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Dilma escolhe Bendine, do BB, para presidir Petrobras, dizem fontes

Luis Ushirobira/Valor
Imagem: Luis Ushirobira/Valor

06/02/2015 11h03

Por Jeferson Ribeiro e Luciana Otoni

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff escolheu um homem de sua confiança, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para assumir o comando da Petrobras, disseram três fontes do governo nesta sexta-feira (6), desapontando investidores que torciam por um nome do mercado para recuperar a imagem da petroleira arranhada por um escândalo de corrupção.

Bendine, funcionário de carreira do BB, está à frente do maior banco da América Latina desde 2009. Sob sua chefia, a instituição federal liderou uma ofensiva do governo petista no crédito para atenuar os efeitos da crise financeira global na economia brasileira.

A escolha de Bendine indica as dificuldades que Dilma teve para costurar a sucessão na Petrobras de forma súbita, em 48 horas, com a renúncia repentina da presidente Maria das Graças Foster e de outros cinco diretores da companhia, em um movimento que surpreendeu o Palácio do Planalto.

Além disso, por ser bastante alinhado às políticas do atual governo, a colocação de Bendine na liderança da Petrobras frustra expectativas de investidores e analistas de que o novo líder da petroleira viesse do mercado.

O Conselho de Administração da Petrobras está reunido nesta sexta para eleger um nome indicado pela Presidência da República para ocupar a cadeira de presidente-executivo da petroleira, que está no centro de um escândalo bilionário de corrupção.

Além de Bendine, o Conselho apontará o atual vice-presidente financeiro do BB, Ivan Monteiro, para a diretoria de Finanças da Petrobras, segundo disse à Reuters uma fonte próxima ao banco, que falou sob condição de anonimato.

"O Bendine é uma pessoa muito identificada com a primeira gestão do governo Dilma. O BB foi absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão e a Petrobras precisaria de alguém mais independente, que peitasse o governo em determinadas situações e não fizesse loteamento de cargos", disse à Reuters o sócio da Órama Investimentos Álvaro Bandeira, no Rio de Janeiro.

Para Bandeira, nomes que vinham circulando na mídia para a Petrobras, como o de Murilo Ferreira, presidente da Vale, e o de José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem, seriam opções melhores. "Pesa por não ser alguém do setor, mas pesa mais por ser identificado com a primeira gestão de Dilma", afirmou.

O novo comando da empresa terá entre seus desafios iniciais a regularização da publicação das demonstrações financeiras da estatal. Isso em meio à apuração de um escândalo de corrupção que exigirá que a companhia realize baixas contábeis bilionárias de ativos sobrevalorizados.

Renúncia coletiva

A renúncia de seis altos executivos da Petrobras na quarta-feira surpreendeu autoridades em Brasília, que previam uma mudança na diretoria da estatal apenas no fim do mês.

Na terça-feira, Dilma aceitou o pedido de demissão de Graça Foster, mas tinha acertado a permanência da executiva no cargo por mais algumas semanas. Mas outros cinco diretores da Petrobras não aceitaram ficar por mais tempo, precipitando a saída também de Graça Foster.

Já bastante desgastados, os diretores da Petrobras que estão deixando os postos não quiseram mais ser diretamente associados ao escândalo de corrupção, o maior da história do país, com denúncias de sobrepreço de contratos para beneficiar ex-funcionários, executivos de empreiteiras e políticos.

Procurada, a Petrobras informou que não comentaria a informação de que Bendine será o novo presidente da estatal e disse que qualquer comunicação oficial será feita por meio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

(Reportagem adicional de Priscila Jordão e Aluísio Alves, em São Paulo)