Diretor da Caixa é encontrado morto no edifício-sede do banco, em Brasília
O diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa, Sérgio Ricardo Faustino Batista, 54, foi encontrado morto na noite de ontem no edifício-sede do banco estatal, em Brasília. Segundo informações da Polícia Civil do Distrito Federal, o diretor foi encontrado já sem vida na parte externa do prédio.
O caso é investigado pela 5ª DP (Delegacia de Polícia) e tipificado, preliminarmente, como suicídio.
Por meio de nota, a Caixa manifestou pesar pela morte do funcionário. "Nossos sinceros sentimentos aos amigos e familiares, aos quais estamos prestando total apoio e acolhimento. O banco contribui com as apurações para confirmar as causas do ocorrido", disse.
Segundo o site Metrópoles, a PF (Polícia Federal) foi informada da ocorrência. O UOL também procurou a corporação, que informou que o caso é investigado somente pela Polícia Civil.
A diretoria até então comandada por Batista foi a responsável por receber as denúncias de assédio sexual contra o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães —ele nega essas acusações. Além de investigar condutas de cunho sexual dos funcionários, o órgão também apura casos de abuso de poder, discriminação, corrupção, lavagem de dinheiro e nepotismo, por exemplo. Uma vez recebidas essas denúncias, elas são encaminhadas à Corregedoria do banco.
Relembre as acusações contra Pedro Guimarães
Os casos de assédio sexual relatados por funcionárias da Caixa contra Pedro Guimarães incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal. O TCU (Tribunal de Contas da União) também pediu a órgãos de controle a abertura de investigação.
Depois dos primeiros casos, outros relatos surgiram. Uma testemunha, que é assessora de diretoria do banco e trabalhava na matriz, mas não diretamente com Guimarães, disse que as funcionárias se escondiam no banheiro ao ouvir a voz do chefe no corredor. O relato foi mostrado pela GloboNews.
Uma funcionária da Caixa há 11 anos e gerente de agência há 7 anos em uma capital do país, Rosimara* (nome fictício), afirma que a entrada de Guimarães na chefia do banco trouxe com ela uma naturalização da cultura do assédio.
Casos de assédio moral também foram denunciados. Áudios obtidos pela coluna de Rodrigo Rangel, no site Metrópoles, mostram o ex-presidente da Caixa ameaçando funcionários de demissão, além de uma rotina de xingamentos.
Caguei para a opinião de vocês porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão.
Ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, durante uma reunião
Em outro áudio, Guimarães insinua que pode demitir funcionários que tomarem decisões sem consultá-lo.
"Vocês são malucos. Vocês só têm a perder. Não tem que ligar para ninguém. Se eu não dei ok, não dei ok e acabou. Por que vocês vão tomar o risco de perder a função por uma coisa que eu não autorizei?", questiona Guimarães.
Com a revelação dos casos, Guimarães pediu demissão. Em seu lugar, assumiu Daniella Marques, então da equipe econômica do ministro Paulo Guedes.
Procure ajuda
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
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