de investimentos internacionais por meio do real digital", afirma Taneze.

Já a iniciativa da Vert tem como objetivo oferecer crédito rural via real digital, de forma mais fácil, rápida e com menos etapas.

"Se o crédito não é aprovado quando o produtor precisa, ele pode perder a safra. Com o real digital, queremos que o produtor consiga acessar crédito melhor com a segurança de que ele se enquadre nas regras do crédito rural e com a certeza de que o dinheiro terá um uso correto", afirma Sá.

Moeda digital para resolver problemas

A busca por moedas digitais por Bancos Centrais de todo mundo é uma tendência. Henriques diz que, apesar de todas serem digitais, elas não são iguais.

"A brasileira resolve questões que uma Suíça não resolve, por exemplo. Tem gente criando moeda digital para resolver pagamento digital, enquanto no Brasil isso está resolvido com o Pix", afirma.