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BID ignora Mantega e mantém Ilan na eleição para a presidência

Ilan Goldfajn concorre à presidência do BID - Gabriela Bilá/Estadão Conteúdo/AE
Ilan Goldfajn concorre à presidência do BID Imagem: Gabriela Bilá/Estadão Conteúdo/AE

Do UOL, em Brasília

12/11/2022 11h49Atualizada em 12/11/2022 11h49

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) divulgou nota na madrugada deste sábado (12) informando que a eleição para a presidência da instituição está mantida para o dia 20 de novembro e que os indicados estão mantidos na disputa.

A instituição se manifestou após o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega pedir o adiamento da eleição alegando que o brasileiro Ilan Goldfajn foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) e que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), gostaria de apresentar outro nome.

O prazo para os países-membros indicarem candidatos terminou em 11 de novembro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, formalizou a indicação de Goldfajn para o posto no dia 24 de outubro, antes do segundo turno da eleição presidencial.

O Brasil nunca ocupou a presidência do BID e a candidatura de Goldfajn era considerada forte.

No entanto, após a eleição de Lula, integrantes da instituição começaram a questionar se haveria alguma resistência do governo eleito em relação ao indicado, o que poderia enfraquecer sua candidatura, apurou o UOL. Foi justamente o que aconteceu.

PT interfere. Nesta semana, Mantega enviou uma carta a representantes dos governos americano, chileno e colombiano na qual disse falar em nome da equipe de Lula e pediu para que a eleição fosse adiada a fim de que um novo nome pudesse ser indicado, informou a CNN Brasil.

À Folha, Mantega disse que o governo Biden tem pouca chance de votar a favor de Goldfajn porque se posiciona de forma contrária a Bolsonaro "mesmo que Ilan tenha um bom currículo".

Depois, a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), reforçou a ideia e disse que seria "de bom tom" que a escolha fosse adiada.

Mantega faz parte da equipe do governo de transição de Lula; Gleisi foi coordenadora da campanha presidencial e é a coordenadora de articulação política do grupo.

A emissora também informou que, após a eleição de Lula, Goldfajn entrou em contato com pessoas próximas ao petista e ouviu que teria o apoio do presidente eleito para concorrer ao cargo.

Internamente, integrantes do BID questionam se a postura anti-Goldfajn é do próprio Lula ou do PT, disse uma fonte ao UOL.

Currículo. Goldfajn ocupa o cargo de diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional). Foi presidente do Banco Central entre 2016 e 2019, na gestão de Michel Temer, e diretor de política econômica do BC entre 2000 e 2003, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Ao formalizar a indicação, Paulo Guedes disse em nota que Goldfajn "concilia ampla e bem-sucedida experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica".

Outros candidatos. Na nota divulgada neste sábado, o BID informa que os países membros fizeram cinco indicações e lista os nomes de Cecilia Todesca Bocco (Argentina), Gerard Johnson (Trinidad e Tobago), Gerardo Esquivel Hernández (Mexico), Ilan Goldfajn (Brasil) e Nicolás Eyzaguirre Guzmán (Chile).

O BID atua como financiador de longo prazo, concede empréstimos, subsídios e cooperação técnica para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe.