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Dá pra ganhar R$ 10 mil por mês investindo a partir de R$ 1.000; saiba como

Vergani_Fotografia/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Vergani_Fotografia/Getty Images/iStockphoto

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/10/2022 04h00

Você consegue separar R$ 3.000, R$ 2.000 ou pelo menos R$ 1.000 para investir todo mês? Se a sua resposta for sim, você está pronto para planejar uma aposentadoria mais tranquila, ou juntar dinheiro mais rápido para realizar algum sonho de consumo.

Paciência e disciplina recompensam. Quem reserva esses valores para investimento pode ter renda mensal de até R$ 10.000. Em 20 anos, é possível acumular mais de R$ 1 milhão sem assumir muitos riscos. É questão de usar o tempo a seu favor e aproveitar o efeito dos juros nas aplicações.

O UOL perguntou a consultores financeiros quais são os investimentos mais indicados para quem consegue aplicar, todo mês, entre R$ 1.000 e R$ 3.000.

A melhor forma de investir varia conforme os objetivos, tempo e tolerância a risco, mas, em todos os casos, a dica principal é: jamais deixe o dinheiro parado.

Pelas simulações feitas por especialistas, baseadas nos juros pagos hoje no mercado, quem investir por 30 anos terá, ao fim deste prazo, uma renda entre três e cinco vezes maior do que quem investir por 10 anos, considerando o rendimento destas aplicações. Então, não dá para perder tempo.

Se risco preocupa, vá de renda fixa

Renda fixa - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Se a sua prioridade é proteger o patrimônio sem correr risco de perder dinheiro, mesmo tendo um horizonte de longo prazo para se recuperar, os seus investimentos devem ser mais conservadores. Isso significa que os ativos de renda variável, que mudam de valor todo dia na Bolsa, devem ter peso menor na carteira. Ações e cotas de fundos imobiliários estão entre as opções de investimento que entram nessa lista de cautela.

A preferência deve ser dada a investimentos em renda fixa, ou seja, títulos emitidos pelo governo ou por empresas nos quais o investidor sabe quanto vai receber se esperar até a data de vencimento da aplicação. Vale também entrar nos papeis de renda fixa pós-fixados, onde, ao contrário dos pré-fixados, o investidor não corre o risco de ter prejuízo se vender os títulos antes do vencimento.

Tendo no Tesouro Selic, título emitido pelo Tesouro, a opção mais segura nessa categoria, os pós-fixados acompanham as variações dos juros e são recomendados também para a aplicação daquele dinheiro que você pode precisar resgatar a qualquer momento.

Porém, levando em conta o histórico inflacionário do Brasil, o investidor deve incluir em sua carteira títulos que pagam a inflação mais uma renda pré-fixada, caso do Tesouro IPCA+ e os títulos privados que seguem a mesma forma de remuneração.

Segundo simulações de Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap Investimentos, uma carteira conservadora permite ao investidor ter mais de R$ 8.000 em renda mensal. Para isso, é preciso investir R$ 3.000 todo mês por 30 anos — com 70% em pós-fixados, 15% em títulos corrigidos pela inflação e os 15% restantes em renda variável.

Investindo os mesmos R$ 3.000 todo mês em um prazo menor, como por exemplo, por dez anos, a renda ao fim do período de acumulação de capital cai para menos de R$ 2.000.

Se esse aporte for de R$ 1.000 por dez anos (menor valor e prazo considerado na simulação), a renda passiva mensal do investidor seria de R$ 598.

Para se aposentar, fundo de previdência é vantajoso

Casal idosos - iStock - iStock
Imagem: iStock

Por suas vantagens tributárias, os fundos de previdência privada são indicados a quem investe com objetivo de resgatar o dinheiro após, pelo menos, dez anos. Uma pessoa que, por exemplo, comece a investir aos 35 anos, aplicando mensalmente R$ 3.000, conseguirá construir um patrimônio de R$ 2,1 milhões quando for se aposentar aos 65 anos. Isso permitiria a ela viver até os 95 anos com renda de R$ 10,5 mil.

