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Presidente da Caixa critica juros a 13,75%: 'Penaliza os clientes'

Segundo Maria Rita Serrano, enquanto bancos concorrentes podem investir em tesouraria, a Caixa, como banco social, precisa ofertar crédito. - Ricardo Stuckert/Divulgação
Segundo Maria Rita Serrano, enquanto bancos concorrentes podem investir em tesouraria, a Caixa, como banco social, precisa ofertar crédito. Imagem: Ricardo Stuckert/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

14/02/2023 11h37

A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, criticou a alta dos juros mantida pelo BC (Banco Central). Em entrevista ao jornal O Globo, publicada hoje, a economista afirmou que a taxa Selic a 13,75% ao ano "traz um problema ainda maior para a Caixa".

Segundo Serrano, os bancos concorrentes têm vantagem nesse cenário de juros altos por investirem no mercado financeiro.

Já a Caixa, por ser um banco social, tem que investir em crédito, a gente vem tendo restrições em algumas operações porque precisa orçamento para isso. A taxa de juros muito alta penaliza mais a Caixa e os clientes. Maria Rita Serrano, presidente da Caixa

Questionada se endossava as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à alta da Selic, Serrano disse que a taxa está "muito alta" e lembrou que uma das funções do BC é olhar para a geração de empregos.

Não falo com relação ao presidente do BC, mas a política de definição da taxa de juros é algo que precisa ser olhado com mais atenção porque você acaba agudizando a crise econômica. Maria Rita Serrano, presidente da Caixa

Caixa enfrenta problemas em operações e tem restrições por conta do orçamento. "Encontramos um banco desestruturado, com sérios problemas em tecnologia, falta de investimentos", disse.

Apesar disso, a presidente afirmou que a Caixa não tem problemas de liquidez, mas contará com limites de operações por conta do menor resultado e da maior necessidade de investimento em algumas áreas.

Taxa de juros visa bem-estar social, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem, durante o programa Roda Vida (TV Cultura), que a instituição foca no bem-estar social ao explicar por que a taxa de 13,75%.

A nossa agenda toda do Banco Central é [pensando] no social. Então, a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social e inflação descontrolada porque a inflação é um imposto que afeta muito a classe média baixa."
Roberto Campos Neto

PT apoiou convite a presidente do BC. Na semana passada, líderes petistas na Câmara decidiram apoiar um convite para que Campos Neto vá ao Congresso explicar a política de juros da instituição, em meio à escalada das críticas de Lula à atuação da autoridade monetária. O pedido foi apresentado pelo líder do PSOL na Câmara, Guilherme Boulos (SP).