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Como a Copa pode impulsionar a economia da Argentina

Lionel Messi beija taça da Copa do Mundo após vitória da Argentina x França - Carl Recine/Reuters
Lionel Messi beija taça da Copa do Mundo após vitória da Argentina x França Imagem: Carl Recine/Reuters

Do UOL, com informações da Deutsche Welle

19/12/2022 12h45

Copas anteriores mostram que a conquista traz ganhos além dos gramados para nações que levam a taça. Argentina poderia se beneficiar com exportações, há décadas mergulhada em crise econômica.

Ganhos além da Copa

Nos últimos 30 anos, cinco países venceram as sete Copas do Mundo realizadas neste período: Brasil (1994 e 2002), França (1998 e 2018), Itália (2006), Espanha (2010) e Alemanha (2014).

Em seis destas sete nações, o país registrou um aumento na taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano da conquista em relação aos dois anos anteriores e posteriores.

Em 1994, o Brasil registrou uma taxa de crescimento de 5,9%, muito maior do que nos dois anos anteriores e seguintes. O mesmo aconteceu em 2002, quando a taxa de crescimento de 3,1% superou o 1,4% e 1,1% registrados em 2001 e 2003, respectivamente.

Em 1998, quando a França conquistou sua primeira Copa do Mundo, a economia do país, que também sediou o evento, cresceu 3,6% - mais do que em 1997 e 1999. Os franceses voltaram a vencer em 2018, mas desta vez o crescimento do PIB caiu de 2,3% para 1,9% em comparação com o ano anterior.

A Itália venceu a Copa de 2006, ano em que sua economia cresceu 1,8% e superou as taxas de 0,8% e 1,5% registradas em 2005 e 2007, respectivamente. A Alemanha teve sucesso semelhante em seu ano de glória, 2014. A economia alemã cresceu 2,2%, bem acima dos 0,4% de 2013, e do 1,5% de 2015.

Até a Espanha, que venceu o campeonato em 2010 em meio a uma grande recessão global decorrente de uma crise financeira, aparentemente se beneficiou do bônus da Copa do Mundo: sua economia cresceu 0,2% naquele ano, 4 pontos percentuais a mais que no ano anterior e 1 ponto percentual a mais do em 2011.

Mas a vitória na Copa do Mundo seria a verdadeira razão para esse crescimento ou seria apenas uma coincidência? Efeito provocado ou 'somente' economia?

Na época da Copa do Mundo de 2014, o colunista da Forbes Allen St. John escreveu: "Nos meses que se seguem a uma vitória na Copa parece haver um aumento de produtividade de curta duração."

No entanto, acrescentou: "Pense nisso como o equivalente nacional do efeito de comer um doce, com um pico de energia de curta duração seguido por um esgotamento dessa energia."

Certamente, é fácil imaginar esse efeito. Bares e restaurantes lotados por dias e semanas após a vitória. Empresários tentando canalizar a confiança e o brio dos jogadores lançando metas audaciosas que talvez não fariam antes.

No entanto, os poucos dados acadêmicos que existem sobre o tema apontam em outra direção. Uma pesquisa realizada antes do Mundial deste ano pela Universidade de Surrey, no Reino Unido, descobriu que os saltos do PIB após a vitória na Copa são atribuídos a um aumento nas exportações, e não ao consumo interno ou investimento.

O estudo mostrou que há um aumento do PIB nos primeiros dois trimestres após a vitória, quando a força da marca do país vencedor aumenta significativamente a popularidade de suas exportações.

"As evidências reforçam a ideia de que o sucesso em uma das competições esportivas internacionais mais vistas e prestigiadas tem o potencial de afetar o ciclo de negócios", conclui Marco Mello, autor do estudo.

A pesquisa comparou os dados de crescimento dos países vencedores com os dos perdedores.