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Início da recuperação econômica no Brasil foi em "V", diz Campos Neto

"A gente começa a ver uma melhora mais rápida em junho", afirma o presidente do Banco Central - Por Marcela Ayres
"A gente começa a ver uma melhora mais rápida em junho", afirma o presidente do Banco Central Imagem: Por Marcela Ayres

Marcela Ayres e Gabriel Ponte

Da Reuters, em Brasília

02/07/2020 16h01

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A recuperação da economia brasileira começou em "V", afirmou nesta quinta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçando a mensagem de política monetária de que o espaço para queda dos juros básicos existe, mas é pequeno.

"Nós temos espaço, mas não muito mais. Está perto de uma taxa que a gente entende que se ela for sendo reduzida continuamente pode gerar efeitos indesejados", afirmou ele, em evento online promovido pelo jornal Correio Braziliense.

Quando cortou a Selic em 0,75 ponto, à mínima atual de 2,25% ao ano, em junho o BC já havia aberto a porta para nova redução "residual" à frente, condicionada à avaliação do cenário. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece em 4 e 5 de agosto.

Sobre a atividade econômica, Campos Neto afirmou nesta quinta-feira que as duas últimas semanas de abril foram as piores para a economia brasileira e que houve recuperação a partir do começo de maio, dando início a uma retomada em "V".

"E aí a parte de dados em tempo real, que é importante olhar, a gente começa a ver uma melhora mais rápida em junho. Então energia, tráfego, arrecadação, volume de TED, tudo isso a gente consegue ver uma melhora já em junho", disse.

"Então parece que nós iniciamos uma recuperação que seria um movimento inicial em 'V', mas que a gente acha que deve suavizar um pouco. Ou seja, a gente consegue ver que a primeira parte da recuperação foi em 'V', seguindo alguns outros lugares do mundo, ao contrário de 2008, que a recuperação foi mais lenta", acrescentou.

Em sua fala inicial, Campos Neto disse que a adoção de medidas mais rígidas de distanciamento social no chamado lockdown não é o que "faz tanta diferença" em relação a um isolamento mais frouxo, pontuando que a diferença no tráfego de pessoas nesses dois cenários compreende um intervalo de 10% a 13%.

Para Campos Neto, o que pesa mais é a decisão voluntária das pessoas de circular ou não, que sofre o impacto do que chamou de "fator medo".

Ele frisou que é muito importante manter o sistema financeiro funcionando, já que a capacidade de alocação de recursos é que fará a economia voltar num formato mais desejado.

Sobre a inflação, Campos Neto avaliou que o avanço de preços na economia está bem comportado neste ano e deve seguir assim no próximo. Já quanto ao desemprego, ele reconheceu que deverá haver uma piora da taxa no Brasil em relação a patamares atuais.

Segundo o presidente do BC, a última rodada de medidas anunciadas pela autarquia para destravar o crédito veio após percepção de que o volume de financiamentos estava caindo. O pacote foi concebido para direcionamento de recursos a pequenas e médias empresas.

Ele também admitiu que o spread no Brasil é alto e tem algumas anomalias, mas disse que o BC está combatendo-o num caminho que já está traçado.

(Com reportagem adicional de Gabriel Ponte)