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Criadores do Real, ex-chefes do BC: quem são os economistas que apoiam Lula

Persio Arida, Armínio Fraga, Pedro Malan e  Edmar Bacha anunciaram que irão votar em Lula no 2º turno - Divulgação; Bel Pedrosa/Fórum Econômico Mundial; Zô Guimarães e Léo Pinheiro/Folhapress
Persio Arida, Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha anunciaram que irão votar em Lula no 2º turno Imagem: Divulgação; Bel Pedrosa/Fórum Econômico Mundial; Zô Guimarães e Léo Pinheiro/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

06/10/2022 15h11Atualizada em 06/10/2022 16h06

Os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Pedro Malan e Persio Arida anunciaram nesta quinta-feira (6), em conjunto, que vão votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. A justificativa comum é o risco à democracia representado, na visão deles, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os quatro atuaram em diferentes instâncias do governo de Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e participaram da criação e execução do Plano Real. Saiba quem são os economistas que declararam apoio a Lula.

Persio Arida

Persio Arida - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Um dos "pais" do Plano Real, o economista Persio Arida anunciou na quarta-feira (5) que vai votar em Lula no segundo turno das eleições. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Arida disse que Bolsonaro não entregou o que prometeu para a economia, além de ser um risco à estabilidade institucional do Brasil.

Não existe, na minha opinião, uma justificativa para a permanência de Bolsonaro no poder.
Persio Arida, à Folha

Persio Arida é formado em Economia pela USP (Universidade de São Paulo) e doutor pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos.

Foi secretário da Coordenação Econômica e Social durante o governo de José Sarney (1985-1989) e um dos responsáveis pelo Plano Cruzado, apresentado em fevereiro de 1986. Depois, já sob a gestão Itamar Franco (1992-1994), foi presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e um dos principais idealizadores do Plano Real.

Em 1995, foi escolhido por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para ser presidente do Banco Central, cargo que ocupou por cinco meses.

Já no setor privado, trabalhou no Grupo Moreira Salles e foi membro dos Conselhos de Administração do Unibanco e do Itaú. Em 2008, ajudou a criar o Banco BTG, que posteriormente compraria o Pactual — cofundado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes —, formando o BTG Pactual.

Armínio Fraga

Armínio Fraga - Fórum Econômico Mundial/Bel Pedrosa/Creative Commons - Fórum Econômico Mundial/Bel Pedrosa/Creative Commons
Imagem: Fórum Econômico Mundial/Bel Pedrosa/Creative Commons

O apoio do economista Armínio Fraga a Lula foi anunciado na terça-feira (4), como antecipou O Estado de S. Paulo. Inicialmente, Fraga havia pensado em anular o voto por confiar "pouco" nos dois candidatos, mas decidiu pelo apoio ao petista porque considerou pequena a diferença de votos para Bolsonaro no primeiro turno.

Além disso, o economista declarou à Folha que garantir a democracia — "o mais básico" — é o mais importante para o Brasil hoje.

Vou declarar apoio a Lula. (...) Não vejo uma margem suficiente [entre os dois candidatos] e, como já disse, os riscos aumentaram.
Armínio Fraga, ao Estadão

Armínio Fraga é graduado e mestre em Economia pela PUC-Rio, além de doutor pela Universidade de Princeton, nos EUA.

Começou a atuar no mercado financeiro em 1985, como economista-chefe e gerente de operações do banco de investimentos Garantia. Depois, de 1989 a 1991, foi vice-presidente do Salomon Brothers, nos EUA.

Voltou ao Brasil em 1991, após aceitar o convite da gestão Fernando Collor de Mello (1990-1992) — hoje senador — para ocupar a diretoria de operações internacionais do Banco Central. Com o impeachment de Collor, em 1992, Fraga deixou o BC e retornou aos EUA, onde trabalhou como diretor-gerente do Soros Fund Management, do empresário George Soros.

