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'Joesley Day': 5 anos depois, fortuna dos irmãos Batista chega a R$ 19,9 bi

Joesley Batista e Wesley Batista - Andre Borges/FolhaPress
Joesley Batista e Wesley Batista Imagem: Andre Borges/FolhaPress

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

17/05/2022 14h01Atualizada em 18/05/2022 08h50

Há exatos cinco anos, o áudio de uma conversa entre o ex-presidente Michel Temer e o bilionário Joesley Batista acerca de negociações sobre uma suposta compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha ganhava as manchetes dos jornais e instaurava uma crise política no Brasil. Era 17 de maio de 2017. Para os investidores, a data ficou conhecida como "Joesley Day".

No áudio vazado, Joesley Batista dava aval a Temer para comprar o silêncio do ex-deputado, que estava preso por desdobramentos da Lava Jato. O material era parte da delação premiada entre Joesley e a PGR (Procuradoria-Geral da República), investigados por lavagem de dinheiro e corrupção.

Muitos investidores acreditaram que o presidente renunciaria, o que gerou um caos na economia do país e na Bolsa de Valores.

Joesley, 50, é um dos dois irmãos que controlam a JBS S.A., empresa de capital aberto e uma das maiores do ramo de processamento de carnes do mundo.

Ele e o irmão Wesley Batista, 49, assumiram o controle dos negócios há 22 anos e lideraram a aquisição da processadora de carne norte-americana Swift & Co., em 2007.

Desde então, a fortuna dos irmãos Batistas só cresceu. Hoje, eles figuram entre os empresários mais ricos do país e ocupam a 11ª posição na lista da Forbes divulgada em abril.

O patrimônio líquido deles é de R$ 19,9 bilhões. No ranking global, os irmãos estão na 665ª posição entre os empresários bilionários do mundo.

Somente no ano passado, a fortuna de cada um dos irmãos aumentou 48%, por conta da alta nas ações do conglomerado.

A guinada veio em 2019, dois anos após a delação premiada e o escândalo.

Na época, a JBS e sua controladora, a J&F, firmaram um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. Isso colocou um fim nas dúvidas sobre a intenção de a empresa de abrir capital nos EUA.

As ações então dispararam, e a empresa começou a expandir.

Na negociação com o Departamento de Justiça norte-americano, a empresa se declarou culpada por violar as leis de prática de corrupção no exterior e pagou uma multa de US$ 256,5 milhões —metade foi paga ao Brasil, metade paga aos EUA.

O valor acrescido ao patrimônio dos Batista, na época, foi o dobro dos custos gerados pelo acordo. Isso porque a empresa ganhou valor de mercado após as ações da JBS mais que dobrarem de valor naquele ano, atingindo um recorde.

A recuperação da JBS ocorreu na esteira de uma epidemia sem precedentes de gripe suína africana na China. Depois de investir mais de US$ 20 bilhões em aquisições ao longo de uma década, em uma estratégia de expansão, a JBS é a empresa de carnes com presença no maior número de países em todo o mundo.