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Banco Votorantim dobra aposta em fintechs, pode virar sócio do Neon

Por Aluisio Alves

12/02/2019 18h23

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Votorantim vai intensificar parcerias com empresas de tecnologia financeira em 2019 e pode virar sócio da fintech Neon, como parte do esforço de ampliar receitas com nichos de mercado com alto potencial de crescimento.

"Até o meio do ano devemos ter algo mais efetivo para anunciar sobre os planos futuros dessa relação (com o Neon)", disse o presidente-executivo do Banco Votorantim, Elcio do Santos, em entrevista à agência de notícias Reuters, sobre os planos futuros com o Neon.

Desde que assumiu o comando no fim de 2016, Santos vem liderando a entrada do Banco Votorantim numa série de nichos de mercado considerados com alto potencial de crescimento, quase sempre em parceria com plataformas eletrônicas de serviços financeiros, as fintechs, que se multiplicaram rapidamente no país explorando deficiências do setor bancário tradicional.

Assim, entrou em segmentos como financiar a compra de equipamentos para geração de energia solar em residências e em serviços de saúde, entre outros. No ano passado, fez parceria com a Kroton para expandir financiamento estudantil.

Em maio passado, o Votorantim também fechou parceria operacional com a Neon, após o banco homônimo com o qual a fintech operava ter sofrido liquidação extrajudicial pelo Banco Central. O banco provê recursos para empréstimos originados pelo Neon.

"Nosso plano agora é ter todo um leque de produtos nossos num portal para ampliar as possibilidades de relacionamento com clientes", disse Santos.

Além do Neon, o Votorantim tem parcerias com o Guiabolso (de gestão de finanças pessoais) e Bompracrédito (crédito pessoal). No mês passado, fez parceria com fintech de origem israelense Weel para operar desconto de duplicatas para empresas médias.

Recuperação pós-crise

Especializado no financiamento para compra de carros usados, o Votorantim veio se recuperando gradualmente desde 2014 da profunda crise que atingiu o mercado automotivo brasileiro e que o fez amargar pelo menos três anos de prejuízos. O banco hoje é o nono maior do Brasil em ativos e tem 4 milhões de clientes.

Mais cedo, o banco Votorantim anunciou que teve lucro de R$ 282 milhões no quarto trimestre, o que o levou a uma rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) de 12,5%, o maior nível em vários anos.

O banco é controlado pelo Grupo Votorantim e pelo Banco do Brasil. Mesmo com o salto de 5,2 pontos percentuais em 12 meses, o ROE do Votorantim ainda é menor do que o do Banco do Brasil.

O BB, que divulga seu balanço do quarto trimestre na quinta-feira (14), teve nos três meses imediatamente anteriores ROE de 14,3%, e tem repetido que planeja atingir em dois anos níveis similares aos dos rivais privados, em torno de 20%.

"Ainda não capturamos todos os resultados de investimentos importantes que fizemos", disse o presidente-executivo do Banco Votorantim. "Temos espaço para elevar mais a rentabilidade neste ano para níveis ligeiramente superiores."