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Lula critica taxa de juros e diz que pode rediscutir autonomia do BC

Presidente Lula (PT) e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Ricardo Stuckert/PR e Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Presidente Lula (PT) e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Imagem: Ricardo Stuckert/PR e Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

02/02/2023 20h45Atualizada em 03/02/2023 07h49

Em entrevista concedida ao jornalista da RedeTV! Kennedy Alencar —que também é colunista do UOL—, Lula (PT) criticou a decisão do Copom de manter a taxa de juros a 13,75% pela quinta vez seguida.

Pela análise do presidente, a decisão influencia no crescimento do país.

O Brasil precisa voltar a crescer. Não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%."
Lula

Na opinião de Lula, o Brasil não está em uma situação em que "muitas pessoas estão comprando em excesso", o que faria o Banco Central agir para aumentar os juros (ou mantê-los altos) e, consequentemente, esfriar a economia.

O presidente também afirmou que irá cobrar o Banco Central e chamou a independência da instituição de "bobagem".

O petista argumenta que tinha uma boa relação com Henrique Meirelles, presidente do BC nos seus dois mandatos anteriores, que "teve toda a autonomia para fazer a política monetária que ele quis fazer", argumenta.

O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Roberto Campos Neto, presidente do BC] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente."

Na entrevista, Lula sugeriu que os presidentes da Câmara e do Senado opinem "se eles estão felizes com a atuação do presidente do Banco Central".

"Eu acho que eles imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros abaixariam e tudo ia ser maravilhoso", continuou.

No entanto, mesmo com a intenção de reavaliar o status do BC, Lula disse que elaborar uma proposta de mudança "é irrevelante" para ele.

"O que está na pauta é a questão da taxa de juros", afirmou.

Meta de inflação deve ser "padrão Brasil', não "padrão europeu", diz Lula

O presidente avaliou a meta de inflação de 2023, de 3,25%, como um "exagero" que vai cobrar que o país tenha que "arrochar para cumprir".

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, ficou em 0,55% em janeiro, segundo dados do IBGE. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 5,87%.

A meta de inflação também é estabelecida e perseguida pelo Banco Central.

Eu estou dizendo que o Brasil não precisava disso. Então, ele [Campos Neto] quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação padrão Brasil. Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer. Agora, você faz uma meta que é ilusória, você não a cumpre, e por conta disso, você fica prejudicando o crescimento do país."

Outros pontos da entrevista de Lula

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