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Campos Neto critica 'personificação' do BC em meio a conflito com governo

Roberto Campos Neto, presidente do BC - Sérgio Lima/AFP
Roberto Campos Neto, presidente do BC Imagem: Sérgio Lima/AFP

Colaboração para o UOL, em Salvador

05/04/2023 14h06Atualizada em 05/04/2023 14h14

O presidente do BC (Banco Central) disse hoje (5) que, assim como ele tem mandato autônomo em relação ao Executivo, os diretores da instituição também possuem autonomia.

O que ele disse:

Presidência é autônoma, mas diretores também. "A gente não pode personificar o BC em uma pessoa. Do mesmo jeito que tenho mandato autônomo em relação ao Executivo, todos os diretores têm mandatos autônomos em relação a mim";

Debate sobre juros. "Estou sempre aberto, sempre falo que pode me chamar no Congresso quantas vezes for. Eu vou explicar porque a gente precisa que as pessoas entendam que os juros estão altos, por que eles são altos e o quê a gente precisa fazer para baixar. E o BC tem que ser parte da solução, como tem que ser o Ministério da Fazenda, como tem que ser o Congresso";

Narrativas falsas. "A parte de comunicação é um desafio que aumentou recentemente porque a gente se vê preso em algumas narrativas. A gente precisa explicar para as pessoas que nosso trabalho não é querer taxas de juros altas, e essas falsas narrativas que tem, por exemplo, que juros altos beneficiam o rentista".

A fala de Campos Neto, feita durante participação num evento da Esfera Brasil, aparece em meio ao conflito do presidente do BC com o governo Lula (PT) por causa das altas taxas de juros. Em fevereiro, o presidente chegou a dizer que a instituição é autônoma, mas não independente.

Se a independência do Banco Central trouxe para o país uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum dele ser independente. Ele não é independente. Ele é autônomo, mas não é independente. Ele tem compromisso com a sociedade brasileira, com o Congresso e o presidente da República Lula, em entrevista à CNN Brasil

Arcabouço fiscal:

Elogio ao arcabouço. Mais cedo, durante participação em outro evento promovido pelo Bradesco, Campos Neto elogiou a proposta de nova regra para as contas públicas do governo;

A avaliação do BC é de que o chamado arcabouço fiscal é positivo. Segundo Campos Neto, a proposta mostra um "esforço" do governo federal para controlar as contas públicas e o endividamento. A expectativa é que o texto seja enviado pelo governo Lula ao Congresso Nacional na próxima semana;

A proposta elimina o risco de uma dívida com trajetória "explosiva", segundo o presidente do BC;

Nova regra de gastos não garante a queda na taxa de juros. Hoje a taxa é de 13,75% ao ano. Campos Neto diz que é importante avaliar como os anúncios de medidas fiscais estão impactando as expectativas do mercado para a inflação e juros.