Papel do líder é não aceitar assédio, diz Luiza Trajano sobre Caixa
A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, disse, em entrevista ao jornal O Globo, que o papel dos líderes é "não aceitar" casos de assédio, ao comentar o episódio envolvendo o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães, que deixou o cargo após denúncias de funcionárias contra ele.
Ela diz enxergar a saída de Guimarães como uma "vitória" e que não esperava que ele saísse tão rapidamente, devido a sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
"(...) Que bom que em 24 horas ele saiu. Eu não esperava. Que, cá para nós, vivia parzinho do presidente, em lives e tal, Caixa Econômica, Caixa Econômica. Então, eu falava: 'Isso vai ganhar tempo, ele vai falar que vai provar, que não é verdade e vai passar'. E o que que ajudou? O povo em frente lá, né? As funcionárias em frente", avaliou.
Questionada sobre qual é o papel dos líderes em uma situação como essa — Bolsonaro não condenou publicamente o caso de Guimarães — Luiza, respondeu:
É não aceitar isso. Primeiro é não fazer. Segundo, não aceitar. Vamos falar um pouco de empresa privada, tá? Porque ele está lá de passagem, se Deus quiser, né? Vamos falar de empresa privada, cá para nós. Se o presidente não assumir (o combate ao assédio), não vai, gente Luiza Trajano
Ela relatou que um gerente que estava na empresa há 19 anos foi demitido recentemente por justa causa em razão de assédio. "Temos cinco inegociáveis há muitos anos. Não temos código de conduta. Temos inegociáveis. Se você fizer isso, vai ser mandado embora por justa causa (...) O que estamos fazendo agora, e já faz uns dois, três anos é tentar mudar a cabeça dos homens. Agora, não é questão de a empresa querer ou não. Ou ela faz, ou ela vai... vai ter desfile aqui na frente", afirmou.
A empresária contou ter feito uma pesquisa sobre assédio na empresa em que mais de 16 mil pessoas participaram. "O que as pessoas menos gostavam era de brincadeira: passa a mão, faz qualquer coisa e fala 'tô brincando'. É resposta desde os próprios CDs (centros de distribuição) até os diretores. Porque, para nós, é inegociável. Fez assédio, vai embora."
Ela também relembrou que já demitiu um funcionário que agredia a esposa após receber a denúncia. "Mesmo que ela tenha perdoado, não podia abrir mão. Para mostrar que realmente é muito grave, o assédio sexual e moral inclusive."
PEC Eleitoral
Na entrevista, a empresária evitou criticar a PEC dos Auxílios, enviada pelo governo Bolsonaro e aprovada pelo Senado no final do mês passado, que busca aumentar o valor do Auxílio Brasil e vale-gás, além de criar um voucher de R$ 1 mil para caminhoneiros. Questionada se não teme que isso crie um precedente nas futuras eleições, Luiza avaliou que cabe ao Congresso evitar a aprovação de medidas com viés eleitoreiro.
"Aí depende muito do Congresso. Por isso, a gente está querendo pular para 50 (a participação das mulheres na política) e também ajudar a ter um Congresso mais consciente de longo prazo. É isso que estamos lutando porque quem manda realmente é o Congresso. Você tem que ter um Congresso que tenha consciência que o Brasil não pode ser vai e volta, vai e volta."
Sobre sua visão para o varejo caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Bolsonaro, os dois mais bem colocados nas pesquisas, ganhem neste ano, a empresária disse que "qualquer um que ganhar e tiver bastante juízo tem que valorizar o varejo porque o varejo é o emprego de muita gente".
A empresária não quis responder se já escolheu o candidato em quem irá votar nas eleições de outubro e disse "apanhar dos dois lados".
"Eu sou a favor da democracia, e aí cada hora eu sou uma coisa, né? A hora que eu apoio o Bolsa Família, apoio fome, eu sou esquerda. Quando eu apoio o 5G, que foi uma coisa boa para o Brasil, eu sou com Bolsonaro e sou de direita porque eu quero subir minhas ações. Então, assim, eu apanho dos dois lados. Então nesse momento como eu quero fazer um grande movimento em setembro para unir o Brasil inteiro. A gente tem que resgatar o que esse país tem de bom. Chega. Eu estou fazendo campanha até fora do Brasil pra isso."
Luiza também falou sobre as urnas eletrônicas, constantemente atacadas, sem provas, por Bolsonaro. Segundo ela, o Mulheres do Brasil, grupo formado em 2013 que ela lidera, vai atuar em relação à desinformação nas eleições.
O que vamos agora tentar fazer é esclarecer o processo eleitoral do Brasil. Vamos mostrar o que é a urna, não é ligada à internet, se você põe uma ferramenta na urna, ela para. O sistema é tão bonito, gente, eu conheci lá em Brasília agora como um todo, a tecnologia e tudo. É tão bonito e tão seguro que agora que eles resolveram, você ver que agora estão na TV (se referindo à campanha do Tribunal Superior Eleitoral). Ainda acho que não falam a língua do povo, porque tem que ser mais direta, né? A urna não vai dar problema. Porque nós temos uma campanha contra a urna eletrônica, tá certo? Se tiver segundo turno, você se prepara que vai ser pior. Vai ser uma campanha muito pesada Luiza Trajano
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