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Sheik dos Bitcoins, suspeito de golpe milionário em Sasha, é preso pela PF

Francisley Silva, o "Sheik das criptomoedas", acusado de dar golpe em Sasha Meneghel - Reprodução
Francisley Silva, o 'Sheik das criptomoedas', acusado de dar golpe em Sasha Meneghel Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

03/11/2022 08h47Atualizada em 03/11/2022 08h47

Francisley Valdevino da Silva, mais conhecido como Sheik dos Bitcoins, foi preso preventivamente na manhã de hoje, em Curitiba, investigado por envolvimento em fraudes bilionárias com criptomoedas. Entre as vítimas que denunciaram o empresário estão Sasha Meneghel e o marido João Figueiredo, que teriam perdido R$ 1,2 milhão em transações feitas pelo suspeito.

Segundo a Polícia Federal, que realizou a prisão, o "Sheik" foi detido por descumprir uma decisão judicial expedida em outubro que o proibia de continuar administrando suas empresas ou participar de decisões de gestão das companhias.

A proibição tinha sido emitida pela 23ª Vara Federal de Curitiba após a Operação Poyais, realizada no mês passado, que apurou a prática de crimes "de estelionato, de lavagem de capitais e de organização criminosa". Mas investigadores apuraram que, dias depois, Francisley passou a fazer reuniões frequentes com funcionários de suas empresas em sua casa na capital paranaense.

A decisão da Justiça previa que, caso o empresário descumprisse as chamadas "medidas cautelares" durante a investigação, ele receberia ordem de prisão. Em nota, a PF afirma que os encontros do suspeito com o designer gráfico de suas empresas "demonstrou que a organização criminosa continuava ativa e promovendo atos criminosos".

Além de promover fraudes no Brasil e no exterior com sua própria empresa, Francisley e seus funcionários planejavam e vendiam sistemas virtuais para pessoas interessadas em praticar crimes semelhantes.

Uma outra operação realizada pela PF, apelidada de Bad Bots, prendeu duas pessoas responsáveis por "crimes contra o sistema financeiro" a partir de venda de criptomoedas que teriam usado um sistema criado e mantido pelo "sheik".

O UOL procura a defesa de Francisley para obter um posicionamento sobre a prisão e atualizará a reportagem caso haja um posicionamento. O espaço permanece aberto para manifestação.

Suspeito conheceu filha de Xuxa em igreja

Segundo o jornal O Globo, Sasha e seu marido conheceram Francis em um culto da igreja evangélica que frequentam. O casal teria feito vários investimentos, que ultrapassaram o valor de R$ 1 milhão.

A filha de Xuxa, no entanto, não foi a primeira a denunciar o suspeito. Em um dos processos, aberto há quase dois anos, ele responde a uma ação coletiva no valor de R$ 4 milhões. Mais de 20 investidores de Apucarana, no Paraná, acusam o "sheik" de enganá-los em um esquema de pirâmide.

As vítimas afirmam que Silva, por meio de uma empresa chamada Forcount, captou dinheiro, investiu em um ativo digital e sequestrou os recursos, devolvendo para eles uma criptomoeda falsa, chamada Mindexcoin, que não tem valor algum no mercado e não é encontrada em corretoras.

Um trecho do processo, publicado pelo Portal do Bitcoin, afirma que a empresa do homem operava no esquema de "pirâmide financeira", "se valendo da inocência dos investidores, em sua maioria pessoas simples e sem familiaridade com o ambiente de investimentos em bitcoins."

As investigações da Operação Poyais, que tem como um dos alvos Francisley, ainda continuam. Um de seus objetivos é fazer o rastreamento patrimonial dos suspeitos para viabilizar a reparação dos danos gerados às vítimas.

Lucro de 13,5%

Francisley é apontado como sócio de centenas de empresas, entre elas a Rental Coins, aberta em janeiro de 2019 e que captou o dinheiro de Sasha.

O site da Rental Coins afirma que a companhia tem mais de 20 mil clientes e promete rendimentos em valores fora da prática de mercado, de 8,5% a até 13,5% de lucro em cima da quantia investida no aluguel de criptomoedas.

Segundo O Globo, além das promessas de alto lucro, Francis usava baús de ouro para atrair investidores. Duas caixas-fortes, uma contendo barras de ouro de 1 kg e outra com os chamados "zelts", bolinhas de 10 gramas de ouro, eram expostas para os interessados em "investir" no esquema. Os baús eram exibidos na sede da empresa, em Curitiba.

Além da Rental Coins, Francis também foi sócio do pastor Silas Malafaia na empresa AlvoX Negócios.

No perfil da AlvoX no Instagram, com 7,5 mil seguidores, há comercialização de itens aleatórios, como perfumes, suplementos alimentares, palestras sobre investimentos e até viagens de cruzeiro. Ao Globo, Malafaia negou que a empresa teria qualquer relação com criptomoedas.

Francis também é dono de empresas como a InterArg, a Intergalaxy e a Wolkeb Club, todas com foco em investimentos em blockchain, carteiras digitais e "marketing de relacionamento multinível".

'Reestruturação'

Em março desse ano, Francis deu uma entrevista ao "Jornal da Record" em que justificava os atrasos nos pagamentos dizendo que a Rental Coins passava por uma reestruturação. "Tivemos problemas com alguns saques em alguns meses, mas tudo já está sendo colocado em dia", afirmou.

Uma das vítimas conseguiu na Justiça o bloqueio de R$ 200 mil da Rental Coins, enquanto oruta, que deu entrevista anônima à emissora, afirmou ter perdido R$ 600 mil.