Fuga de investidores e doença de aves no Sul fazem Bolsa cair e dólar subir
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta quinta-feira (18) em baixa, pelo segundo dia consecutivo. O Ibovespa perdeu 1,39%, indo a 127.652 pontos. O dólar terminou o dia em alta de 1,89%, indo a R$ 5,587. Confira a cotação em tempo real aqui.
O que aconteceu?
Na Bolsa, os investidores estrangeiros voltaram a sair do mercado brasileiro. "Com a depreciação do real, os investidor estrangeiros, que são 50% do volume da Bolsa, saem do mercado nacional", diz Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória.
Além disso, um problema no setor agropecuário atingiu ações de frigoríficos. O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP) confirmou um foco da Doença de Newcastle (DNC) no Rio Grande do Sul. Isso fez as ações da BRF (BRFS3), dona da Sadia e da Perdigão, caírem forte neste pregão. BRF e outras empresas têm muitos fornecedores no estado.
Os frigoríficos foram a estrela dentre as altas da Bolsa no primeiro semestre. Mas hoje, BRFS3 teve queda de 7,66%, conforme dados preliminares, indo a R$ 20,86. Marfrig (MRFG3) desvalorizou 9,40, para R$ 11,18.
E o dólar?
A manutenção dos juros na Europa ajudou o dólar a subir. Após reduzir as taxas de juros a níveis recordes no mês passado, o Banco Central Europeu manteve as taxas. Isso já era esperado, pois até mesmo algumas de suas autoridades monetárias consideraram o corte anterior precipitado.
Na Europa, a inflação está estagnada em 2,5% (junho) e ainda não chegou à meta de 2% ao ano. "A expectativa é de um possível corte nas taxas em setembro, alinhado com as projeções para o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos", diz Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio.
"Essa manutenção aumenta a aversão a risco dos investidores", diz Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank. Eles, então, preferem ficar longe de mercados emergentes, como o Brasil e vão, por exemplo, para o Japão, onde o banco central tem agido para aumentar o valor do iene.
Os investidores estão em busca do que for mais seguro. "Em meio a um cenário de incertezas, eles buscam segurança em títulos de renda fixa americanos, impulsionando a valorização do dólar globalmente. O ouro também se destaca como ativo de proteção, atingindo recordes de preço", diz Brotto.
Nos últimos 30 dias, o preço do ouro subiu 5%, segundo a Investing.com. Passou de US$ 2.344 por onça para US$ 2.468.
E a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à TV Record continua repercutindo. Ele falou à emissora na noite de terça-feira. Mas trechos da entrevista foram indevidamente vazados na tarde daquele dia. "Quando ele diz que ainda precisa ser convencido de que existe ou não necessidade de cortar gastos, isso passa uma sinalização negativa para os investidores", diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
O que Lula realmente disse?
Primeiro eu tenho que estar convencido se há necessidade ou não de cortar (R$ 25 bilhões em gastos). Você sabe que eu tenho uma divergência histórica, uma divergência de conceito com o pessoal do mercado. É que nem tudo que eles tratam como gasto, eu trato como gasto. (...) A minha mãe dizia que a gente nunca pode gastar mais do que a gente ganha. Se a gente tiver que fazer uma dívida, nós temos que fazer uma dívida em alguma coisa que aumenta o nosso patrimônio. Para você ter uma ativo a mais. É isso que balizou o meu comportamento na questão da economia. (...). Eu, às vezes, fico irritado porque eu não sou um marinheiro de primeira viagem. Eu sou o presidente da República mais longevo desse país depois de Getúlio Vargas e Dom Pedro II. Eu tenho experiência de administração bem sucedida. O que aconteceu no país de 2003 a 2010? Esse país cresceu em média 4% ao ano. O maior crescimento dos últimos anos. Quando eu deixei a presidência, esse país crescia 7,5%. O varejo crescia 13% e o PIB crescia 7,5%, com a inflação controlada. É esse país que eu estou construindo e se você pegar os dados de hoje, os dados de hoje (...), você vai perceber que não tem o único número, um único número que diga que o Brasil tem qualquer problema. A gente tá crescendo mais do que a previsão do mercado, o mercado previa 08, nós crescemos 3%, o mercado previa inflação descontrolada. A inflação está totalmente controlada, sabe. A única coisa que não está controlada é a taxa de juro.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Projeção do PIB
O Ministério da Fazenda manteve a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2,5% para 2024. A pasta informou ainda ter reduzido as expectativas do PIB em 2025, de 2,8% para 2,6%. Para Bonani, analista da Alphamar Invest,, o fato de o governo manter a expectativa de crescimento mesmo com a calamidade no Rio Grande do Sul é um bom sinal. "Teve ainda a baixa nas safras agrícolas, por causa do El Niño. Então, manutenção é sim um bom resultado", diz Bonani.
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