Lula dá previsibilidade ao mercado com PEC da Transição, diz líder do PT

Líder do PT na Câmara, o deputado federal Reginaldo Lopes (MG) defendeu, em entrevista ao UOL News, a fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com críticas à "estabilidade fiscal".

Em discurso feito hoje no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), Lula disse que é preciso colocar a questão social na frente de temas que interessam, segundo ele, apenas ao mercado financeiro. "O que foi contratado nas urnas no dia 30 de outubro precisa ser honrado", disse Lopes. "E isso é garantir a transferência de renda, algo extremamente importante para romper o ciclo da pobreza e da desigualdade."

Segundo o deputado, Lula "foi o presidente que mais cumpriu as metas fiscais". "Ele conseguiu reduzir muito a dívida do país porque combinou responsabilidade fiscal com responsabilidade social. Ao mesmo tempo, isso foi possível por causa de uma política que deu ao Brasil durante seus oito anos de governo uma média de mais de 4% de crescimento do PIB", afirmou.

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Por isso, de acordo com Lopes, o discurso de Lula hoje foi para ressaltar como é importante ter um programa de política econômica que possa retomar o poder de compra do povo brasileiro.

"Falta muita sensibilidade ao mercado", avaliou o parlamentar. "E o pior, Bolsonaro não deu previsibilidade ao país. O Lula está dando. Ele falou com clareza nas eleições e está dizendo agora porque quer a PEC da Transição: é para ser uma solução definitiva, não provisória", disse Lopes.

Tales Faria: Mercado joga com instabilidade, mas sabe que Alckmin vai ter poder no governo Lula

O colunista do UOL Tales Faria analisou que o mercado financeiro ganha com a instabilidade, por isso, é necessário ver o "sobe e desce" dos números com certa incredulidade.

O dólar comercial fechou em forte alta de 4,14%, cotado a R$ 5,397, na sessão desta quinta-feira (10), após o discurso de Lula e a divulgação da inflação do Brasil e dos Estados Unidos. De acordo com a assessoria da B3, a Bolsa tombou 3,35%, a 109.775,46 pontos.

"Estou um pouco velho para me assustar com essas coisas do mercado, pois eles têm esse jogo", disse Tales, acrescentando que o vice-presidente eleito deverá ter uma atuação importante na economia.

"Na hora que o Lula precisar do Alckmin, vai chamá-lo. O Lula nunca centralizou tudo, ele vai dividir com o Alckmin, que será o cara do lado dele, inclusive, opinando sobre economia. Alckmin vai ter poder e o mercado sabe disso, só está jogando", concluiu o jornalista.

Tales: Militares têm de pedir desculpas ao Brasil por abaixarem a cabeça ao Bolsonaro

Tales Faria também repercutiu a apuração da colunista da Folha de S. Paulo Mônica Bergamo sobre um ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) chamar de "vergonha alheia" a nota do Ministério da Defesa que "não excluiu a possibilidade de fraude" no sistema eleitoral.

"Lula foi muito bonzinho em dizer hoje que o Bolsonaro deveria pedir desculpa aos militares. Isso é verdade, Bolsonaro deveria ter pedido desculpas antes e, agora, por ter jogado lama de novo neles", disse Tales.

"Mas os militares também têm de pedir desculpas ao Brasil. Eles saíram espalhando que iam fazer um relatório técnico — técnica em uma área que eles não têm. Fizeram um relatório fajuto, que não diz nada e ainda se curvaram ao Bolsonaro", acrescentou Tales. "Eles estão fazendo um papel ridículo [com a nova nota] e precisam pedir desculpas à nação por terem abaixado a cabeça desse jeito ao Bolsonaro."

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(*Com informações de Estadão Conteúdo)