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Ibovespa fecha em queda de 8,80% e tem volume recorde, de R$ 20 bi

18/05/2017 17h31

Em meio às incertezas em relação à continuidade do governo de Michel Temer e à aprovação das reformas estruturais, o mercado de ações teve um dia de pânico. O Ibovespa encerrou o pregão com queda de 8,80% aos 61.597 pontos, com movimento recorde histórico, de R$ 20,4 bilhões. A previsão dos estrategistas é de que os próximos dias devem ser de bastante volatilidade no mercado financeiro.


Logo pela manhã, quando o Ibovespa atingiu 10,47% de baixa, aos 20 minutos de pregão, o sistema de limitação de perdas da bolsa - conhecido como "circuit breaker" - foi acionado, e as negociações ficaram suspensas por 30 minutos. A última vez em que o mecanismo disparou foi em outubro de 2008, em meio às turbulências globais que começaram com o colapso das hipotecas nos Estados Unidos.


De acordo com operadores, até que haja uma definição precisa sobre o cenário político e sobre as reformas estruturais, a bolsa de valores deve continuar registrando bastante instabilidade. O relator da reforma trabalhista em duas das três comissões do Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) suspendeu a tramitação do projeto no Senado Federal. "Nestes momentos, o mercado fica irracional. Os próximos dias podem ser de bastante volatilidade", diz Ari Santos, gerente de mesa Bovespa, da H.Commor DTVM.


Segundo profissionais deste mercado, os grandes fundos de investimento encerraram suas posições para atender os critérios de VAR (Value at Risk), que é um método para avaliar o risco em operações financeiras. Sem liquidez na bolsa para todos os fundos, os gestores menores não estariam mudando as carteiras neste momento à espera de novas definições no cenário político.


A interrupção da aprovação das reformas estruturais não era considerada pela maior parte das casas financeiras, o que faz com que novos cenários sejam traçados. A expectativa do estrategista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, é de que o Ibovespa possa recuar até os 50 mil pontos. Apesar do cenário de instabilidade, o estrategista-chefe da Eleven Research, Adeodato Volpi Netto, diz que o investidor que puder aguardar a estabilidade do quadro político terá oportunidades sem precedentes no mercado financeiro.


As ações com as maiores quedas foram as das companhias estatais. Os papéis ordinários da Eletrobras recuaram 20,97%, a maior baixa do dia, as ações PNB da empresa tiveram queda de 16,96%, os papéis do Banco do Brasil caíram 19,91%. As ações preferenciais da Petrobras tiveram baixa de 15,76% e os papéis ordinários recuaram 11,37%.


Por serem mais líquidas, as ações do sistema financeiro também tiveram forte queda no pregão. Os papéis ordinários do Bradesco recuaram 13%, os papéis preferenciais do banco tiveram queda de 13,11%. As ações do Itaú Unibanco recuaram 9,63% e as ações do Santander tiveram baixa de 11,15%.


Na ponta oposta, as ações das companhias exportadoras, cuja receita é atrelada ao dólar, subiram. A cotação da moeda estrangeira teve alta de 8,06% para R$ 3,383. Os papéis da Fibria tiveram alta de 11,48%, as ações da Suzano Papel e Celulose subiram 9,86% e as ações da Embraer ganharam 2,67%. Além do câmbio, a trajetória de alta dos preços da celulose ajuda a sustentar o desempenho positivo das companhias de celulose.


As ações da JBS caíram 9,68% e fecharam em R$ 8,58. Ontem, o jornal O Globo divulgou que o presidente da JBS, Joesley Batista, teria gravado uma conversa com o presidente Temer em que o presidente daria aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o operador Lúcio Funaro.


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizou a abertura de inquérito contra o presidente Temer. Em discurso no final da tarde, o presidente disse que não irá renunciar e que vai se defender no processo aberto no STF. O presidente afirmou que exige investigação plena e rápida para os devidos esclarecimentos ao povo brasileiro porque a situação de dúvida não pode persistir. "Se foram rápidas as gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução", disse.