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123milhas: Governo impõe sanções e avalia viabilidade de modelo de negócio

O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou uma série de sanções impostas à 123milhas após a companhia anunciar que não vai emitir passagens com embarque previsto entre setembro e dezembro de 2023 da linha promocional. Ainda, o governo federal vai analisar a viabilidade do modelo de negócios da empresa.

O que aconteceu:

Celso Sabino informou que a 123milhas teve cadastro suspenso no Cadastur, sistema que reúne empresas e pessoas físicas prestadoras de serviços na área de turismo — o cadastro é obrigatório para o pleno funcionamento de agências de turismo. A declaração foi dada hoje, em entrevista à GloboNews.

"O ministério do Turismo já suspendeu o cadastro da 123milhas no Cadastur, um cadastro feito por empreendedores do turismo e que possibilita a aquisição de empréstimos, de financiamento, de leasing", explicou Sabino.

O ministro acrescentou que comunicou o ministério da Fazenda sobre a suspensão da empresa do sistema, já que o cadastro é necessário para que as empresas sejam beneficiadas pelo Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos).

O Perse é um benefício tributário destinado ao setor de turismo. Segundo Sabino, o objetivo é que a 123milhas não faça mais "jus aos benefícios fiscais e tributários concedidos pelo Perse".

Viabilidade do modelo de negócio

O ministro também destacou que o Turismo vai se debruçar para analisar o modelo de negócios da 123milhas e empresas similares, para apurar "até onde são eficientes e seguros aos consumidores".

"Se encontrarmos inviabilidade ou falta de segurança jurídica nessa seara, nós vamos atuar em outras empresas que atuam com o mesmo modelo de negócio", afirmou, ressaltando que "a preocupação do governo agora é garantir direito e proteção" dos consumidores que foram lesados pela companhia.

"A primeira medida é buscar que eles [os consumidores] possam ser atendidos por outras companhias, e a segunda é garantir que, se porventura os contratos não puderem ser cumpridos, os recursos empreendidos pelos cidadãos retornem aos seus bolsos", disse.

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Por fim, Celso Sabino afirmou que "não será por uma laranja podre que vamos permitir que toda a jarra de suco saia estragada", porque "não é interesse do governo de nenhum país ter uma intervenção mais firme, dura, tabelação ou limitamento de tipos de operação ou negócios".

O UOL procurou a 123milhas para pedir um posicionamento sobre as declarações do ministro, mas não obteve retorno. Se a resposta for enviada, este texto será atualizado.

O que aconteceu com a 123milhas

A empresa anunciou que não vai emitir passagens da linha promocional com embarque previsto de setembro a dezembro de 2023. A venda de pacotes da linha "Promo", com datas flexíveis, também foi suspensa por tempo indeterminado.

A 123milhas informou que vai devolver integralmente os valores pagos pelos clientes, mas não em dinheiro. A empresa está oferecendo vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), acima da inflação e dos juros de mercado, para compra de passagens, hotéis e pacotes.

A mudança atinge consumidores que já estavam com passagens compradas. O Procon já notificou a empresa e pediu que a 123Milhas detalhe quais "condições adversas" levaram a empresa a suspender as passagens, que seriam usadas entre setembro e dezembro por clientes.

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Autoridades de diversos órgãos, como os ministérios da Justiça e do Turismo, manifestaram preocupação e informaram que irão notificar a empresa. A opção de reembolso por meio de voucher não pode ser impositiva, tampouco exclusiva, segundo governo.

O Ibraci (Instituto Brasileiro de Cidadania) apresentou à Justiça uma ação civil pública em que pede o bloqueio das contas bancárias ligadas à 123milhas e aos sócios ou acionistas da empresa, após a suspensão de passagens em promoção.

O que é a 123milhas?

A 123milhas é uma agência de viagens online. O consumidor pode comprar passagens, hospedagens em hotéis, pacotes de viagem, aluguel de carro e seguro viagem pela empresa. Há pacotes e voos com datas flexíveis, que tendem a ser mais baratos (que fazem parte da linha Promo). A venda dessa linha foi suspensa temporariamente.

Empresa nasceu em 2017, em Belo Horizonte (MG). A 123milhas diz que já embarcou 15 milhões de clientes para destinos nacionais e internacionais desde a sua criação.

Consumidor pode comprar passagens em reais ou por milhas aéreas. A companhia diz que tem como objetivo oferecer passagens aéreas a preços baixos a todos. Em seu site, a empresa diz que é possível economizar até 50% dos valores propostos pelas companhias de viagem comprando pela plataforma.

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Empresa anunciou plano de fusão com a MaxMilhas em janeiro deste ano. Na época, a MaxMilhas disse que a fusão tinha como objetivo expandir as operações e fortalecer a atuação em todo o mercado nacional. A 123milhas e a MaxMilhas continuaram com operações independentes, mesmo depois do anúncio.

123milhas diz que emite passagens com milhas compradas no mercado. Empresa afirma que os clientes conseguem ter acesso a bilhetes com preços mais baixos, porque compram milhas aéreas no mercado, emitem passagens com estas milhas e vendem aos clientes que compram na plataforma.

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