Lula diz que BNDES nunca deu dinheiro a outros países: 'Banco foi difamado'
O presidente Lula (PT) afirmou que o BNDES foi vítima de "difamação muito grave" durante a campanha eleitoral, e que o banco de investimento nunca deu dinheiro para outros países. A declaração aconteceu durante a posse de Aloizio Mercadante como presidente da instituição.
"O banco financiou o serviço de empresas de engenharia brasileira em quinze países da América Latina e Caribe entre 1998 e 2017", declarou.
Lula citou uma reportagem do jornal Valor Econômico, que concluiu que dos R$ 10,5 bilhões em financiamentos a outros países, o BNDES já recebeu R$ 12 bilhões de volta. "As operações deram lucro, além de gerar dinheiro", disse.
O presidente culpou o governo de Jair Bolsonaro por dívidas. "Os países que não pagaram [financiamento do BNDES] é porque o presidente decidiu cortar relação para não cobrar e ficar nos acusando", disse, acrescentando que os contratos são cobertos por garantia. "Tenho certeza que vão pagar, porque são todos países amigos do Brasil".
O programa de financiamento à exportação de bens e serviços de engenharia brasileiros do BNDES foi lançado em 1998. Ao contrário do que dizem conteúdos enganosos sobre o banco que circulam nas redes sociais, os empréstimos são feitos em reais para companhias nacionais. Os débitos, porém, são pagos de maneira parcelada pelos países estrangeiros que receberam as obras.
A prática foi paralisada nos últimos anos após ser alvo de investigações da Operação Lava Jato. Há registro de calotes e financiamentos que beneficiaram empreiteiras citadas em casos de corrupção.
Entretanto, não há apenas exemplos negativos. A Embraer, por exemplo, recebeu aportes do governo desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), e hoje é exportadora de aeronaves.
Quais pagamentos estão pendentes?
Conforme o próprio BNDES, estão atrasados US$ 1,03 bilhão em pagamentos. Os principais países devedores são:
- Venezuela (US$ 681 milhões)
- Cuba (US$ 226 milhões)
- Moçambique (US$ 122 milhões)
Os valores foram atualizados até setembro de 2022. Ainda há outros US$ 573 milhões em pagamentos a vencer.
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