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Petrobras revisa política e poderá pagar dividendo mesmo sem lucro

Petrobras aprova revisão da política de remuneração aos acionistas  - Diego Herculano/NurPhoto/Getty Images
Petrobras aprova revisão da política de remuneração aos acionistas Imagem: Diego Herculano/NurPhoto/Getty Images

Por Luciano Costa

28/10/2020 08h12Atualizada em 28/10/2020 15h14

A Petrobras informou que seu conselho de administração aprovou uma revisão da política de remuneração aos acionistas com o objetivo de permitir que a administração da estatal proponha pagamento de dividendos mesmo em exercícios em que não for apurado lucro contábil.

As mudanças também envolvem a possibilidade de a Petrobras propor, "em casos excepcionais", até a distribuição de dividendos extraordinários mesmo sem registrar ganho contábil, desde que atendida uma meta de endividamento, disse a companhia em fato relevante divulgado nesta quarta-feira.

Esse movimento da estatal poderia favorecer o governo federal e outros acionistas da empresa já neste ano —analistas do Credit Suisse disserem em nota a clientes que a petroleira deve fechar o exercício de 2020 com prejuízo, mas poderia distribuir dividendos sob a nova regra.

No caso de perdas contábeis, se o endividamento estiver superior a US$ 60 bilhões, a Petrobras poderá propor distribuição de proventos desde que verifique redução de dívida líquida no período de 12 meses anteriores, explicou a companhia no comunicado.

O pagamento deve ser autorizado "caso a administração entenda que será preservada a sustentabilidade financeira da companhia", com proposta de valores "limitada à redução da dívida líquida", detalhou a estatal.

"A Petrobras reportará prejuízo líquido contábil em 2020, mas poderia pagar dividendos até o limite de redução de dívida líquida (mais de US$ 7 bilhões)", escreveram os analisas do Credit Suisse, sem detalhar suas projeções.

Nos últimos doze meses encerrados ao final do segundo trimestre, a Petrobras havia reduzido a dívida líquida em US$ 13 bilhões, calcularam analistas do Goldman Sachs.

Já a distribuição de recursos extraordinários aos acionistas, superando o dividendo mínimo legal obrigatório ou o calculado a partir de uma fórmula, poderá ocorrer mesmo sem lucro quando o endividamento bruto da petroleira estiver inferior a US$ 60 bilhões, acrescentou a empresa.

Os analistas do Credit Suisse disseram que a mudança na política de remuneração ao acionista é "marginalmente positiva" para as ações da Petrobras, uma vez que as recomendações de investimento nos papéis levam em conta os dividendos.

Já a equipe do Goldman Sachs apontou que ainda analisa o impacto das alterações de dividendos sobre o processo de desalavancagem da companhia e acrescentou que vai buscar esclarecimentos adicionais junto à companhia.

(Por Luciano Costa; com reportagem adicional de Paula Arend Laier)