Imóveis de luxo associados a grifes têm valorização de 30%, diz pesquisa
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Uma pesquisa mostra que imóveis de luxo associados a grifes podem ter valorização média mundial de até 30% na comparação com outros empreendimentos.
Conhecido por "branded residences", o uso de marcas renomadas em empreendimentos imobiliários virou tendência em Balneário Camboriú e região nos últimos anos e tem atraído a atenção de investidores e de outras regiões do país.
O que mostra a pesquisa
Valorização de imóveis associados a grifes varia conforme alguns critérios. A consultoria imobiliária Savills, responsável pela pesquisa, aponta três deles: localização, marca e tipo de parceria - entre a construtora e a grife.
Maior valorização ocorre em mercados emergentes, onde grifes de luxo atraem um número crescente de pessoas com alto patrimônio. "Acordos nesses locais podem comandar uma valorização média de 54% em comparação com ações sem marca. Em mercados onde existem poucos ou nenhum esquema de marca, um projeto de marca pode atingir o dobro do preço de ações sem marca comparáveis", observa a consultoria, que tem mais de 700 escritórios espalhados pelo mundo.
Compra de "imóveis assinados" ocorre por segurança, alta qualidade do produto e status implícito, aponta pesquisa. A especialista em mercado imobiliário da Sort Investimentos, Jaqueline Romão, entende que o consumidor interessado neste tipo de imóvel espera encontrar a mesma qualidade do produto de luxo no empreendimento. "O morador quer se sentir pertencente àquela marca. Mais do que um imóvel, ele quer uma experiência de vida. Hoje, essa experiência não é só mais de hotéis, ele quer trazer essa experiência para o dia a dia dele", observa Romão.
Bastidores dos branded residences

Negociações com as marcas podem levar meses e até anos. Em Balneário Camboriú, a construtora Embraed tem dois empreendimentos assinados: um com a Armani/Casa e outro com a Tonino Lamborghini. Cada negócio levou um tempo diferente para ser fechado. Na parceria com a Tonino Lamborguini, as primeiras conversas ocorreram em 2017, com a assinatura do contrato no ano seguinte e o lançamento do empreendimento em 2019. Já com a Armani, as tratativas iniciaram-se em 2020 e o contrato só foi assinado em 2024, explica a CEO da Embraed, Tatiana Rosa Cequinel. "Teve pandemia no meio e o contrato foi bastante discutido", explica Cequinel. Já a Gessele Empreendimentos levou dez meses para fechar a parceria com a marca de iates Okean para a construção do prédio Charles II na cidade de Itapema - vizinha de Balneário Camboriú.
Nós começamos a estreitar relações com a grife, ficamos 'namorando', vendo se as marcas se conectavam e acabamos fechando. Foi uma negociação muito tranquila. Paula Gessele, vice-presidente da Gessele Empreendimentos
Venda de "imóveis assinados" é mais rápida. Das 67 unidades no Tonino Lamborghini, não há mais nenhuma disponível para venda. E o prédio só vai ser entregue em 2026. "A gente vendeu muito rápido, há mais de um ano que não temos nenhuma unidade disponível", conta a CE0 da Embraed. Na Gessele Empreendimentos, o edifício Charles II nem foi lançado e já tem 50% das unidades reservadas.

Valorização pode ser superior à média mundial. Em 2020, um apartamento no Tonino Lamborghini foi vendido a R$ 4 milhões. Hoje, está avaliado em mais de R$ 10,5 milhões. "É uma valorização superior a 160%", observa Romão. Na Praia Brava de Itajaí, também vizinha de Balneário Camboriú, um projeto da CK em parceria com a marca Artefacto já registra índice de 75% de valorização. Em setembro de 2021, quando o empreendimento foi lançado, uma unidade custava R$ 1.540.000,00 e, agora, o preço médio de venda fica em torno de R$ 2.700.000,00.
Mercado de "branded residences" é dominado por hotéis de luxo, segundo pesquisa. Na Praia Brava também vai ser construído o empreendimento "Tempo", assinado pelo renomado escritório de arquitetura Foster and Parteners, de Londres. Além disso, em uma das oito torres vai funcionar o hotel seis estrelas Emiliano. Moradores dos outros prédios do empreendimento vão poder ter acesso ao serviço de quarto, às piscinas do Emiliano e ao concierge disponibilizado para os hóspedes do hotel, observa Arthur Fischer Neto, diretor da incorporada Müze, que está à frente do projeto. A oferta de serviços de hoteleira é considerada um dos diferenciais do empreendimento e visa dar mais satisfação ao cliente no momento pós-obra, entende Leandro Melnick, CEO da incorporadora gaúcha Melnick, empresa que presta consultoria ao projeto.
No momento da compra a marca ajuda porque agrega valor. Depois que o cliente começa a usar o apartamento, ele às vezes se decepciona porque não consegue visualizar com tanta clareza o valor agregado daquela marca no dia a dia da sua vida. A marca fica muito no status, num detalhe, num móvel de cozinha que, ao longo do uso do empreendimento, acaba não ficando tão relevante. Quando tu põe um hotel vai ter o restaurante do hotel, vai poder contratar os serviços, os amigos e familiares vão poder ficar dentro do hotel. São serviços que realmente vão impactar no uso do imóvel no pós-entrega
Leandro Melnick, CEO da Melnick

Há construtoras que optam por não fazer associação, mas esbanjam itens de marca. Na Praia Brava está sendo construído o que deve ser o maior spa residencial do Brasil, chamado de Atmosphere. Ao todo serão 320 apartamentos, distribuídos em oito torres de 23 andares. Por lá, todos os pisos utilizados nas áreas comuns e nos apartamentos vão ser da marca italiana Versace. Nas áreas comuns também haverá mobílias da Versace, como sofás, aparadores e cadeiras. E no spa, os moradores vão poder utilizar a rouparia da marca.
Devem ser gastos entre R$ 60 milhões a R$ 70 milhões com esses itens. "A gente não quis assinatura por conta de detalhamento do projeto da fachada. A gente queria que fossem linhas mais curvas, para lembrar do mar", explica Wadis Dall Oglio Neto, diretor na Dall Empreendimentos, responsável pela obra.
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