Conab diz que o quilo do arroz custará até R$ 4 com estoque importado
![Vista aérea de lavoura de arroz alagada pelas chuvas em Eldorado do Sul (RS) fotografada em 31 de janeiro Vista aérea de lavoura de arroz alagada pelas chuvas em Eldorado do Sul (RS) fotografada em 31 de janeiro](https://conteudo.imguol.com.br/63/2024/05/13/vista-aerea-de-lavoura-de-arroz-alagada-pelas-chuvas-em-eldorado-do-sul-rs-fotografada-em-31-de-janeiro-1715591474862_v2_900x506.jpg)
Com os alagamentos que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, o governo ficou em alerta sobre a produção de arroz no país. O estado, que é responsável por 70% da produção do cereal do Brasil, já havia realizado 80% da safra atual, mas sofre com o escoamento e armazenamento desse e de outros produtos.
A meta da União é estocar um milhão de toneladas de arroz, maior quantidade registrada nesta década. Para enfrentar a provável alta nos preços nos próximos meses, o governo autorizou a importação de arroz de vizinhos do Mercosul em um primeiro momento e de países do sudeste asiático posteriormente.
O objetivo é garantir que o preço do saco de 5 kg não passe de R$ 20 ao consumidor final. Já na próxima terça-feira (21), serão adquiridas mais de 100 mil toneladas da safra de 2023/2024 em leilão.
Estratégia é para evitar a escassez
A importação de arroz para abastecer o estoque é estratégia para não haver escassez, não necessariamente para manter preços baixos. É o que diz Alexandre Chaia, professor de Economia no Insper. "Vejo mais como uma preocupação com a falta do que conter a inflação. Se os governos anteriores não tivessem esvaziado os estoques, não precisaríamos importar de forma tão urgente. A importação é normal, mas se o governo tivesse o objetivo de manter os preços acessíveis, já estaria trabalhando em restabelecer o estoque deste e de outros produtos.", analisa.
Com a maior parte da safra do RS já colhida, além da quantidade do cereal importado, a União conseguirá impedir a alta nos preços. "A Conab estima que o Rio Grande do Sul produz 7,50 milhões de toneladas - tendo em vista que a maior parte da safra foi colhida. Assim, a necessidade seria de aproximadamente 1,50 milhão de toneladas a mais, o que será cumprido com as importações.", finaliza.
A procura pelo arroz internacional é natural nesse momento de crise. Segundo o pesquisador do Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) Thiago Carvalho, "independente do produto afetado, o mercado sempre vai procurar se ajustar. Se o preço de um determinado item sobe em um país, o comércio internacional já se prepara para a venda deste produto".
A quantidade de arroz importada é suficiente para conter a inflação, mas tudo depende da dinâmica da safra colhida no Rio Grande do Sul. "Um milhão de toneladas é o bastante para controlar a alta dos preços, mas é necessário olhar para o problema do escoamento que está acontecendo com a safra atual, principalmente a curto prazo."
Para que servem os estoques?
A formação de estoques públicos tem como objetivo garantir a renda do produtor, servir a população em casos de emergências e evitar grandes oscilações de preço. Funciona da seguinte forma: o governo compra os produtos quando estão com valores mínimos e os vendem em momentos necessários, como em períodos de escassez ou inundações, como as que estão acontecendo no Sul. O Brasil mantém essas reservas desde 1960, com produtos como trigo, milho, café, feijão, arroz, leite em pó, entre outros.
Nos últimos anos, os estoques foram sendo vendidos e não houve investimento em reposição até 2023. A Conab retomou os armazenamentos começando pelo milho. Foram adquiridas 352 mil toneladas do grão no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Esse estoque vem sendo usado no Programa Venda em Balcão (ProVB) e custou R$ 262 milhões aos cofres públicos.
A Conab também comprou 2 milhões de toneladas em leite em pó, que está sendo usado para atender famílias em situação de insegurança alimentar. Os recursos vieram do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O investimento total foi de R$70,5 milhões.
Os produtos são estocados em 64 unidades armazenadoras espalhadas pelo país, com 126 armazéns. Redes privadas também podem se credenciar para armazenar os estoques públicos.
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