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Ibovespa recua pressionado por Vale e bancos, apesar de alta em NY

19/04/2022 12h00

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira caía nesta terça-feira, ainda que tenha mostrado alguma melhora após ações em Wall Street acelerarem alta.

A Vale ajudava a derrubar o índice, após queda nos contratos de preços de minério de ferro na Ásia e antes de divulgar dados operacionais à noite. Bancos também cediam, enquanto Petrobras e brMalls avançavam do outro lado.

Às 11:44, o Ibovespa caía 0,48%, a 115.128,55 pontos, caminhando para a terceira baixa consecutiva. O volume financeiro era de 7,2 bilhões de reais.

Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, diz que o Ibovespa opera em sentido contrário às bolsas em Nova York por causa de sua composição, já que as ações de commodities têm relevância maior no índice local. Ela também cita "grande preocupação dos impactos do prolongamento da guerra na Ucrânia" e expectativa pelos próximos passos da política monetária nos Estados Unidos.

Os principais índices em Wall Street avançavam, após queda dos futuros de ações mais cedo, ainda que os rendimentos dos títulos do governo norte-americano mantenham trajetória de alta. Na véspera, o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, voltou a defender o aumento da taxa de juros do país para 3,5% até o fim do ano, patamar maior do que o precificado no mercado de entre 2,5% a 2,75%.

Na guerra da Ucrânia, uma ofensiva russa no leste do país adicionava cautela ao sentimento global. As principais praças acionárias tinham queda na Europa, onde bolsas estiveram fechadas na segunda-feira devido à feriado.

No Brasil, a questão fiscal segue em foco. Após servidores públicos demonstrarem insatisfação com um reajuste linear de 5% para todo o funcionalismo, o governo federal avalia ceder mais por meio de aumento em vale-alimentação e de diárias para viagens, entre outras pautas a depender da categoria, segundo publicou o jornal Folha de S.Paulo.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, cumprem agenda nos EUA.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN e ON avançavam 2,9% e 2,5%, respectivamente, mesmo diante de queda de mais de 4% do petróleo. O mercado aguarda em breve um block trade (leilão para venda de ações em bloco) de papéis da companhia pelo BNDES que deve ultrapassar 5 bilhões de reais, segundo a Exame, acrescentando que o anúncio era inicialmente esperado para a noite da véspera.

- VALE ON perdia 2,3%, depois que contratos futuros do minério de ferro cederam em Dalian e Cingapura em reação à declaração de um porta-voz do governo chinês de que o país continuará reduzindo a produção de aço neste ano. A mineradora divulga relatório de produção e vendas do primeiro trimestre após o fechamento do mercado.

- BRMALLS ON disparava 5,9%, após o conselho de administração da operadora de shopping centers autorizar negociação de termos da nova proposta de combinação de negócios apresentada pela rival Aliansce Sonae, que não está no Ibovespa, e cujas ações subiam 0,3%.

- ITAÚ UNIBANCO PN caía 1,2% e puxava queda dos grandes bancos de varejo. O Itaú anunciou na segunda-feira acordo para compra de fatia de 12,82% da plataforma de produtos do agronegócio Orbia, sem revelar o valor do negócio.

- CARREFOUR BRASIL ON perdia 4,4%, depois de analistas do JPMorgan rebaixarem a recomendação da ação para "neutra", de "overweight".

- WEG ON tinha baixa de 2,2% e caminhava para o terceiro recuo consecutivo.

- MRV ON diminuía 1,8%, após a construtora registrar modesta alta do volume financeiro de vendas e de lançamentos no primeiro trimestre, segundo prévia operacional.

- EMBRAER ON mostrava acréscimo de 3,3% depois de divulgar entregas de 14 jatos no primeiro trimestre e que sua carteira de pedidos firmes totalizava 17,3 bilhões de dólares em 31 de março.

- GOL PN tinha avanço de 1,7% depois de anúncio de parceria com o Mercado Livre para utilização de aeronaves 737-800 pela empresa de comércio eletrônico. A rival Azul mostrava alta de 2,3%.