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Quer entrar na Bolsa investindo em ações diversas e baratas? Vá de ETFs

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Imagem: NicoElNino/Getty Images/iStockphoto

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/08/2022 04h00

Os ETFs (sigla para Exchange Traded Fund), como são conhecidos os fundos de índice negociados em Bolsa, são uma forma fácil e barata de investir em diversas classes de ativos financeiros com risco baixo. Com eles, você não precisa comprar dezenas de ações individuais. Basta ter uma cota do ETF que acompanha o desempenho conjunto destas ações.

Acessível e pouco complexo, o produto é indicado a investidores de todos os perfis em suas primeiras experiências na Bolsa. Como resume Bruno Stein, chefe da Global X ETFs no Brasil, esta é uma porta de entrada à diversificação com baixo custo, alta liquidez e transparência em uma série de ativos, inclusive fora do país.

Mas, é preciso avaliar quando os ETFs são mesmo a melhor opção disponível.

Os ETFs acompanham as variações dos índices de referência do mercado — entre eles, o Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa. Ao contrário do que acontece em fundos de ações ou nos multimercados (fundos que realizam diversos tipos de investimento), o gestor dos ETFs não vai ficar mexendo nas ações em busca de melhores resultados do que a média do mercado. Pelo contrário, seja em momentos de alta ou de baixa da Bolsa, seu compromisso é entregar o mesmo desempenho do índice.

Assim, se o investidor quiser ter basicamente o mesmo retorno do Ibovespa, basta comprar cotas de algum dos diversos ETFs que oferecem o mesmo resultado — em vez de comprar sozinho as mais de 90 ações que compõem a carteira do índice. Ou seja, o valor do investimento necessário é, muitas vezes, menor, além de ser uma forma viável para os investidores não profissionais participarem do mercado, mesmo sem tempo, conhecimento e dinheiro para montar e gerenciar carteiras individualmente.

A vantagem é não se concentrar em um único ativo. Em alguns momentos, o investidor faz a leitura correta de qual classe de ativo deveria investir, mas enfrenta dificuldade em escolher os produtos dessa prateleira. Os ETFs facilitam a diversificação dentro das classes."
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos

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Imagem: Getty Images

Cardápio vai da renda fixa às criptomoedas

Hoje, existem 73 ETFs na Bolsa. Com opções para praticamente todos os gostos, eles investem em ativos que vão desde títulos públicos de renda fixa, preferidos pelos investidores mais conservadores, às criptomoedas, usadas para apimentar as carteiras mais arrojadas.

Cada um deles permite entrar em setores e classes específicos de ativos, como ações do agronegócio, tecnologia, fundos imobiliários ou empresas menores listadas na Bolsa, as chamadas "small caps".

Como parte dos fundos também segue índices internacionais, os ETFs são ainda uma opção para o investidor buscar a rentabilidade de ativos negociados em mercados do exterior, incluindo ações e fundos imobiliários. Tudo sem sair do Brasil. Se você quiser investir em uma cesta de ações de produtoras de petróleo lá fora, é possível fazer isso via ETF, afirma Luiz Felippo, sócio e analista de fundos da Nord Research.

No entanto, é preciso estar ciente de que as cotas, mesmo quando os ETFs investem em renda fixa, variam todo dia na Bolsa. Por isso, o investimento deve ser feito em dose compatível com o apetite ao risco do investidor.

Os ETFs permitem diversificação de portfólio, tanto nacional quanto internacional, sem exigir muito conhecimento do investidor. De qualquer forma, é importante o investidor iniciante comprar um percentual menor do que investidores mais experientes. Apesar da grande diversificação, ainda há volatilidade, que pode trazer riscos."
Matheus Bacha, consultor financeiro da W1 Consultoria

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Imagem: gorodenkoff/Getty Images/iStockphoto

Taxa de administração baixa atrai investidores

Ainda que os fundos tradicionais tenham licença para buscar retornos superiores à média do mercado, a preferência por eles nem sempre é óbvia. A depender do perfil do investidor, os ETFs podem ser o melhor caminho, considerando a capacidade financeira de investimento e a tolerância ao risco.

