Mercado financeiro prevê inflação de 2024 acima do teto da meta pela 1ª vez
Os analistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo BC (Banco Central) elevaram, pela quarta semana consecutiva, as expectativas de inflação para este ano. Os dados divulgadas nesta segunda-feira (28) estimam que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terminará 2024 com alta de 4,55%. A projeção é a primeira a sinalizar que a inflação vai furar o teto da meta neste ano.
Como deve ser a inflação
Mercado financeiro prevê inflação em 4,55% neste ano. A variação estimada corresponde à quarta alta consecutiva das previsões para o IPCA. Há uma semana, a aposta era de alta do índice em 4,5%. Há quatro, a projeção sinalizava para uma alta de 4,37%.
Projeção é a primeira a mostrar o IPCA acima do teto da meta. O intervalo estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) determina que o IPCA deve terminar este ano em 3%. O valor tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, entre 1,5% e 4,5%.
Expectativas saltaram 0,6 ponto percentual desde janeiro. A mediana das projeções para o IPCA de 2024 era de 3,9% em 2 de janeiro. O percentual caiu para a faixa de 3,7% em abril e voltou a subir até a previsão atual de inflação acima do teto da meta.
BC avalia que chance de o IPCA furar o teto da meta é de 36%. A projeção foi apresentada no último RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado em setembro. O valor é 8 pontos percentuais superior à estimativa de junho.
Para este mês de outubro, a previsão é que o IPCA apresente alta de 0,51%. Isso representa que a inflação deve ganhar força diante do avanço de 0,44% dos preços em setembro, que representou a maior alta para o mês desde 2021. Para novembro e dezembro, as projeções são de alta do índice oficial são de 0,2% e 0,5%, respectivamente.
Previsão para os preços administrados subiu para 5,08%. Em alta pela oitava semana consecutiva, as expectativas mostram um avanço de 5,06% dos valores. O índice avaliado incluí o preço dos combustíveis, planos de saúde e energia elétrica.
Furo da meta obriga BC a enviar carta ao governo. Caso a nova expectativa seja confirmada, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, vai precisar justificar a ocorrência ao Ministério da Fazenda. Isso acontece porque a perseguição da meta é uma das funções do BC.
As expectativas para a inflação de 2025 também subiram, de 3,99% para 4%. Já para os anos de 2026 e 2027, as projeções permanecem estáveis em, respectivamente, 3,6% e 3,5%.
Como devem ficar os juros
Mercado vê mais duas elevações da taxa Selic neste ano. As projeções consideram dois avanços de 0,5 ponto percentual dos juros básicos, dos atuais 10,75% ao ano para 11,75% ao ano. Os próximos dois encontros do Copom (Comitê de Política Monetária) acontecem em novembro e dezembro.
As projeções para 2025, 2026 e 2027 seguem estáveis. As estimativas apontam que a taxa básica de juros chegará ao final do próximo ano em 11,25% ao ano. Para 2026 e 2027, os analistas preveem que o ritmo de cortes da Selic será mantido para, respectivamente, 9,5% ao ano e 9% ao ano.
Estimativas de inflação mais alta influenciam na definição dos juros. As apostas para a Selic consideram que a taxa é a principal ferramenta de política monetária para conter o avanço da inflação. A avaliação considera que os juros mais baixos estimulam o consumo e, consequentemente, ocasionam na alta dos preços.
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