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Trump assina decreto revogando políticas climáticas da era Obama

28/03/2017 18h48

Por Valerie Volcovici e Jeff Mason

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira um decreto que revoga uma série de regulações da era Obama para conter as mudanças climáticas, mantendo uma promessa de campanha de apoiar a indústria do carvão, enquanto põe em xeque o apoio dos EUA a um acordo internacional para combater o aquecimento global.

Ao lado de mineiros de carvão, Trump assinou o decreto "Independência de Energética" na Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). Uma coalizão de 23 Estados e governos locais prometeu combater o decreto nos tribunais.

O principal alvo do decreto é o Plano de Energia Limpa de Obama, que exige que os Estados eliminem as emissões de carbono das usinas de energia --um elemento crítico para ajudar os EUA a cumprirem seus compromissos com um acordo climático global firmado por quase 200 países em Paris em dezembro de 2015.

O decreto também rescinde a proibição de exploração de carvão em terras federais, reverte regras para a contenção de emissões de gás metano resultantes da produção de gás e petróleo e reduz o peso da mudança climática e emissão de carbono nas decisões políticas e permissões de infraestrutura.

O dióxido de carbono e o metano são dois dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, o que segundo cientistas causa o aquecimento global.

"Meu governo está colocando um fim à guerra ao carvão", disse Trump antes de assinar o decreto. "Com o decreto de hoje, estou dando passos históricos para levantar as restrições à energia americana, para reverter a intromissão do governo e cancelar a regulamentação que mata empregos", disse Trump na EPA.

A sala estava cheia de mineiros, executivos de companhias de carvão e funcionários de grupos industriais, que aplaudiram alto quando Trump falou. As ações das empresas de carvão dos EUA subiram após a assinatura.

O decreto abrangente é o mais ousado adotado até agora por Trump em sua agenda ambiciosa para reduzir a regulação ambiental e impulsionar as indústrias de perfuração e mineração, uma promessa que ele fez repetidamente durante a campanha presidencial de 2016.

Analistas de energia e executivos questionaram se o movimento terá grande efeito sobre suas indústrias, e os ambientalistas o classificaram de imprudente.

"Não posso dizer quantos postos de trabalho o decreto vai criar, mas posso dizer que ele dá confiança em relação ao compromisso deste governo com a indústria do carvão", disse o presidente da Associação de Carvão de Kentucky, Tyler White, à Reuters.

Grupos ambientalistas desprezaram o decreto de Trump, argumentando que é perigoso e vai contra a tendência global mais ampla em direção a tecnologias de energia mais limpas.

"Essas ações são um ataque aos valores americanos e põem em perigo a saúde, a segurança e a prosperidade de todos os americanos", disse o ativista ambientalista Tom Steyer, o chefe do grupo ativista NextGen Climate.

(Reportagem adicional de Timothy Gardner)