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Sakamoto: Ministro mente que não pode interferir em preço de combustíveis

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/06/2022 15h33Atualizada em 21/06/2022 15h33

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto comentou hoje a declaração dada pelo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, dizendo que o governo não pode interferir no preço dos combustíveis. Sakamoto diz que o ministro mentiu ao dar essa declaração, pois há diferentes mecanismos que podem ser utilizados pelo governo.

"É mentira que o governo não pode controlar (o preço dos combustíveis). Na verdade, o governo não quer mexer porque tem impactos políticos e econômicos, mas é mentira do ministro", disse durante participação no UOL News.

Sakamoto também explicou que nem mesmo a regra da paridade do preço internacional do petróleo, estabelecida durante o governo de Michel Temer, pode ser usada como justificativa para uma não interferência. "Não existia antes (do governo Temer), então isso pode ser alterado a qualquer momento e adotado outro critério sem problema algum", disse.

Ele também argumentou que o fim da política de paridade de preços de importação da Petrobras não implicaria necessariamente em um problema de desabastecimento, ao contrário do que o ex-presidente da estatal, José Mauro Coelho, já chegou a afirmar.

"A Petrobras está gerando lucros recordes e, mais importante do que isso, a porcentagem de lucro que está indo para pagar dividendo de acionistas é muito alta. Muitas empresas do mercado normalmente pagam entre 25% e 30%, mas a Petrobras está pagando tudo. Poderia utilizar parte desses ganhos para criar um 'colchão' e evitar que o preço exploda e transmitir o preço para consumidores e refinarias de forma mais suave", explicou.

Por fim, Sakamoto também alertou para o medo de o governo ser mal visto no mercado financeiro como uma justificativa para não interferir nos preços. "Quem indica o presidente e a maioria dos conselheiros da Petrobras é o governo, ou seja, pode sim interferir. Mas aí seria criticado pelo mercado e ele não quer ser criticado pelo mercado, então terceiriza a responsabilidade", finalizou.