Na comparação entre categorias de fundos, as taxas de administração dos ETFs são, para começar, mais baixas em relação a outros fundos que investem nas mesmas classes de ativos.

A diferença é explicada pelo tipo de gestão. Enquanto os ETFs seguem seus índices de referência, os gestores dos outros fundos são pagos para encontrar os melhores ativos financeiros e estratégias para bater o mercado, ou reduzir o risco. É um trabalho que depende de maior capacidade e tempo de análise, resultando em custos mais altos repassados ao investidor.

Dada a simplicidade dos ETFs, você não terá dificuldade em encontrar opções que cobram menos de 0,5% em taxas de administração, ao passo que os fundos que fazem a chamada gestão ativa dos portfólios cobram algo ao redor de 2% ao ano.

Entrar e Sair - Nattakorn Maneerat/Getty Images/iStockphoto - Nattakorn Maneerat/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Nattakorn Maneerat/Getty Images/iStockphoto

Fácil de entrar e sair

É possível entrar e sair dos ETFs na mesma facilidade com que se negocia ações nas plataformas das corretoras. Como as cotas são negociadas em Bolsa, há sempre um grande número de investidores interessados em comprar ou vender.

Nos ETFs, o investidor que decide sair do ativo tem em dois dias o dinheiro na conta. Os demais fundos levam muitas vezes entre um e dois meses para concluir o resgate pedido pelo investidor e, nesse período, a aplicação fica exposta às oscilações do mercado.

Além disso, não é preciso ter muito dinheiro para começar a investir em ETFs, diferentemente de fundos tradicionais em que os valores de investimento mínimo exigidos podem tornar inviável a entrada do investidor. Nos fundos de índice, o valor mínimo é o valor da cota, que chega a custar hoje menos de R$ 10.

Na maioria das vezes, os ETFs vão ser bem mais líquidos do que o fundo de gestão ativa. O investidor consegue entrar e sair daquela classe de ativo muito rapidamente."
Bruno Mérola, analista da Empiricus

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Imagem: Getty Images

Quando vale a pena escolher os ETFs

Os ETFs são indicados quando o investidor não tem confiança de que os demais fundos são capazes de bater o mercado — logo, de superar a rentabilidade dos fundos de índice.

Pela perspectiva de quem não quer assumir riscos acima da média do mercado, a preferência pelos ETFs também se justifica quando os outros fundos disponíveis, ainda que possam entregar maior retorno, apresentam volatilidade acima do normal. Ou seja, oscilam mais do que os índices de referência do mercado, replicados pelos ETFs.

"Eu escolho um ou outro quando acredito que naquela classe específica de ativos não existe um fundo de gestão ativa que seja bom o suficiente para substituir o ETF", declara Bruno Mérola, analista da Empiricus.

Os ETFs são indicados também a quem gosta de saber onde o dinheiro está aplicado, já que as carteiras dos índices de referência não mudam todo dia. No caso do Ibovespa, por exemplo, a composição das ações do índice é revista apenas três vezes por ano.

Para investidores iniciantes, o ETF surge como uma alternativa para diversificar e se expor à economia como um todo e não especificamente a um gestor ou estratégia."
Matheus Bacha, consultor financeiro da W1 Consultoria

Luiz Felippo, da Nord Research, diz que nos últimos dois anos os gestores dos fundos tradicionais tiveram dificuldade de bater o Ibovespa, de modo que os ETFs que replicam o principal índice da Bolsa se mostraram, em muitas comparações, uma escolha melhor.

Ele pondera, contudo, que em um horizonte de cinco anos, os fundos de ações de gestão ativa tendem a entregar retornos superiores ao Ibovespa.