Voa Brasil vendeu menos de 1% de passagens, mas tem papel social importante

Os aposentados compraram mais de 10 mil passagens em 50 dias de Voa Brasil. Apesar de o dado representar menos de 1% de todas as passagens disponibilizadas pelo programa em dois meses de funcionamento, especialistas ouvidas pelo UOL afirmam que o Voa Brasil tem papel essencial para permitir que mais pessoas tenham acesso ao turismo e que pode ser considerado bem-sucedido até o momento.

Dados do programa

Voa Brasil diz que foram reservadas 10 mil passagens para 68 municípios. As passagens são vendidas por até R$ 200 e plataforma recebeu mais de 150 mil acessos de aposentados, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos. Nesta primeira fase, programa está disponível apenas para aposentados do INSS que não tenham viajado de avião nos últimos 12 meses.

Principais destinos são Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Do total, 45% dos voos foram para o Sudeste e 40% para o Nordeste.

Veja os 10 destinos mais procurados:

  • São Paulo (SP)
  • Rio de Janeiro (RJ)
  • Fortaleza (CE)
  • Recife (PE)
  • Salvador (BA)
  • Brasília (DF)
  • Belo Horizonte (MG)
  • Natal (RN)
  • João Pessoa (PB)
  • São Luís (MA)

Desempenho do programa

Programa é um sucesso. Esta é a visão de Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV, e Ana Carolina Medeiros, presidente da ABAV Nacional (Associação Brasileira de Agências de Viagens). Para Beni, é necessário olhar mais do que o número de passagens vendidas pelo programa para considerar se ele está sendo bem-feito ou não.

Voa Brasil vendeu 0,33% do total de passagens disponíveis. O governo anunciou 3 milhões de passagens ao programa e foram reservadas mais de 10 mil. Avaliar apenas o número não é suficiente neste caso, segundo Beni.

Quando fazemos uma análise econômica precisamos entender que a economia é uma ciência social. Estamos falando de 10 mil pessoas que estão voando e que não faziam isso antes. Quando pega esse volume, imagina a quantidade de histórias e experiências que essas 10 mil pessoas, que são aposentadas, que não voavam há 12 meses, estão tendo.
Carla Beni, economista da FGV

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Era esperado que percentual fosse baixo no início do programa. Beni diz que os aposentados precisam se planejar e que os custos de uma viagem são maiores do que a passagem a R$ 200, como hospedagem, transporte no local e alimentação. Cerca de 60% dos aposentados e pensionistas recebem até um salário mínimo de aposentadoria, diz Beni.

Essas pessoas estão voando, visitando outras cidades, estados. Esse pacote de experiências que essas pessoas estão tendo é real, é concreto. Sob essa ótica, o programa está sendo muito importante, porque ele permite que pessoas que não tinham condições de viajar passassem a ter. A viagem é importante para rever pessoas ou por turismo propriamente, que é quase um direito.
Carla Beni, economista da FGV

Beni defende a inclusão de outros grupos no programa. No em evento de lançamento do Voa Brasil, em julho, o governo prometeu uma segunda fase destinada a estudantes do ProUni e Pronatec, mas não há previsão de início.

Setor de turismo também ganha. Medeiros defende que o Voa Brasil faz com que pessoas que não tinham acesso às viagens passem a ter e que tem um retorno positivo ao turismo como um todo.

Companhias aéreas só ganham com Voa Brasil. As passagens destinadas ao programa são determinadas pelas empresas. Caso o aposentado desista de viajar, as companhias não são obrigadas a reembolsar os R$ 200 da passagem.

O governo ganha politicamente por ter lançado o programa e as empresas não perdem nada. Aquele assento estatisticamente estava ocioso. Então ocioso ou por R$ 200, a companhia está no lucro, continua se divulgando e se a pessoa cancelar não tem dinheiro de volta. Ninguém está perdendo, ninguém está pagando por isso.
Carla Beni, economista da FGV

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Quem tem direito ao Voa Brasil

Primeira fase é destinada a aposentados do INSS. Podem comprar apenas os beneficiários que não viajaram nos últimos 12 meses. Cada beneficiário terá direito a dois bilhetes aéreos por ano. O governo federal afirma que cerca de 23 milhões de pessoas terão direito à passagem por R$ 200.

Controle de venda de passagens será feito na hora de acesso ao site. Se a pessoa não for aposentada ou for, mas tiver viajado nos últimos 12 meses, aparecerá uma mensagem na tela dizendo que ela não é elegível ao programa. O cruzamento de dados vai considerar as informações do gov.br com a Polícia Federal.

Segunda fase deve ser destinada a estudantes. O ministro Costa Filho afirma que a nova etapa será destinada a estudantes do ProUni e Pronatec, mas não informou quando isso vai acontecer.

Governo afirma que não há subsídio federal para o programa. O programa funciona com base na liberdade de oferta das companhias aéreas, segundo o governo, e que não vai gerenciar rotas, datas, horários e assentos que serão ofertados no programa.

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