Haddad diz que juros são risco real: 'Há espaço para um corte razoável'
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou as reavaliações de agências de risco do Brasil e a queda do desemprego divulgadas essa semana, mas alertou que "não podemos nos iludir", uma vez que os juros reais já estariam provocando desaceleração da economia.
O que aconteceu:
O ministro aproveitou as vitórias para fazer uma cobrança pela redução da taxa básica de juros, a Selic: "Os ventos estão favoráveis". A próxima reunião do Copom, do Banco Central, será na terça-feira (1) e quarta-feira (2).
Haddad citou que a taxa de juros considerada neutra é de 5%. "Estamos com o dobro do neutro, tem um espaço generoso para aproveitar" e "espaço para um corte razoável". A Selic está há praticamente um ano a 13,75%. Nos últimos dias, cresceram no mercado as apostas de um corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Copom. Parte dos analistas, porém, projetam uma redução de 0,25 ponto percentual.
Ele reforçou a autonomia do BC, mas destacou a chegada de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino na diretoria da instituição. "Temos agora dois novos diretores, que podem auxiliar na manifestação, estamos oferecendo os melhores subsídios para uma tomada de decisão robusta. O espaço é real, concreto e deve ser aproveitado", falou sobre os juros.
Haddad ainda disse que a ministra Simone Tebet está "muito alinhada com a Fazenda". Ele também destacou que as votações do arcabouço fiscal e o marco de garantias serão retomadas segundo semestre.
Penso que às vésperas de uma semana importante, a primeira reunião do Copom do segundo semestre, é importante salientar que o mundo inteiro entendeu que está acontecendo alguma coisa boa no Brasil.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Notas melhores
A agência de classificação de risco DBRS Morningstar subiu hoje a nota de crédito do Brasil. Antes, era BB(low) e, agora, o rating foi elevado para BB, com perspectiva estável.
Pouco depois, Austin Rating, alterou a perspectiva do rating soberano do Brasil de estável para positiva, em moeda local. A agência reafirmou o rating do país como BB+. Em moeda estrangeira, a Austin manteve a perspectiva com estável, e o rating em BB+.
Três agências melhoraram a avaliação de risco do país nesta semana. Na quarta-feira (26), a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB. Dentre os motivos, as agências destacaram frutos do trabalho da Fazenda, como o arcabouço fiscal, boa previsão para o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) e expectativa de declínio dos riscos fiscais.
Cabo de guerra entre governo e BC
Desde o começo do governo Lula (PT), o presidente e alguns ministros, como Haddad, fazem pressão para a queda da Selic. Lula chegou a dizer que mexeria na meta de inflação, o que dificultaria as justificativas do Copom para não abaixar a Selic. Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a chamar os juros de "genocidas". Em junho, entidades do setor produtivo se juntaram à manifestação pelo corte da taxa.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que as críticas de Lula demonstram "falta de conhecimento" sobre a autonomia da instituição. "Algumas declarações vão no sentido de não entender a regra do jogo", falou à Folha de S. Paulo em maio.
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