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EDP Brasil avança com venda de hídricas, prevê mais negócios em transmissão e solar

Segundo o executivo, durante o mês de abril a companhia deve escolher "um ou dois" interessados para entrarem na fase de negociação com exclusividade para as três usinas que estão à venda, ou "pelo menos duas" - Joel Silva/Folhapress
Segundo o executivo, durante o mês de abril a companhia deve escolher "um ou dois" interessados para entrarem na fase de negociação com exclusividade para as três usinas que estão à venda, ou "pelo menos duas" Imagem: Joel Silva/Folhapress

Letícia Fucuchima)

19/04/2022 15h10

SÃO PAULO (Reuters) - A EDP Brasil avançou com o processo de venda de três de suas usinas hidrelétricas e recebeu "várias boas propostas" pelos ativos na sexta-feira passada, disse o CEO do grupo, João Marques da Cruz, nesta terça-feira.

Segundo o executivo, durante o mês de abril a companhia de controle português deve escolher "um ou dois" interessados para entrarem na fase de negociação com exclusividade para as três usinas que estão à venda, ou "pelo menos duas".

"Está mesmo andando (a venda)", disse ele em reunião anual com analistas e investidores.

O desinvestimento de três usinas hidrelétricas no Brasil foi anunciado pela EDP no ano passado e faz parte de uma estratégia de reciclagem de capital.

O grupo quer diminuir a exposição a riscos associado ao clima e hidrologia em seu portfólio e, ao mesmo tempo, levantar recursos para investir em frente consideradas mais estratégicas para o futuro, como energia solar e transmissão.

A EDP Brasil chegou a negociar a venda das hidrelétricas Santo Antônio do Jari, Cachoeira Caldeirão e Mascarenhas com um player não revelado de forma exclusiva, no início deste ano, mas as conversas não avançaram porque as condições não se mostraram atrativas, disse o CEO, em fevereiro.

A grande aposta da elétrica para o segmento de geração de energia é a fonte solar. Em plano de negócios anunciado no ano passado, a companhia prevê alcançar 1 gigawatt (GW) em capacidade instalada solar no Brasil até 2025.

Parte desse crescimento virá do segmento de geração distribuída, construindo pequenas usinas solares e vendendo cotas para atender ao consumo de pequenas e médias empresas (PMEs), explicou Carlos Andrade, diretor de Clientes da EDP Brasil.

De acordo com o executivo, as PMEs são potenciais clientes da EDP não só no mercado solar, como também na comercialização de energia elétrica quando o mercado livre for aberto a todas as classes de consumidores.

"Estamos espalhando pequenas usinas pelo país, é uma coisa desafiadora para uma empresa grande como a nossa... Serão nossos clientes quando o mercado liberalizar", disse Andrade.

Ainda em energia solar, a EDP Brasil pretende crescer com grandes empreendimentos em parceria com a EDP Renováveis, também uma subsidiária do grupo português com atuação no Brasil. Neste ano, a expectativa é anunciar mais dois empreendimentos solares, um no Sudeste e outro no Nordeste, disse o CEO.

Até 2030, a elétrica também pretende desinvestir da usina a carvão em Pecém.

Como o contrato da usina se encerra antes desse prazo, em 2027, o grupo estuda formas de estender a contratação da usina e tornar o ativo mais atrativo a um potencial comprador. Uma possibilidade seria habilitar a térmica para participar do leilão de disponibilidade que será realizado no fim deste ano, afirmou Cruz.

REDES DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO

Ainda durante o evento desta quarta-feira, o CEO afirmou que a companhia pretende crescer no segmento de transmissão de energia e irá participar do leilão do governo que será realizado em meados deste ano.

"Vamos ao leilão (de transmissão), mas com disciplina financeira", destacou Cruz, referindo-se à forte competitividade das últimas disputas.

O executivo também destacou a intenção da companhia de reforçar seus investimentos nas duas concessionárias de distribuição da EDP, em São Paulo e Espírito Santo, e disse que o grupo vai avaliar todas as distribuidoras que eventualmente sejam colocadas à venda.

(Por Letícia Fucuchima)