Casa China aposta em megalojas de utensílios e quer taxação das chinesas

A Casa China é o destino dos paranaenses que precisam comprar qualquer coisa entre uma garrafa térmica e a ração do pet. Fundada em 1997, a rede tem hoje 65 unidades. Recentemente, tem apostado em megalojas para reforçar sua marca e oferecer um portfólio maior de produtos.

Negócio familiar

A rede foi fundada em Curitiba por Akira Yamashita e Adécio Toshiai Nomura, que são tio-avô e pai do atual CEO, Douglas Nomura. A família do Japão para o Brasil na década de 1930. A aposta no varejo veio com o crescimento das lojas de R$ 1,99. Antes disso, a família já tinha tido relojoaria, mercado e lanchonete.

Vendemos artigos para a casa, brinquedos, ferramentas. Tudo o que você precisa na sua casa, vai encontrar na Casa China. E trabalhamos também muito com os produtos sazonais. Com a variedade, não conseguimos mais abrir lojas pequenas. As nossas lojas mais novas são grandes, com uma fachada bem imponente.
Douglas Nomura, CEO da Casa China

O modelo deu certo e o número de lojas cresceu. Para dar conta da ampliação, os empreendedores incluíam outros membros da família na administração. Até hoje a Casa China é um negócio totalmente familiar.

O CEO calcula que cerca de 50 pessoas da família atuam no negócio. No modelo da Casa China, membros da família ficam responsáveis por algumas lojas. Um conselho gestor, também formado 100% por integrantes da família, garante a unidade do negócio. Hoje cinco sócios representam 80% do negócio. "A gente resolve tudo num no churrasco de domingo com a família", diz.

Douglas Nomura tem 30 anos de idade e assumiu como CEO no ano passado. Ele cresceu nas lojas da família e desde os 19 anos participa mais de perto das negociações da diretoria. Antes de assumir o comando da empresa, Nomura se aventurou em um negócio próprio — e cometeu os próprios erros como empreendedor. Importei um container de guarda-chuvas e levei mais de três anos para vender tudo", lembra.

Inspiração nas Casas Bahia e Havan

Fachada da loja da Casa China em Paranaguá (PR)
Fachada da loja da Casa China em Paranaguá (PR) Imagem: Casa China/Divulgação

A Casa China se inspira e gigantes do varejo. O nome Casa China foi inspirado em uma loja de bugigangas famosa no Paraguai. Trazido para o Brasil, o nome também remete às Casas Bahia, rede na qual a paranaense se inspirou para criar um mascote próprio, o Chininha - nas Casas Bahia o mascote é o Baianinho. Apesar da inspiração, vender eletrodomésticos não está nos planos. "Linha branca dá prejuízo", diz Nomura.

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No modelo de negócio, a Casa China está mais próxima da Havan. Vende itens menores, com foco nas utilidades domésticas. Mais recentemente, também tem apostado em lojas maiores, assim como a rede de Luciano Hang, cujas unidades chegam a 20 mil metros quadrados de área construída.

Recentemente, a Casa China abriu uma loja de 2.200 metros quadrados, com investimento de R$ 5 milhões. A unidade fica em Paranaguá, litoral do Paraná, e tem 100 mil produtos. Outra loja aberta esse ano foi em Itajaí (SC), também na casa dos 2 mil metros quadrados.

O tamanho das lojas aumentou com o tempo, diz o CEO. As primeiras unidades tinham cerca de 500 metros quadrados. Com o tempo, o portfólio foi aumentando e o tamanho da loja também.

O modelo fortalece a presença da marca no mercado. "A megaloja trabalha a presença de marca e fortalece o negócio como um todo. É uma forma de se impor mais no mercado", diz Priscila Saad, diretora de operações da AGR Consultores.

Além da variedade, outro foco da rede é o preço baixo. Para conseguir manter esses preços, a rede trabalha na negociação com fornecedores. Os preços vão de R$ 1,99 a R$ 200, tudo com possibilidade de parcelamento. "Parte do nosso propósito é gerar economia para a população", diz o CEO.

Produtos da China

No início do negócio, a maior parte dos produtos era importada. Hoje os itens chineses são cerca de 30% do portfólio. Dentre os importados estão brinquedos, mochilas, talheres, flores artificiais e produtos de Natal.

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Nomura vai todos os anos à China em busca de novidades. "Já fui umas vinte vezes. E todo ano eles mudam muito. Parece que é uma nova China", diz.

A indústria nacional hoje fornece 70% do portfólio. Os produtos brasileiros são principalmente os utensílios de plástico. A rede também mantém parcerias com marcas como Tramontina, Plasutil, Tilibra e Faber Castell.

O empresário critica a isenção para compras internacionais até US$ 50. "Tudo o que a gente vende está abaixo de US$ 50 dólares. Estamos competindo com um player 100% isento, é uma concorrência desigual e injusta. Afeta nosso crescimento e leva ao fechamento de empresas", diz.

Crescimento

A Casa China cresceu cerca de 60% nos últimos três anos. Só em 2023, foram abertas oito lojas e o crescimento foi de 30%. Para este ano por enquanto estão previstas três unidades. A maior parte das lojas da rede está no Paraná, mas há também unidades em Santa Catarina e no Mato Grosso.

Nomura não estabelece uma meta de expansão de lojas e diz que o importante não é o número de lojas, mas sim o de vendas. "O que importa mesmo é o faturamento por loja e por metro quadrado. Nossa loja nova equivale a três ou quatro lojas antigas" diz. A rede não divulga faturamento.

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Um desafio para a empresa crescer é melhorar a governança. A Casa China agora tem começado a estruturar melhor sua governança, mas o processo ainda é incipiente, diz o CEO.

A empresa é familiar e estamos aprendendo como funciona ter uma estrutura de governança, qual a importância, o que a gente precisa fazer para mudar, estamos nesse processo, ainda não tem nada estruturado.
Douglas Nomura

Outros desafios são avançar em tecnologia e se manter próxima das gerações mais jovens. "Eles têm um caminho grande para trabalhar mais na tecnologia. E isso ajuda também a trazer as gerações Z e Alpha, menos acostumadas ao ambiente físico", diz Saad, da AGR Consultores.

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