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Em recuperação, Heringer propõe pagar 20% de dívidas e vender 7 unidades

11/04/2019 16h58

Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A Fertilizantes Heringer propôs, em seu plano de recuperação judicial, pagar 20 por cento das dívidas junto à maioria de seus credores e levantar no mínimo 375 milhões de reais com a venda de sete unidades misturadoras no país.

Uma das mais tradicionais do setor no Brasil, a empresa teve seu pedido de recuperação judicial protocolado e aceito em fevereiro. No total, cerca de 2 bilhões de reais em créditos a credores foram arrolados no processo.

Apresentado na véspera, o plano de recuperação da companhia, que ainda precisará ser votado em assembleia, oferece pagamento de 20 por cento de 1,7 bilhão de reais em dívidas com os credores quirografários, com carência de dois anos para início dos desembolsos. A classe é a que possui mais valores a receber.

Os mesmos termos foram propostos para os credores quirografários MPE, compostos por micro e pequenas e empresas e com dívidas de 10,5 milhões de reais.

Já credores com garantia real tendem a receber 60 por cento do valor das dívidas (271,4 milhões de reais), também com carência de dois anos, enquanto a classe trabalhista, 100 por cento do crédito (29,1 milhões) e pagamento em parcela única no 5º dia útil do 12º mês após a eventual homologação do plano.

Em paralelo, a Fertilizantes Heringer propôs a alienação de sete unidades produtivas, localizadas em Uberaba (MG), Rosário do Catete (SE), Três Corações (MG), Dourados (MS), Rio Verde (GO), Porto Alegre (RS) e Rio Grande (RS).

Pelos valores mínimos propostos, a empresa pretende levantar 375 milhões de reais com essas vendas.

"O presente plano tem por objetivo reestruturar a Heringer, para que a mesma supere sua momentânea dificuldade econômico-financeira, dando continuidade aos negócios, mantendo-se como importante Empresa do Estado de São Paulo e do Brasil", afirma o documento submetido na véspera à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Reuters revelou ainda em janeiro que a empresa trabalhava em uma reestruturação para lidar com dívidas elevadas.

Após entrar em recuperação judicial, a Fertilizantes Heringer, fundada na década de 1960 em Manhuaçu (MG), hibernou algumas unidades e passou a operar com capacidade de 2,9 milhões de toneladas ao ano, de um total instalado de 6,2 milhões.

Pelos dados apresentados no plano de recuperação, a Fertilizantes Heringer registrou receita líquida em 2018 de 3,68 bilhões de reais, queda de 23 por cento ante 2017, enquanto o lucro bruto recuou quase 60 por cento, a 185,9 milhões de reais.

Entre as razões para o atual momento de dificuldades, a Fertilizantes Heringer citou a "estagnação da economia brasileira", "incertezas políticas", "concorrência das multinacionais", "greve dos caminhoneiros e aumento do custo do frete", "aumento do preço dos insumos e fretes", "perda de margem com vendas antecipadas", entre outros.

(Por José Roberto Gomes)