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Ex-chefe da Caixa disse que 'segurou' caso de empregado acusado de assédio

Ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães deixou o banco após acusações de assédio - Isac Nóbrega/PR
Ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães deixou o banco após acusações de assédio Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

19/09/2022 13h48Atualizada em 20/09/2022 08h48

Um áudio de uma conversa do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, publicado pelo site Metrópoles, mostra o ex-chefe do banco estatal dizendo que "segurou" a situação de um funcionário da Caixa demitido do emprego anterior por acusações de assédio.

"Por que ele foi demitido? Por assédio. Ele foi demitido do Itaú por assédio. Assediou dez pessoas, dez mulheres. Tá aí. Tá aí a explicação. Tanto não é verdade que isso é uma coisa natural que se fodeu todo, e eu que seguro", afirmou Guimarães.

Segundo o Metrópoles, o funcionário citado no áudio é Messias dos Santos Esteves e a conversa foi gravada no início deste ano.

O site não diz a data exata de quando o áudio foi gravado, mas, na ocasião, Guimarães estaria chamando a atenção de outros subordinados para um comportamento de outro diretor da Caixa durante uma viagem a trabalho. Durante a conversa, o Metrópoles diz que o ex-presidente comentava uma foto.

Nessa viagem, esse diretor teria abraçado com intimidade excessiva uma das auxiliares de Guimarães e Esteves também aparecia na imagem. Não fica claro na reportagem do Metrópoles se Esteves também tinha um comportamento que o ex-chefe da Caixa estava reprovando.

Esteves foi nomeado vice-presidente de Logística e Operações da Caixa por Guimarães em dezembro de 2020. Em maio de 2021 ele foi transferido para a vice-presidência de Risco.

No dia 15 de agosto, ele foi destituído por decisão do Conselho de Administração. Não foi apresentado um motivo para a destituição.

Ao Metrópoles, o advogado de Guimarães, José Luis de Oliveira Lima, disse que a contratação de Esteves "se deu dentro de rigoroso processo de governança".

"A checagem do histórico do profissional foi feita por empresa terceirizada independente e especializada nesse tipo de atividade, não tendo sido encontrado nenhum registro de episódio que desabone o contratado", afirmou.

Ao MP, Caixa disse não saber de casos de assédio

Ainda de acordo com o Metrópoles, a Caixa disse ao MPT (Ministério Público do Trabalho) que não sabia dos casos de assédio envolvendo Esteves.

A manifestação se deu em procedimento aberto pela Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região, na qual o banco estatal afirmou que o então vice-presidente de Risco foi escolhido para o cargo pela gestão de Guimarães de maneira criteriosa e seguindo as normas internas.

Ex-presidente da Caixa pediu demissão em junho

Pedro Guimarães pediu demissão no final de junho após relatos de funcionárias que afirmam terem sido vítimas de assédio sexual por parte dele. O ex-presidente da Caixa foi indicado pelo ministro Paulo Guedes (Economia), ainda no início da gestão presidente Jair Bolsonaro (PL), em janeiro de 2019. Na carta com o pedido de demissão, o ex-chefe da estatal negou as acusações.

Os casos relatados por funcionárias da Caixa contra Guimarães incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho.

Após as denúncias, Guimarães afirmou durante um evento da Caixa que tem "uma vida inteira pautada pela ética" e orgulho de como se portou ao longo da vida.

Para o lugar de Guimarães, o governo escalou Daniella Marques Consentino, que começou atuando no governo Bolsonaro como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia.