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'Nível de sofrimento na matriz da Caixa era muito forte', diz Fenag

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/07/2022 15h35

O presidente da Fenag (Federação de Gestores da Caixa), Mairton Neves, falou hoje em entrevista ao UOL News sobre o nível de sofrimento e estresse ao qual os funcionários do banco são submetidos. Nesta terça-feira (20), um diretor da estatal foi encontrado morto na sede, em Brasília.

"A gente não tem muita penetração na forma como funciona a matriz e essas pessoas que sofriam muito não chegavam na gente, mas os relatos são terríveis. Sem dúvidas a empresa passa por momentos difíceis, então muito provavelmente os colegas estão vivendo uma pressão muito grande. (...) O nível de apreensão e sofrimento na matriz estava muito forte recentemente, ontem, inclusive", disse durante o UOL News.

Neves também destacou que denúncias de assédio moral não são novidades dentro da Caixa. Ele afirmou que há quase dois anos uma denúncia já havia sido formalizada à empresa, mas sem resultado.

"Assédio moral já vem prejudicando o desenvolvimento, trabalho na empresa e a vida dos colegas há um bom tempo. (...) Sobre assédio moral, em setembro de 2020, a gente formalizou uma denúncia falando desse tema. Em 2018, começamos uma campanha contra o assédio e vimos que piorou muito em 2019, aí denunciamos. Cada uma das associações de gestores da Caixa nos estados entrou com essa ação depois de enviarmos diversos ofícios à empresa falando desse tema".

Durante a entrevista, ele ainda destacou que o assédio e cobrança cresceu ainda mais durante a pandemia, inclusive por parte do ex-presidente Pedro Guimarães, que deixou o cargo após ser alvo de denúncias de funcionárias.

"Vivíamos uma pandemia e tínhamos gestores da Caixa morrendo porque a Caixa não parou na pandemia, então esses gestores foram levados ao limite extremo. Naquele momento tinha muita cobrança por resultados quando todo mundo estava querendo sobreviver e se alimentar. Muitas cobranças que não eram normais e hoje temos muitos colegas adoecidos e afastados, o problema era a forma como isso era tratado. O presidente que acabou de sair se orgulhava de dizer que tirou 120 alto executivos da empresa e me assustava quando ia em uma reunião e ele dizia que se orgulhava", finalizou.