Lula critica taxa de juros e diz que pode rediscutir autonomia do BC
Em entrevista concedida ao jornalista da RedeTV! Kennedy Alencar —que também é colunista do UOL—, Lula (PT) criticou a decisão do Copom de manter a taxa de juros a 13,75% pela quinta vez seguida.
Pela análise do presidente, a decisão influencia no crescimento do país.
O Brasil precisa voltar a crescer. Não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%."
Lula
Na opinião de Lula, o Brasil não está em uma situação em que "muitas pessoas estão comprando em excesso", o que faria o Banco Central agir para aumentar os juros (ou mantê-los altos) e, consequentemente, esfriar a economia.
O presidente também afirmou que irá cobrar o Banco Central e chamou a independência da instituição de "bobagem".
- A autonomia do Banco Central é alvo de críticas do petista desde a época da campanha eleitoral
- A medida foi concretizada após lei de 2021 e estabeleceu mandatos para cargos de presidente e diretores do órgão
- Um dos objetivos era blindar a instituição de possíveis interferências políticas na estabilização de preços no Brasil
O petista argumenta que tinha uma boa relação com Henrique Meirelles, presidente do BC nos seus dois mandatos anteriores, que "teve toda a autonomia para fazer a política monetária que ele quis fazer", argumenta.
O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Roberto Campos Neto, presidente do BC] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente."
Na entrevista, Lula sugeriu que os presidentes da Câmara e do Senado opinem "se eles estão felizes com a atuação do presidente do Banco Central".
"Eu acho que eles imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros abaixariam e tudo ia ser maravilhoso", continuou.
No entanto, mesmo com a intenção de reavaliar o status do BC, Lula disse que elaborar uma proposta de mudança "é irrevelante" para ele.
"O que está na pauta é a questão da taxa de juros", afirmou.
Meta de inflação deve ser "padrão Brasil', não "padrão europeu", diz Lula
O presidente avaliou a meta de inflação de 2023, de 3,25%, como um "exagero" que vai cobrar que o país tenha que "arrochar para cumprir".
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, ficou em 0,55% em janeiro, segundo dados do IBGE. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 5,87%.
A meta de inflação também é estabelecida e perseguida pelo Banco Central.
Eu estou dizendo que o Brasil não precisava disso. Então, ele [Campos Neto] quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação padrão Brasil. Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer. Agora, você faz uma meta que é ilusória, você não a cumpre, e por conta disso, você fica prejudicando o crescimento do país."
Outros pontos da entrevista de Lula
- Lula admite possibilidade de concorrer à reeleição em 2026, mas condiciona à possível "situação delicada" do país
- Lula diz ter "certeza" que Bolsonaro "preparou o golpe" e diz que ex-presidente deve ser julgado em algum momento
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