EXCLUSIVO-Fundos de pensão e BNDESPar planejam venda de cerca de 3% da Vale
Por Tatiana Bautzer e Carolina Mandl e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Fundos de pensão brasileiros liderados pela Previ planejam vender de 10 a 12,5 por cento de suas participações na mineradora Vale por meio de uma oferta pública de ações, disseram quatro fontes com conhecimento do assunto.
Essa venda pode atingir até 8 bilhões de reais se o BNDESPAr, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também vender parte de sua fatia na Vale, adicionaram as fontes, que pediram anonimato pois as conversas ainda são privadas.
A japonesa Mitsui e a holding de investimentos Bradespar, que são acionistas do bloco de controle da Vale juntamente com fundos de pensão, não venderão nenhuma parcela de suas participações na Vale na operação em questão, destacaram as fontes.
A venda de ações representa um próximo passo na pulverização do bloco de controle da Vale, depois que a maior produtora de minério de ferro do mundo unificou suas ações para ordinárias e migrou para o Novo Mercado, o mais alto nível de governança da bolsa paulista B3.
As ações da Vale ganharam mais de 30 por cento desde então, operando atualmente acima de 40 reais.
Os fundos de pensão e o BNDESpar planejavam a oferta de ações para o próximo mês, mas um acionista relevante, recentemente, começou a considerar atrasar a venda para o próximo ano, já que a volatilidade pré-eleitoral começa a afetar os preços dos papéis das empresas brasileiras, uma das fontes adicionou.
A transação foi discutida nos últimos meses por Previ, Petros, Funcef e Fundação Cesp, fundos que administram as aposentadorias dos funcionários do Banco do Brasil, da Petrobras, da Caixa Econômica Federal e da elétrica Cesp, respectivamente.
Se o BNDESPar se juntar à transação, também venderá de 10 a 12,5 por cento de sua participação, disseram as fontes. Os fundos detêm 21,3 por cento da Vale por meio da holding Litel Participações, enquanto o BNDESPar têm 7,8 por cento.
Uma venda conjunta entre os fundos de pensão e o BNDESPar poderia envolver entre 2,9 e 3,6 por cento do capital total da empresa, acrescentaram as fontes.
Previ, Petros, Funcef, Fundação Cesp, BNDESPar, Mitsui e Bradespar preferiram não comentar.
Os acionistas controladores foram proibidos de vender suas participações na Vale por seis meses após a transação que converteu as ações preferenciais da mineradora em ações ordinárias, medida necessária para a companhia aderir ao Novo Mercado da B3. Esse período, conhecido como "lock-up", terminou em fevereiro, mas apenas para 50 por cento das participações detidas pelos controladores. O restante de suas participações ficarão em "lock up" até 2020.
Bancos de investimento ainda não foram contratados para administrar a oferta porque os acionistas ainda estão decidindo sobre os detalhes da transação.
PERDAS DO FUNDO DE PENSÕES
A venda pode ajudar Petros e Funcef a cobrir parte de seus déficits atuariais e ajudar a pagar aposentados enquanto os fundos se recuperam de perdas e investigações recentes relacionadas a corrupção em investimentos supostamente ruins.
A exceção no grupo é a Previ, que tem a maior participação na Vale e tem tido superávits em seus investimentos nos últimos anos.
O BNDESPar também começou a se desfazer de grandes participações em empresas brasileiras acumuladas durante um período em que o banco investiu pesadamente nos chamados "campeões nacionais" - uma política encerrada pelo banco.
O braço de investimentos do BNDES acaba de realizar o maior desinvestimento de sua história, vendendo parte de sua participação na Fibria Celulose como parte de uma aliança com a rival Suzano.
Em uma entrevista recente à Reuters, o presidente-executivo da Bradesco, Octavio de Lazari Jr., disse que o banco pretende manter sua participação na Vale: "Ainda esperamos obter altos retornos potenciais com a Vale, vemos um bom futuro para a empresa", acrescentou.
A Mitsui também pretende permanecer na Vale para o longo prazo como um investidor estratégico, de acordo com fontes.
(Por Tatiana Bautzer e Carolina Mandl, em São Paulo, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)
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