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Tem preguiça de investir? Veja como ganhar com ações sem ter muito trabalho

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Imagem: erhui1979/Getty Images

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/10/2022 04h00

Você quer ganhar dinheiro na Bolsa, mas tem preguiça de investir? Não faltam opções para quem, por falta de tempo ou mesmo de vontade, não quer ter o trabalho de acompanhar diariamente o mercado e estudar a melhor forma de investir.

Ainda que a dedicação seja uma característica dos grandes investidores, a sua ausência não condena ninguém a deixar o dinheiro parado no banco.

Títulos de renda fixa pós-fixados, por exemplo, entregam retorno superior ao da poupança sem que o investidor, por mais displicente que seja, corra muito risco de perder dinheiro.

Entram na lista os títulos que acompanham as variações dos juros emitidos pelo governo (Tesouro Selic) e grandes bancos (CDBs), assim como os fundos DI, que investem nesses papéis.

A remuneração é baixa, porém, com os títulos pós-fixados, o investidor pode resgatar o dinheiro quando quiser sem ter a surpresa de que perdeu dinheiro. É o tipo de aplicação que deve ter peso considerável nas carteiras de pessoas que não querem se preocupar em administrar os investimentos.

Pré-fixado também vale, mas cuidado com o prazo

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Imagem: Getty Images/iStockphoto/ronstik

Segundo assessores de investimento consultados pelo UOL, desde que tenham baixo risco de crédito, títulos que pagam taxas de juros pré-fixadas também são indicados. O investidor precisa, no entanto, prestar atenção ao vencimento das aplicações, já que existe o risco de prejuízo se for preciso vender o título a outro investidor antes da hora.

A depender da tendência dos juros, esses títulos podem valer no mercado menos do que o valor pago por eles. Nos casos de títulos de baixa liquidez, o investidor terá também dificuldade de encontrar um comprador. Como nem sempre será possível esperar anos até resgatar a aplicação, a recomendação é ter cautela com os títulos de longo prazo.

Sócio-fundador e head de renda variável da W1, Caio Tonet recomenda sempre marcar no calendário a data de vencimento dos títulos de renda fixa. "É para saber exatamente quando o dinheiro estará disponível em conta para, assim, reaplicar", afirma.

Para os investimentos de risco, vá de fundos

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Imagem: Getty Images/iStockphoto/champja

Títulos de renda fixa emitidos por empresas — que envolvem maior risco de não pagamento dos juros —, e as ações e fundos imobiliários negociados em Bolsa exigem maior conhecimento de como funciona o mercado e as perdas potenciais.

É preciso dedicar tempo de pesquisa e estudo para identificar as melhores opções e o momento ideal para entrar e sair delas.

A dica, então, é delegar esse trabalho a especialistas que atuam nos fundos de investimento.

A vantagem é que o investidor conta com uma equipe de profissionais dedicada a encontrar os ativos mais indicados ao momento do mercado, assim como a adotar estratégias de proteção contra perdas. Como os fundos colocam o dinheiro de seus cotistas em diversas empresas, eles representam também uma forma de investir com diversificação, o que significa risco menor do que investir, por exemplo, em uma única ação.

"Os fundos de investimento são mais indicados e menos complicados para quem não quer acompanhar as ações todos os dias. Para investir diretamente em um home broker, o investidor precisa estar disposto a dedicar tempo estudando o funcionamento e a dinâmica do mercado", declara Rogério Saltes, planejador fiduciário na Fiduc.

Para isso, é preciso remunerar as pessoas que realizam esse trabalho, pagando a taxa de administração e uma taxa de performance quando o desempenho dos fundos supera a média do mercado.

"Você paga a taxa justamente para ter um time antenado com o mercado acompanhando os seus investimentos. Eles fazem esse trabalho por você. Em compensação, parte do retorno total vai ser tomada pela taxa de administração", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Invista de acordo com seu perfil

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Imagem: Getty Images

O investidor precisa fazer, pelo menos, algumas lições de casa para não ter dor de cabeça com seus investimentos. A primeira é traçar seu perfil para que os investimentos sejam compatíveis com a sua tolerância a risco e objetivos.

Se você tem dificuldade de conviver com os altos e baixos do mercado, ativos de renda variável devem ser bem dosados. Se o objetivo for de curto prazo (por exemplo, uma viagem daqui um ano), o dinheiro não pode estar aplicado em títulos que vão vencer daqui cinco anos.

Na hora de escolher o fundo, além de observar o desempenho histórico do gestor, cabe identificar se os investimentos do fundo estão alinhados ao perfil.

"O investidor tem que fazer algum exercício de perfil antes de escolher produtos e classes de ativos, e a porcentagem de cada um", afirma Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. "Pelo menos a lição de casa tem que fazer antes de investir. O brasileiro faz uma pesquisa de mercado de 30 dias para comprar uma geladeira e, na hora de investir, decide em dois minutos. Não pode ser assim", declara.

Feita essa avaliação de perfil, a diversificação dos investimentos é essencial para que os riscos não sejam concentrados em poucos ativos ou em um único fundo. Com esses cuidados, a chance de o investidor perder dinheiro será menor, mesmo se ele tiver uma postura distante em relação a seus investimentos.

Faz sentido diversificar entre renda fixa, crédito privado e Bolsa mesmo para quem não pretende acompanhar no dia a dia seus investimentos.
Renato Lázaro Ramos, diretor de renda fixa da Empírica

Preguiça pode custar caro

Preguiça custa caro - Ljupco/Getty Images/iStockphoto - Ljupco/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Ljupco/Getty Images/iStockphoto

Ainda que alguns cuidados possam diminuir os riscos, manter as carteiras estáticas sem gerenciar os investimentos leva à perda de oportunidades ou prejuízos em meio às mudanças de direção da Bolsa.

Os títulos pós-fixados podem proteger, mas também fazem o dinheiro render menos quando os juros passam a cair. O investidor mais ligado consegue evitar isso migrando títulos pós para pré-fixados nesses momentos.

Investidores que não se dedicam a conhecer melhor o mercado também perdem a chance de aumentar a posição em renda variável quando as ações estão mais baratas, ou diminuir a exposição a risco quando as ações já subiram demais e o mercado se aproxima de uma crise. Da mesma forma, podem deixar de trocar fundos posicionados em setores que se tornaram arriscados por outros que investem em ativos de alto potencial de retorno.

Há ainda a possibilidade de o investidor ser pego de surpresa com a queda de rendimento de um fundo por conta de saídas de profissionais, não observadas por desatenção, na equipe da gestora.

"Ainda que se invista em ativos de baixo risco, ou mesmo através de fundos de investimento, é muito importante cultivar o hábito de acompanhar a carteira de investimentos porque o mercado é volátil e oferece boas oportunidades de ganhos adicionais", diz Josiane Francisco, especialista em investimentos do Ailos.