Herdei empresa quebrada, paguei dívida de R$ 20 mi e hoje faturo R$ 32 mi
Alberto Junior, 43, começou a se envolver com seguros aos 7 anos de idade, quando separava certificados das apólices no escritório do seu pai, em Porto Alegre (RS). Aos 16 anos, em 1994, foi emancipado, e o pai o colocou como sócio na empresa em seu lugar. Cinco anos depois o negócio quebrou, e ele herdou uma dívida de R$ 20 milhões. Demorou 20 anos para quitar tudo. Hoje, ele é CEO do Grupo Life Brasil e faturou R$ 32 milhões no ano passado.
"Aos 21 anos, descobri que a empresa estava endividada e tive que assumir uma dívida que não era minha. Afinal, eu era apenas sócio no papel, não participava do negócio", declara.
Segundo ele, a empresa do pai encerrou as atividades porque começou a perder negócios e receita. Assim, não conseguia mais pagar os funcionários, tributos e outras dívidas fundamentais para seu funcionamento.
"Não aconteceu de uma vez, mas gradualmente. Os problemas começaram a aparecer por volta de 1996", diz Alberto Junior, que prefere não revelar o nome da empresa.
Ele diz que a maior parte da dívida era de cunho trabalhista e tributário, mas havia também dívidas cíveis, bancárias e fiscais.
Consegui pagar tudo em 20 anos. Todos os valores pagos relacionados às dívidas foram definidos por intermédio de acordos individualizados nas entidades competentes.
Alberto Junior, CEO do Grupo Life Brasil
Começou a vender seguros para comprar bike
Alberto Junior diz que, aos 15 anos, seu sonho era ter uma bicicleta Caloi Aluminium 1994. Largou a escola para vender seguros e poder comprar o veículo.
"Fiz a primeira venda matando aula e pulando o muro da escola. A venda é pessoalmente, cara a cara, abordando as pessoas. Comecei a vender seguros para garis e depois ia de porta em porta em bairros da periferia de Porto Alegre", diz ele, que, na época, vendia apólices de diversas seguradoras. Alberto Junior só completou o ensino médio tempos depois, por meio do supletivo.
Vendeu tão bem que, no primeiro mês de trabalho, comprou a bike. "Com o valor da comissão da primeira apólice, consegui pagar o valor da primeira parcela. E conforme ia vendendo mais apólices, pagava as outras parcelas", afirma.
O produto principal sempre foi o seguro de vida.
Sempre pensei que, se todo mundo tem um coração batendo, todo mundo precisa ter um seguro de vida.
Alberto Junior, CEO do Grupo Life Brasil
Em 1998, ele tirou sua certificação como corretor de seguros e fundou a Mitraseg Corretora de Seguros, mesmo sendo ainda sócio na empresa do pai.
Ajuda de um mentor da área
Para abrir a sua própria empresa, Alberto Junior teve ajuda de um especialista que atuava em uma seguradora na época, que lhe emprestou R$ 5.000 para que montasse o seu próprio time de vendas.
"Esse mentor viu que eu estava começando, sem dinheiro, e acreditou em mim, sem ao menos me conhecer direito. E ele me disse: 'Você só tem um CPF na vida. Se você não honrar comigo, nunca mais vai trabalhar com seguro, vai ficar queimado no mercado inteiro'. Ele viu meu potencial e confiou na minha desenvoltura como vendedor", afirma Alberto Junior.
Ele diz que "pagou" a dívida com indicações de negócio e parcerias com este mentor. Eles não chegaram a ser sócios em contrato; foram parceiros em alguns negócios no ramo de seguros.
Criação da holding de seguros
Com o crescimento da Mitraseg Corretora de Seguros, Alberto Junior viu a necessidade da criação de uma plataforma de vendas. Criou, então, a Life Consultoria, em 2009. Em 2012, abriu a Life Solution e, em 2013, com a união das três empresas, surgiu o Grupo Life Brasil.
O Grupo é formado por oito empresas, todas na área de seguros. Hoje, a principal empresa é a Life Brasil Franchising, que vende seguros e franquias. Em 2021, o grupo faturou R$ 32 milhões. O lucro não foi revelado.
Cuidado ao se tornar sócio de uma empresa
Nelson Endrigo Junior, consultor do Sebrae-SP, diz que Alberto Junior tem características de um empreendedor, como busca por oportunidades, perseverança em pagar a dívida herdada, persistência de se manter no ramo e autoconfiança de abrir seu próprio negócio.
"Por ter começado cedo, a experiência no ramo é uma vantagem. Ele ainda achou no início um nicho bacana, que são as pessoas de baixa renda", diz.
Sobre Alberto Junior ter sido colocado como sócio na empresa do pai dele, o consultor diz que é preciso ter cuidado nessas situações. "Se você vai ser sócio, tem que participar da operação da empresa, saber como está o dia a dia e ficar a par dos negócios", afirma.
Ele diz também que o segmento de seguros é de "muita concorrência" e que o desafio é transformar, aos olhos do cliente, o corretor em um consultor.
"Em geral, quando o cliente contrata uma apólice, ele vê a seguradora e nem sabe quem é o corretor. O desafio das empresas desse ramo é fazer o cliente enxergar o corretor como um consultor, que é aquele que vai atendê-lo em suas demandas e de forma personalizada, e não só aquele que faz a ponte com a seguradora."
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