Em 1999, em meio à crise que atingiu o Brasil, foi indicado por FHC para ser presidente do Banco Central. Fraga deixaria o cargo apenas em 2003, já sob o governo Lula (2003-2010), mas as políticas monetárias que adotou permanecem até hoje: o câmbio flutuante, regime pelo qual a taxa de câmbio é definida livremente pelo mercado, não pelo BC; e as metas de inflação.

Hoje, é sócio da Gávea Investimentos, empresa que ajudou a criar em 2003, ao lado de seu primo Luiz Henrique Fraga.

Pedro Malan

Pedro Malan - Zô Guimarães/Folhapress - Zô Guimarães/Folhapress
Imagem: Zô Guimarães/Folhapress

Pedro Malan anunciou seu apoio a Lula nesta quinta-feira (6), em nota assinada em conjunto com Persio Arida, Armínio Fraga, Edmar Bacha.

É graduado em Engenharia Elétrica pela PUC-Rio e chegou a cursar Economia na Universidade do Estado da Guanabara, atual UERJ, mas deixou a faculdade para fazer o curso da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) em Vitória. É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA.

Votaremos em Lula no 2º turno; nossa expectativa é de condução responsável da economia.
Nota assinada por Malan

Em 1986, Malan foi nomeado para ser diretor executivo do Brasil e outros países junto ao Banco Mundial, tendo sido o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. Depois, durante o governo Collor, assumiu a diretoria executiva do Brasil, Equador e Suriname no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), indicado pela então ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo.

Foi presidente do Banco Central de 1993 a 1994, sob a gestão Itamar, pouco antes de Persio Arida assumir o cargo.

Ao lado de Arida, foi um dos principais executores do Plano Real, cujo sucesso levou Malan ao Ministério da Fazenda em 1995, a convite de FHC. Desde cedo, defendeu a continuidade do processo de reorganização do Estado e as privatizações. O economista permaneceu no cargo até o fim do governo tucano, em 2002.

Edmar Bacha

Edmar Bacha - Léo Pinheiro/Valor/Folhapress - Léo Pinheiro/Valor/Folhapress
Imagem: Léo Pinheiro/Valor/Folhapress

Outro dos signatários do comunicado em apoio a Lula é o economista Edmar Bacha. Ao site Poder360, Bacha disse que seu voto é mais político que econômico, já que Bolsonaro "é um risco para as instituições democráticas do país".

Agora se alevanta uma questão mais fundamental. Não há [questão] fiscal sem democracia. Não cabem comparações desse tipo quando há riscos à democracia.
Edmar Bacha, ao Poder360

Bacha é formado em Economia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), além de mestre e doutor na mesma área pela Universidade de Yale, nos EUA. Chegou a dar aulas na FGV e na PUC, ambas no Rio de Janeiro.

Ao lado de Persio Arida, integrou a equipe que formulou o Plano Cruzado (1986), durante o governo de José Sarney. À época, era presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e um dos economistas do antigo PMDB, hoje MDB.

Bacha se filiou ao PSDB em 1989. A partir de 1993, atuou como assessor especial para a área monetária de FHC, ainda ministro de Itamar, e participou da formulação do Plano Real. Depois, em 1995, assumiu a presidência do BNDES, substituindo Persio Arida, que havia sido nomeado presidente do Banco Central.

Após atuações no setor privado, Edmar Bacha voltou a ter relações com o setor público em 2003, como conselheiro econômico do recém-empossado governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Naquele mesmo ano, também integrou o Conselho de Administração do Banco Itaú-BBA.

Bolsonaro usa "Vingadores" para ironizar

Nas redes sociais, o presidente ironizou as manifestações favoráveis a Lula no segundo turno. Ele compartilhou uma imagem do filme "Os Vingadores" (2012), na cena em que Loki (Tom Hiddleston) e Tony Stark, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), interagem.

"Eu tenho Armínio Fraga, [Henrique] Meirelles, Edmar, Malan, Ciro [Gomes] e Persio Arida", diz Loki. "Nós temos o [Paulo] Guedes", responde Stark.

No filme, Loki diz "eu tenho um Exército"; o Homem de Ferro, "nós temos um Hulk".