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Bradesco: Americanas querem 'criar mesquinha cortina de fumaça' com emails

Arquivo - José Marcos/Estadão Conteúdo
Imagem: Arquivo - José Marcos/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL, em Salvador

17/02/2023 17h15Atualizada em 17/02/2023 17h56

A crítica aparece no pedido de reconsideração apresentado pela defesa do Bradesco ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A instituição bancária quer que o magistrado mantenha a busca e apreensão nos emails das Americanas.

As Americanas podem não ter coragem de dizê-lo, mas está claro que o que ela quer, mesmo, é usar o fato de haver e-mails trocados com os seus advogados, nas mensagens apreendidas (...) para com isso criar uma mesquinha cortina de fumaça que de alguma forma lhe permita interromper as investigações iniciadas a pedido do Bradesco, no seio da companhia."
Defesa do Bradesco

No pedido, enviado ao STF hoje, o Bradesco ainda chama a empresa alvo da ação de "oportunista" ao levantar a possibilidade de emails trocados entre ela e seus advogados serem expostos.

Nem o Bradesco nem os outros credores que litigam com a Americanas nem ninguém jamais teve qualquer interesse em acessar os e-mails trocados entre os reclamantes e os executivos da sua cliente, seja para ter acesso às 'estratégias processuais', aos 'inúmeros e-mails trocados pelos advogados e o Grupo Americanas', ou para o que for

O UOL tenta contato com as Lojas Americanas. Caso haja resposta, o texto será atualizado.

O pedido

As defesas do Bradesco e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) enviaram hoje a Moraes os pedidos de reconsideração da decisão do ministro, que suspendeu a busca e apreensão nos emails das Lojas Americanas.

Octavio de Lazari Jr, presidente do conselho diretor da Febraban, é também CEO do Bradesco.

O Bradesco pede que Moraes suspenda a busca e apreensão apenas nas mensagens trocadas pelos advogados da empresa, "mantendo-se a ordem no que diz respeito à busca e apreensão de todas as outras mensagens das caixas de e-mail das pessoas das Americanas ao longo dos últimos dez anos".

A Febraban ressalta que o Bradesco só tem interesse nos emails trocados entre os administradores e controladores das Lojas Americanas. "Relacionadas e delimitadas aos eventos que levaram à possível fraude contábil, para posterior entrega a e devida análise pelo perito judicial".

Decisão de Moraes

Ontem, Moraes concedeu uma liminar às Lojas Americanas para suspender a decisão da Justiça de São Paulo que autorizou o Bradesco a acessar documentos e emails apreendidos da empresa.

Moraes entendeu que a busca e apreensão nos e-mails das Americanas coloca em risco o sigilo de comunicação entre advogado e cliente, já que, entre os documentos vistoriados, poderiam estar presentes eventuais mensagens trocadas pela defesa.

O Bradesco é um dos principais credores das Lojas Americanas, com R$ 4,8 bilhões a receber da companhia.

Dívida. A equipe de administração judicial do processo de recuperação das Americanas fez um pente fino e verificou que a dívida total do grupo é de R$ 47,9 bilhões —R$ 6,6 bilhões a mais que o informado inicialmente— a milhares de credores.

No início do mês, a antiga diretoria das Americanas foi afastada.