Os cálculos são de Alexandre Resende, planejador financeiro da Fiduc, com base na expectativa de retorno atual de um fundo de previdência conservador da casa: 4,5% ao ano.

Ao contrário de fundos tradicionais, os fundos de previdência não têm antecipação de impostos — os chamados come-cotas, que pegam um pedaço do dinheiro dos cotistas duas vezes por ano, em maio e novembro, com alíquotas de 15% a 20%, a depender do prazo. Isso amplia a rentabilidade, já que, sem a mordida do Leão, a remuneração se dá sobre um valor maior, o que faz toda a diferença no longo prazo.

Se o investidor adotar a tabela regressiva de tributação (ou seja, a alíquota diminui ao longo do tempo), o imposto pago na previdência privada cai para 10%. "O ideal é segurar o investimento por mais de dez anos para colher os benefícios fiscais", afirma Resende.

PGBL ou VGBL, qual escolher?

Previdência - Inside Creative House/iStock - Inside Creative House/iStock
Imagem: Inside Creative House/iStock

Caso você faça anualmente a declaração completa do Imposto de Renda, o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) é a opção de previdência privada mais vantajosa porque permite abater 12% da renda tributável. "Ou seja, você pagaria menos imposto ou teria restituição maior", diz o planejador financeiro da Fiduc.

Já se você faz a declaração simplificada de Imposto de Renda, na qual não há deduções, vale mais a pena entrar na outra categoria dos fundos de previdência, a VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres).

Ao alongar prazo dos seus investimentos, você potencializa sua renda na aposentadoria e torna possível introduzir ativos com maior sofisticação, que podem impulsionar seu crescimento patrimonial.
Emerson Maccari, analista de investimentos da Somma

Se topar riscos, invista em renda variável

Investidor Bolsa - g-stockstudio/iStock - g-stockstudio/iStock
Imagem: g-stockstudio/iStock

Se estiver interessado em acelerar a construção de patrimônio, mesmo que seja necessário assumir mais riscos, a renda variável pode ocupar um espaço maior em seus investimentos mensais.

Conforme Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap, 30% da carteira dedicada a ativos como ações e fundos imobiliários é uma boa referência, neste momento, a investidores com perfil moderado. Já um investidor mais arrojado pode elevar essa parcela para 50%.

Mesmo para quem está mais disposto a encarar o sobe e desce dos mercados, analistas consultados pelo UOL dizem que os títulos de renda fixa não devem ser esquecidos. Pensando na diversificação, o investidor também pode levar em conta, em seus aportes mensais, os fundos cambiais e os ativos internacionais. Eles servem de amortecedor em momentos de alta tensão nos mercados.

Investimentos alternativos, como moedas virtuais, podem ser avaliados tanto por investidores moderados quanto os mais agressivos, desde que não coloquem mais de 5% do patrimônio em risco.

Analista de investimentos da Somma, Emerson Maccari diz que investir em Tesouro IPCA+ pode ser bastante interessante para quem quiser ganhar com a queda dos juros daqui a uns anos. Quando a tendência dos juros é de baixa, os títulos pré-fixados oferecem a oportunidade para o investidor lucrar alto com a venda deles no mercado.

Pensando em quem topa assumir mais risco em busca de maior retorno, há ainda boas oportunidades em fundos de crédito privado. Estes investimentos são bastante diversificados e têm retornos acima de 110% do CDI (taxa de referência da renda fixa). Há também os fundos de infraestrutura e imobiliários, negociados em Bolsa com isenção de imposto na distribuição de dividendos. No caso dos fundos de infraestrutura, também não é cobrado imposto nos ganhos de capital.

"Existem carteiras de fundos de infraestrutura que pagam a inflação mais 8% ao ano, com risco baixo. Já os fundos imobiliários têm um potencial de retorno grande ao longo do tempo, além de rendimentos mensais acima de 0,90%", afirma Maccari.