Exportação de café do Brasil bate recorde em 2020; efeito da seca ainda será avaliado
Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - Os embarques brasileiros de café bateram recorde de 44,5 milhões de sacas de 60 kg em 2020, considerando a soma dos produtos verde, solúvel e torrado & moído, informou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) nesta segunda-feira, com o desempenho impulsionado pela demanda aquecida apesar da pandemia e um dólar favorável às vendas.
O presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, ressaltou que a tendência indica continuidade em um ritmo firme de exportações, porém virão efeitos do ciclo de baixa da cultura e da longa estiagem ocorrida no ano passado que ainda serão avaliados.
"Ainda temos café suficiente para atender os mercados... o Brasil vai continuar embarcando o máximo que é possível... (mas) é importante esperarmos fevereiro e março para termos um número mais seguro (sobre os estoques e safra)", afirmou a jornalistas, durante evento transmitido pela internet.
Em relação a 2019, o resultado dos embarques de 2020 representa alta de 9,4%. Do volume total embarcado, 40,4 milhões de sacas foram de café verde, aumento de 10,2% comparado ao ano anterior.
Os cafés verdes são compostos pelos grãos tipo arábica, cujas exportações totalizaram 35,5 milhões de sacas no ano passado, alta de 8,4% ante 2019 e recorde histórico para essa variedade, e robusta.
Os embarques da variedade robusta (conilon) atingiram 4,9 milhões de sacas, crescimento de 24,3% e também maior volume embarcado na história, disse o Cecafé.
As exportações de café solúvel foram de 4,1 milhões de sacas, alta de 2,4% e volume recorde do produto industrializado, conforme dados do conselho.
"Devido à pandemia da Covid-19, estamos passando por um período desafiador e, ao mesmo tempo, tivemos uma das maiores safras e concluímos com uma exportação de 44,5 milhões de sacas, batendo um recorde histórico", afirmou o presidente da entidade.
Segundo o Cecafé, houve uma mudança na dinâmica de consumo da bebida imposta pelo surto do novo coronavírus no mundo, que fez com que a população parasse de frequentar as cafeterias, "mas as pessoas não pararam de tomar café", disse, considerando que, além do consumo no lar, também avançaram novas modalidades de venda, como online.
Quanto à segunda onda da pandemia, que desencadeou novos lockdowns em diversos países, Carvalhaes disse que o comportamento dos consumidores será avaliado.
"O consumo doméstico (no lar) deverá continuar firme e forte, mas o fora do lar continuará prejudicado com esses lockdowns, principalmente na Europa", alertou o presidente.
Entre os compradores, os Estados Unidos permaneceram como principal destino do café brasileiro, com 8,1 milhões de sacas exportadas para o país (equivalente a 18,3% das exportações totais no ano passado).
O segundo maior destino foi a Alemanha, com 7,6 milhões (17,1%) e, em terceiro, a Bélgica, com 3,7 milhões (8,4%).
"Nos dois continentes mais afetados pela Covid-19, Europa e América do Norte, o Brasil apresentou crescimento nas exportações...de 8,8% e de 3,8%, respectivamente", pontuou.
RETORNO FINANCEIRO
A receita cambial com as exportações de café no ano passado alcançou 5,6 bilhões de dólares, alta de 10,3% em relação a 2019 e equivalente a 29 bilhões de reais, representando aumento de 44,1% na conversão em moeda local, disse o Cecafé com destaque para a importância do câmbio no incremento dos resultados.
Com isso, o conselho afirmou que o setor teve participação de 5,6% nas exportações do agronegócio e de 2,7% nos embarques totais do país. Já o preço médio da saca no ano foi de 126,52 dólares.
"O Brasil é o país que mais repassa preço ao produtor, todos os ganhos que se tem nas exportações a maior parte fica com o produtor. Mostrar recordes significa receita a mais para o produtor", disse a entidade.
DEZEMBRO RECORDE
Ainda de acordo com o Cecafé, em dezembro o Brasil exportou 4,3 milhões de sacas de café para o mundo, dado que representa também um recorde histórico em volume exportado para o mês, além do aumento de 38,6% no comparativo anual.
A receita cambial gerada no período foi de 541 milhões de dólares, crescimento de 37,1% e equivalente a 2,8 bilhões de reais, representando alta de 71,7% na conversão em reais.
As exportações de cafés verdes somaram 3,9 milhões de sacas (+41,8% ante dezembro de 2019) sendo 3,5 milhões de sacas de café arábica (+46,3%) e 381 mil de robusta (+10,1%). Os cafés industrializados corresponderam a 353,1 mil sacas embarcadas (+11,3%), sendo 352 mil sacas de café solúvel (+11,5%).
(Por Nayara Figueiredo)
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