JBS enfrenta "enorme volatilidade" em meio à pandemia de coronavírus
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS disse nesta sexta-feira que está enfrentando uma "enorme volatilidade" relacionada a custos e preços de produtos devido à crise de saúde global causada pelo coronavírus.
Em teleconferência para discutir os resultados do primeiro trimestre, executivos da JBS disseram que a demanda dos consumidores se afastou do food service, tendência vista em todos os mercados. Porém, embora não haja diferenças significativas nas margens de food service e nas vendas de carne no varejo, está se tornando cada vez mais difícil prever custos, preços e o comportamento do consumidor.
A JBS obtém a maior parte de sua receita nos mercados dos EUA, onde alguns Estados estão começando a reabrir gradualmente suas economias e as perspectivas operacionais da companhia podem melhorar, disseram executivos.
O presidente da divisão JBS USA, André Nogueira, afirmou durante a teleconferência que a empresa está vendo demanda muito forte por carne nos EUA depois que a oferta foi reduzida após fechamentos de fábricas.
Segundo ele, "nesta semana, a indústria no geral está rodando a 75% do que era na mesma semana do ano passado em carne bovina, 84% em porco e 99% em frango. Nós (JBS) estamos um pouco acima disso nas últimas duas semanas".
"Em food service, começa a haver uma recuperação bastante significativa nas últimas duas semanas, conforme alguns Estados (nos EUA) começam a abrir, ainda que com restrições. É surpreendente", acrescentou Nogueira.
Ele, porém, evitou fazer projeções para as margens da unidade norte-americana no segundo trimestre. O presidente-executivo da companhia, Gilberto Tomazoni, afirmou que diante da volatilidade, "fazer previsões deste tipo é querer assumir que você já está com um padrão de consumo no varejo e do consumidor, o que não é razoável agora. Temos que aguardar mais algum tempo para termos previsões com um pouco mais de segurança".
Por outro lado, a divisão brasileira de carne bovina tem enfrentado dificuldades, após a empresa afastar funcionários em março e abril em resposta a possíveis surtos da doença. Executivos da companhia disseram ainda que problemas logísticos em exportações de carne bovina do Brasil foram resolvidos no atual trimestre.
A JBS registrou na quinta-feira prejuízo líquido de 6 bilhões de reais no primeiro trimestre, em grande parte devido a movimentos cambiais. Na sessão desta sexta-feira, as ações da JBS tinham o pior desempenho do Ibovespa, com queda de mais de 6%.
Excluindo efeitos cambiais no último trimestre, a JBS teria registrado lucro líquido de 803 milhões de reais.
Na teleconferência desta sexta-feira, executivos da JBS disseram que à medida que a volatilidade do câmbio diminuir, a empresa poderá melhorar os resultados, incluindo o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
A maioria das vendas da JBS ocorre no exterior e por isso são registradas em moedas estrangeiras. O real caiu 22% em relação ao dólar no período de janeiro a março, sua maior depreciação trimestral em 18 anos.
Executivos da JBS alertaram que a pandemia de Covid-19 pode ter efeitos duradouros, uma vez que a epidemia no Brasil e nos EUA causaram fechamento de fábricas e volatilidade em seus negócios de frango.
Analistas do Credit Suisse disseram que a JBS divulgou "resultados sem brilho", culpando a fraqueza da divisão de carne de frango Pilgrim's Pride e os resultados decepcionantes na unidade de carne bovina da JBS nos EUA, que também inclui Austrália e Canadá.
"Ainda do lado negativo, a JBS Brasil (carne bovina) permanece abaixo do potencial total", afirmou o Credit Suisse.
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