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Maílson da Nóbrega: PEC da Transição, como está formulada, é um equívoco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/11/2022 19h25

Em entrevista ao UOL News na noite de hoje (21), Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, afirmou que a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição, do modo que está formulada, é um equívoco.

Para o economista, do ponto de vista político, ter licença para gastar durante um certo tempo "se justifica", uma vez que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está assumindo o país com uma situação fiscal e social ruim. Contudo, é preciso ter critério para fazer isso de forma adequada.

"O teto de gastos não é uma particularidade do Brasil. O Bolsa Família, que é um programa social bem-sucedido, não é imprevisível, nós sabemos o que vai ser gasto", falou.

"O que seria correto, ao meu ver? Fazer uma licença para gastar para manter o Bolsa Família em R$ 600, alguma coisa a mais para combater a pobreza, mas o governo deveria se comprometer na própria PEC a cortar gastos lá na frente. Senão vai aumentar o endividamento público, e isso é ruim para os pobres, porque vai gerar perda de confiança, fuga de capitais, e o dólar vai se valorizar e a inflação aumentar", acrescentou.

Sobre a reação negativa do mercado financeiro com relação às falas do presidente eleito nos últimos dias, o economista afirmou acreditar que isso acontecer porque Lula sinalizou uma visão irresponsável na gestão fiscal do país, o que levaria o Brasil para uma trajetória insustentável da vida pública. Mas ele lembrou que durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o dólar subiu também.

"O que aconteceu agora é que chegou um presidente eleito que diz que não vai ter teto de gastos. Não é assim que funciona. O mundo começou a dar certo, no sentido de enriquecer, quando passou a operar sob regras, e não da cabeça dos governantes."

Hoje, porém, o dólar comercial fechou hoje em perda de 1,19%, cotado a R$ 5,311. O mercado repercute positivamente a falas recentes de Lula, consideradas mais conciliadoras sobre a futura postura fiscal do país.

Orçamento secreto é uma excrescência e não deve acabar por pressão do Congresso, diz ex-ministro

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu hoje orçamento secreto. No entanto, na avaliação de Maílson da Nóbrega, a medida é uma "excrescência".

"Claro que é prerrogativa do Congresso emendar o orçamento, obedecendo certas regras. Mas o orçamento secreto não é correto: não se sabe quem é o parlamentar que encaminha os recursos e não obedece as normas das emendas normais do orçamento. O parlamentar vai colocando naquilo que ele acha mais conveniente para os seus interesses políticos eleitorais. O próprio Lira destinou R$ 490 milhões do orçamento secreto para a à base de eleitores em Alagoas, e, com isso, ele foi o deputado mais votado do estado", argumentou.

Ministro do TCU que mandou áudio golpista precisa explicar falas à Justiça, diz Sakamoto

No UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto falou sobre o áudio do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Augusto Nardes, com conteúdo golpista que foi vazado. Para o jornalista, Nardes precisa ser convocado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pela Justiça para explicar o que foi dito na gravação.

Conforme o jornal Folha de S. Paulo, o ministro enviou um áudio a amigos afirmando que "está acontecendo um movimento muito forte nas casernas" brasileiras, e que "é questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso", para um "desenlace bastante forte na nação, [de consequências] imprevisíveis, imprevisíveis".

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