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Transmissora indiana Sterlite inicia obras no Brasil e busca crédito com BNDES

28/09/2018 14h09

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora de energia indiana Sterlite Power já iniciou as obras de seu primeiro projeto no Brasil, em Pernambuco, após arrematar em leilões desde o ano passado a concessão para a instalação de nove projetos no país que demandarão cerca de 7 bilhões de reais, disseram executivos da companhia nesta sexta-feira.

O presidente da Sterlite no Brasil, Rui Chammas, disse que a empresa está em conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e deverá também buscar outros bancos de fomento para financiar seu bilionário plano de investimentos nos próximos anos.

"Todas as obras de infraestrutura de longo prazo contam com apoio do BNDES, um banco com quem a gente está desenvolvendo uma relação muito próxima. Como temos vários projetos no Nordeste e na região Norte, estamos também em discussão com os bancos de fomento dessa região. É uma conversa natural", afirmou o executivo em uma coletiva de imprensa em São Paulo, ao lado do presidente global da Sterlite, Pratik Agarwal.

Os executivos da empresa destacaram ainda que uma das estratégias é buscar sempre antecipar a entrega de seus projetos visando a uma maior rentabilidade, o que já está em curso no Brasil.

"O primeiro projeto, Arcoverde, se encontra em construção em Pernambuco, as torres já estão sendo erguidas, temos uma série de torres sendo montadas... Nossa previsão é que essa obra tenha uma antecipação de pelo menos um ano em relação ao prazo original, dado os avanços que a gente tem conseguido", afirmou Chammas.

O segundo empreendimento da companhia, no Rio Grande do Sul, também conquistado em abril do ano passado, deverá obter "em algumas semanas" a licença ambiental de instalação, que permite o começo das obras, de acordo com o chefe da Sterlite no Brasil.

O pico de atividade nas concessões já arrematadas pela elétrica deverá acontecer entre o final de 2019 e o início de 2020, mas segundo Chammas a Sterlite deverá seguir conquistando mais projetos, o que não deve levar a uma grande redução das atividades em seguida.

Ele afirmou ainda que o grupo está montando uma equipe no Brasil que, quando concluída, deverá ser composta por cerca de 120 pessoas, sem contar milhares de terceirizados envolvidos nas atividades de construção.

"Vamos estar mobilizando, através dos nossos parceiros, milhares de pessoas", disse.

Os empreendimentos da Sterlite no Brasil envolvem obras, além de Pernambuco e Rio Grande do Sul, também na Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe.

Os executivos disseram que o foco da empresa é a busca por novos projetos em leilões, embora aquisições não sejam totalmente descartadas.

META GLOBAL

O presidente global da Sterlite, Pratik Agarwal, disse que a companhia tem um portfólio global de projetos que hoje representa investimentos de 5 bilhões de dólares, entre empreendimentos operacionais e a serem construídos.

O objetivo da companhia é ampliar a carteira e chegar a cerca de 10 bilhões de dólares nos próximos quatro anos.

"Essa diferença, de 5 bilhões de dólares, deve provavelmente vir de projetos na Índia, Brasil e alguns outros poucos países", afirmou ele.

A destinação dos recursos será guiada pelas oportunidades e pelo retorno dos projetos, sem uma preferência específica, mas a companhia acredita que a expansão internacional deverá focar no Brasil nesse período, embora outros mercados estejam no radar, como Chile, Peru, México e Panamá.

"É muito difícil para qualquer outro mercado ser tão grande (em termos de oportunidades) como a Índia e o Brasil. Muitos outros grandes países, como a China, têm o mercado fechado (para investidores estrangeiros)", afirmou ele.

A Reuters publicou em maio que a Sterlite pretende ter uma carteira de 4 bilhões de dólares em projetos no Brasil até 2022.

O executivo destacou que a empresa busca países com "regulação forte" e está de olho também no risco político em suas escolhas.

No Brasil, no entanto, ele destacou não ver riscos políticos relevantes para o setor de transmissão de energia, mesmo em meio a uma disputada eleição presidencial neste ano.

"Estamos muito confortáveis... Há um histórico de mais de 20 anos de concessões de projetos de transmissão... Independente do governo, os novos governos não têm feito mudanças retroativas em contratos", destacou.

(Por Luciano Costa)