Powell diz que 0,5 p.p. de altas adicionais é um "bom palpite" sobre política monetária
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Novos aumentos de juros pelo Federal Reserve são "um bom palpite" sobre para onde o banco central dos Estados Unidos está indo se a economia continuar em sua direção atual, disse o chair do Fed, Jerome Powell, em depoimento nesta quarta-feira a parlamentares no Capitólio.
Em resposta a uma pergunta ao final de três horas de audiência perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, Powell disse que não caracterizaria a decisão do Fed na semana passada de não aumentar a taxa básica de juros como uma "pausa", e destacou o fato de que a maioria das autoridades vê mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual como prováveis até o final do ano.
"Não usamos a palavra... e eu não a usaria aqui hoje", disse Powell. O cenário de mais dois aumentos de juros até o final do ano, incluindo o Resumo das Projeções Econômicas divulgado pelo Fed na semana passada, "é um bom palpite do que acontecerá se a economia tiver o desempenho esperado", disse Powell.
No momento, isso é caracterizado por um crescimento modesto, mas um mercado de trabalho ainda forte e apenas um progresso lento da inflação.
As declarações foram as mais explícitas de Powell sobre as perspectivas da política monetária durante uma audiência dominada por perguntas de parlamentares republicanos preocupados com o fato de que uma série de falências de bancos mais cedo neste ano levaria o Fed a pressionar demais o setor financeiro com regras rígidas de capital e outras.
"Há uma série de propostas em andamento. Elas não foram finalizadas", disse Powell aos membros do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, que questionaram por que o Fed poderia pensar em forçar os bancos a levantar mais capital ao mesmo tempo que diz que o sistema financeiro está estável, e que a falência de instituições como o Silicon Valley Bank foi em grande parte resultado de má administração.
Qualquer mudança nas regras de capital ou outros regulamentos "precisaria ser justificada", disse Powell.
Powell disse que qualquer mudança "levará tempo" e não deve impactar a indústria no curto prazo. As propostas "ainda estão, até certo ponto, em andamento... Levará um bom tempo para decidir o que fazer" e anos depois disso para implementá-las, disse ele.
Os indicados para três cargos na diretoria do Fed enfrentaram questionamentos semelhantes em uma audiência separada no Senado.
Sobre a política monetária, Powell manteve o foco na luta do banco central para reduzir a inflação e disse que o processo "tem um longo caminho a percorrer".
"A inflação moderou um pouco desde meados do ano passado", disse Powell em comentários ao painel da Câmara. "No entanto, as pressões inflacionárias continuam altas, e o processo de reduzir a inflação para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer."
Embora as autoridades do Fed tenham decidido pela manutenção dos juros em sua reunião na semana passada, Powell chamou isso de um exercício de prudência, garantindo mais tempo para reunir mais informações antes de decidir sobre novos aumentos de juros que as autoridades do Fed consideram necessários até o final do ano.
Powell e os indicados para três assentos na diretoria do Fed falaram durante várias horas nesta quarta-feira, expondo um conjunto de pontos de vista que podem moldar amplamente as condições econômicas enfrentadas pelo país durante o que pode ser uma revanche no ano que vem entre o atual presidente democrata Joe Biden e o ex-presidente republicano Donald Trump.
Apesar do consenso sobre reduzir a inflação, o Fed está em um ponto em que as opiniões sobre a necessidade e o momento de aumentos adicionais na taxa de juros podem começar a divergir.
Como aconteceu com ex-presidentes, a forma como esse debate é resolvido pode fazer a diferença entre uma economia benigna em ano eleitoral e uma corrosiva.
Para Biden, o sucesso ou o fracasso da política monetária do Fed pode significar um "pouso suave" de crescimento econômico contínuo, inflação mais baixa e desemprego apenas modestamente mais alto, ou pode forçá-lo a fazer campanha diante de um cenário de aumento do desemprego, preços mais altos e taxa de juros punitiva para quem quer comprar uma casa ou um carro ou financiar um negócio.
Na reunião da semana passada, o Fed manteve sua taxa básica de juros entre 5% e 5,25%, mas as autoridades projetaram que será preciso mais 0,5 ponto percentual de altas até o final do ano porque a inflação está caindo muito lentamente e segue em mais do que o dobro da meta de 2%.
(Reportagem adicional de Jason Lange)
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