Petrobras tomba quase 4%, mas Bolsa sobe; empresa tem queda nos EUA
As ações da Petrobras operaram em queda nesta terça-feira (24), no Brasil e nos Estados Unidos, após o presidente Jair Bolsonaro trocar a presidência da empresa de novo, 40 dias depois da última substituição.
Mesmo com a baixa das ações da estatal, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou o dia em alta de 0,21% e aos 110.580,79 pontos.
A PETR3 sofreu queda de 3,24% e, no fim do pregão, era cotada a R$ 34,26. Já a PETR4 tombou 3,68% e era vendida a R$ 31,35.
Na Bolsa de Nova York, a queda dos ADRs (American Depositary Receipts), equivalentes a ações, foi menor do que indicavam os registros de pré-mercado. No fim do dia, os ADRs PBR valiam US$ 14,23, queda de 3,80%, enquanto os PBR-A sofreram baixa de 4,22%, negociados a US$ 12,98.
Já o dólar subiu 0,14% hoje e ficou cotado a R$ 4,812 na venda, após três sessões consecutivas de perda.
Troca na Petrobras
José Mauro Ferreira Coelho é o terceiro CEO da Petrobras demitido por Bolsonaro por causa da disparada nos preços dos combustíveis, o que aumentou a preocupação de analistas com a interferência do governo na companhia.
Investidores provavelmente verão a mudança como uma intervenção direta relacionada ao preço do combustível no Brasil, disse o JPMorgan, em nota ao mercado.
"O sr. Coelho havia repassado um aumento no preço do diesel em seus 40 dias de mandato. Esperamos uma reação negativa ao anúncio das ações da Petrobras", acrescentou.
Segundo o BTG Pactual, "embora a governança corporativa da Petrobras tenha evitado até agora interferências mais diretas, nós tememos que o verdadeiro teste ainda esteja por vir".
"Em última análise, achamos que o novo CEO enfrenta uma difícil dilema: como preservar o próprio emprego seguindo as políticas da empresa e sem comprometer a disponibilidade de combustível do Brasil?", afirmou o BTG Pactual.
Inflação e ICMS de combustíveis
Para Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, a troca na Petrobras e a inflação acima do esperado são "basicamente os dois motivos" que mais pesam no Ibovespa.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) desacelerou para 0,59% em maio, mas ficou acima da estimativa do mercado (+0,45%) e for a maior para o mês em seis anos. A inflação dos combustíveis, que vem pressionando a política de preços da Petrobras, acelerou 2,05% no período, mas bem abaixo dos 7,54% do mês anterior.
Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que o dado reforça a percepção de que o Banco Central continuará subindo os juros.
Ainda na cena local, o mercado mantém no radar a probabilidade de votação na Câmara dos Deputados de proposta que fixa teto de 17% para a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis e energia elétrica.
Cenário externo
O mercado de ações também caía no exterior, diante de restrições mais fortes contra a covid-19 em Pequim, na China, e em meio à manutenção de temores globais de desaceleração econômica, dados os elevados níveis de inflação e aumento de juros em curso. O Nasdaq perdia 3,4% e era destaque negativo entre os índices em Wall Street.
"O pano de fundo, se não fosse pela situação (da Petrobras), ainda assim seria complicado na sessão, porque a China voltou a pesar negativamente por causa da covid-19", disse Camila Abdelmalack, economista na Veedha Investimentos.
*Com informações da Reuters
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